Às vésperas de lançar novo livro, sociólogo aposta numa
articulação entre internet e praças reocupadas, pode reinventar
democracia e sociedades
Manuel Castells parece mais disposto do que nunca a derivar, de
suas teorias, saídas políticas. Nas próximas semanas, lançará a primeira
edição, em castelhano, de “Redes de Indignação e Esperança”, seu novo
livro. O autor de obras como ( ), que ajudaram a decifrar tendências de
longo prazo da sociedade e da democracia contemporâneas, está convencido
de que é preciso intervir rápido, andes que elas se percam.
Observador atento e colaborador ativo dos “indignados” espanhóis,
este sociólogo de projeção internacional costuma frisar que a mudança
de mentalidades, desejada pelo movimento, requer tempo. Mas será
possível esperar?
Castells também tem observado que a velha democracia fechou-se
sobre si mesma, devido a dois fatores principais. Uma pequena
oligarquia, ligada às finanças, enriquece graças ao Estado. São os
aplicadores em títulos públicos, cujos rendimentos biliónários já não
estão diretamente ligados à produção: dependem de governantes dispostos a
manter juros elevados; a livrar os bancos de controle; a reprimir
despesas estatais voltadas a outras classes sociais – como a manutenção
dos serviços públicos, aposentadorias e programas redistributivos.
E esta oligarquia, que tem fartos recursos para patrocinar
campanhas eleitorais, abastecer a mídia tradicional e produzir intensa
ação de “lobby”, associa-se, na maior parte dos países, a uma classe de
“políticos profissionais” que tende ao autismo. Preocupados em conservar
seu poder, rechaçam as múltiplas chances de democracia que as novas
tecnologias viabilizam. Recorrem com frequência à violência policial.
Ameaçam permanentemente a própria liberdade na internet.
É na rede, como se sabe, que Castells vê, há muito, a esperança.
Aqui, os cidadãos estão multiplicando as formas de produzir
colaborativamente, trocar sem tornar-se dependentes de dinheiro,
estabelecer redes de informação recíproca. Esta imensa rede de novas
relações democráticas e participativas só não se estendeu às
instituições porque tal transposição não interessa nem à oligarquia
financeira, nem aos políticos profissionais.
Castells não se arrisca a prever o desfecho deste confronto
latente. Sabe que há riscos: se o sistema se mantiver hermético, os
movimentos “radicalizarão inevitavelmente” – e isso talvez incluia
violência, o que pode fazer o jogo das classes dominantes.
Contra este e outros riscos, Castells aposta no próprio movimento
– e numa nova virada possível. Graças à indignação, diz ele, as
sociedades começaram a superar o medo que as mantinha inertes. Agora,
para que não gere apenas raiva, esta indignação precisa converter-se em
esperanças e em alternativas. É este desafio que o professor catalão –
expulso da Espanha pelo franquismo e da França por ser considerado
articulador dos movimentos de 1968 – parece estar disposto a encarar. A
seguir, a edição da entrevista que ele concedeu, em 17 de julho, à rede
de TV internacional da Rússia RT. (A.M.)
Você
costuma dizer que o poder não está na Casa Branca, nem nos mercados
financeiros, mas em nosso próprio cérebro. Por que este é um segredo das
elites?
Manuel Castells: Bem, é porque se eles nos contarem
isso, perdem o poder. O poder real não é o poder da polícia ou do
exército: estes só são utilizados em último caso, quando as coisas estão
muito mal para o interesse dos poderosos. O mais importante, se você
quiser ter poder sobre mim, é conseguir que eu pense de uma forma que
favoreça o que você quer, ou que se resigne. Aí está o poder! Portanto, o
essencial é o poder que está na mente, e a mente se organiza em função
de redes de comunicação, redes neurológicas no nosso cérebro, que estão
em contato com as redes de comunicação em nosso entorno. Quem controla a
comunicação controla o cérebro e dessa forma controla o poder.
Movimentos como o Occupy tentam se apoderar das praças e das
ruas para dizer que isso não funciona, querem que o poder venha das
pessoas. Esse é uma demanda que, para muitos, não terá nenhum resultado
na política ou na economia. O que você acha sobre isso?
Manuel Castells: Depende do que você entende como
resultado. Se você quer dizer que disso sai um partido político, que
ganhe as eleições nos próximos dois anos, não é possível ter certeza.
Todos esses movimentos colhem frutos a longo prazo. O slogan mais
difundido dos indignados e das indignadas, é “vamos devagar, porque
vamos longe”. Vamos longe para onde? Se se produz uma mudança na mente
dos cidadãos, depois de algum tempo ela se converterá em mudança social.
Os dados mostram que, na Espanha, aproximadamente 70% dos cidadãos
concordam com as críticas dos indignados. A maioria dos cidadãos também
pensa que não poderá mudar as coisas a curto prazo. As duas coisas são
compatíveis? as pessoas pensam que o movimento tem razão, mas não tem os
instrumentos.
Se é uma grande maioria, por que não houve transformações?
Manuel Castells: Não, por que não têm em quem votar.
O próprio movimento não quis criar um partido, para não reproduzir a
velha política. Existe um abismo tão grande, entre o que seus
integrantes pensam e o sistema político real, que não há uma expressão
política capaz de representa-los. Por exemplo, se o Partido Socialista
tivesse sido capaz de pensar que um movimento assim poderia
revitalizá-lo, haveria um caminho. Mas os socialistas envolveram-se
totalmente com a especulação financeira. Eles geriram o Banco de España e
foram totalmente incapazes de supervisionar o sistema financeiro,
porque isso não lhes interessava. Há uma grande lista de motivos pelos
quais os indignados desaprovam os socialistas e os socialistas nunca
fizeram nada para mudar.
As elites políticas de todos os países optaram por este rumo. Pensam
que não há problema, seguem com seus negócios, a única coisa que conta
são os votos a cada quatro anos, com uma lei eleitoral que os grandes
partidos fizeram para que só eles mesmos pudessem ganhar. Nos Estados
Unidos, se não você não é democrata ou republicano, não tem nenhuma
chance. Além disso, se você não tem muito dinheiro, não pode ganhar,
simplesmente. Não se consegue voto, se não se compra a campanha com
dinheiro. As críticas, em todo o mundo, sugerem que este tipo de
democracia não é suficiente. Em consequência, sob essas regras do jogo,
gastar toda a energia para fazer a política formal, é uma operação sem
sentido. Reproduz os velhos esquemas dos grupos de esquerda trotskistas,
marxista-leninistas, de todos os tipos, que sempre estiveram nas
instituições, mas nunca chegaram a nada. Ou que tentaram a revolução
armada – o que ninguém quer, porque é um movimento claramente
não-violento. Então, têm que fazer outra coisa, e vão por esse longo
caminho da transformação das consciências, para que em algum momento os
cidadãos possam tomar outras decisões, e daí podem surgir novas forças
políticas.
"Não acredito nas
revoluções violentas, mas acredito em situações de tensão, que vão se
multiplicar, e em uma situação de catástrofe econômica e de
não-representatividade política, com as pessoas conscientes e críticas e
um sistema cada vez mais pressionado, que começa a se defender."
Com outra mudança no jogo? Não é preciso mudar as regras?
Manuel Castells: Um dos grupos do movimento espanhol
– porque não é o movimento, mas uma galáxia — pediu que eu fizesse uma
proposta de reforma da lei eleitoral. Eu fiz, com um amigo especialista
nesse tema. É uma proposta de voto proporcional, de limitar o poder dos
grandes partidos, fazer com que, no parlamento, as pessoas que não votam
estejam presentes – inclusive visualmente, não como representantes, mas
com vazios. Se 30% dos cidadãos não votam, esses 30% devem estar
marcados, e as maiorias de devem se constituir sobre o conjunto de
cidadãos, não apenas sobre os que votaram.
Há uma série de coisas que se poderia obter, mas há, nas instituições
políticas e nos partidos, uma enorme resistência em ser realmente
democráticos. Entre outras coisas, porque é um modo de vida, são
profissionais da política. Em todos os países, a profissão que está
abaixo, na lista de reputações, é a política. Na Itália, incluíram numa
sondagem também prostitutas e mafiosos, e eles ficaram em uma posição
melhor que os políticos. As pessoas alegavam: “pelo menos, estes dizem o
que fazem”.
Existe uma crise de confiança em todo o mundo em relação à classe
política. Se isso continuar, em algum momento irão se romper as relações
na sociedade, e isso seria muito grave. Na Espanha, há uma situação
relativamente calma e pacífica. É sorte que, com 22% de desemprego e 48%
entre os jovens, não haja muitos problemas nas ruas. Este movimento
canaliza os debates e protestos, oferece uma esperança, principalmente
aos jovens, de que podem começar a se organizar e vamos ver o que
acontece. Mas se a situação continuar assim, esse movimento
necessariamente vai se radicalizar.
Por que as instituições se separaram tanto das pessoas? Por que o abismo foi se expandindo?
Manuel Castells: Primeiro, porque as elites
financeiras detêm o poder econômico e montaram um sistema no qual, em
vez de emprestar para produzir, o que fazem é vender dinheiro para criar
dinheiro artificial e montar uma pirâmide em que tudo é fictício, em
nível global. Aumentaram artificialmente os preços dos imóveis, das
ações, e concederam empréstimos às pessoas, inclusive sem que estas
quisessem. Tinham medo e não entendiam, porque o negócio era vender
dinheiro, e empréstimos, em qualquer condição. De forma totalmente
irresponsável, do ponto de vista da economia, mas muito interessante
para eles, porque todos os grandes executivos que agora estão deixando
os bancos saem com indenizações milionárias. Para eles, tudo funcionou
muito bem.
"É quando a internet, como espaço livre
de comunicação,
combinou-se
com a ocupação dos espaços públicos,
transformados em
ágoras,
o jogo começou a mudar."
Quando a justiça vai ganhar, nestas regras do jogo que você propõe reconstruir?
Manuel Castells: Quando os cidadãos tiverem
capacidade de fazê-lo. Sim, as pessoas podem votar. Mas primeiro, podem
fazê-lo apenas a cada quatro anos. Segundo, sob regras muito desiguais.
Por isso, é muito complicado mudar através do voto.
A maior parte dos políticos é gente mais ou menos honesta: não é
verdade que sejam todos corruptos. Mas qual o objetivo central de um
político? Conservar o posto. Esse é o aspecto mais importante, porque,
para a maioria, é profissão. Se não fizerem isso, terão que trabalhar
como todo mundo. Se mantiverem poder, terão melhores cargos, até porque a
maioria não tem nível profissional muito alto.
Então, a classe política se reproduz. Para entrar em um partido, você
tem que começar aderindo a um dos grupos internos. É todo um mundo
fechado em si mesmo, e esse mundo não tem ar. A novidade é que, com a
internet, abriram-se janelas. Porque os políticos e banqueiros, juntos,
controlam os meios de comunicação. Não controlam os jornalistas, que por
sorte são a linha de resistência, mas orientam os proprietários dos
meios de comunicação e, portanto, suas linhas editorias. Por
consequência, temos o controle dos meios, das finanças (e, portanto, da
economia), o controle do estado através de uma classe política que se
reproduz.
Fora disso, só estava a internet. E foi justamente desde a internet
que se construíram redes de debates, redes de organização, redes de
ação. Mas para agir sobre a sociedade, as pessoas têm que sair, têm que
ir às ruas. É quando a internet, como espaço livre de comunicação,
combinou-se com a ocupação dos espaços públicos, transformados em
ágoras, o jogo começou a mudar. Mas o movimento ainda não se traduziu em
grandes mudanças na política, porque o sistema está fechado.
Quão distante está o cidadão da realidade retratada nos meios de comunicação?
Manuel Castells: Depende do aspecto. Na Espanha, os
meios de comunicação repetiram milhares de vezes, durante dois anos, as
afirmações do presidente Banco Central, disseram que os bancos nacionais
eram os mais seguros do mundo. Nenhum meio contestou isso. Ou são
tontos, não têm capacidade de análise, ou a cada vez que alguém sério
tentava dizer algo, tinha um problema com a linha editorial.
O resultado é que os bancos espanhóis já devem 250 bilhões de euros
ao Banco Central Europeu, e agora dizem que vão pegar mais dezenas de
bilhões. A dívida, portanto, é impagável, os bancos espanhóis estão
quebrados. Significaria dizer aos cidadãos que seu dinheiro está em
perigo, e não se sabe o que fazer. Há o risco de que o euro no mínimo se
desvalorize, ou até mesmo acabe. O governo não pode aconselhar os
cidadãos a se desfazerem da moeda, mas deve tornar disponível a
informação sobre o que está acontecendo, e os meios de comunicação
também devem fazer isso.
A internet abriu a janela, os meios de comunicação
tradicionais ainda têm muitos leitores da rede. Os cidadãos podem se
comunicar, mas não são figuras de referência, comparáveis às que
aparecem na mídia. Como podemos aprender nos auto-informar?
Manuel Castells: Você tem razão. Mas começam a
surgir saídas. Primeiro, as pessoas montam seu próprio jornal ou meio de
comunicação online. Não lemos El País ou El Mundo ou La Vangaurdia
inteiramente. Lemos um artigo aqui e outro lá, comparamos com outras
fontes da imprensa estrangeira, ouvimos o que nossos amigos nos dizem.
Fazemos um mosaico de informações, não somos prisioneiros de um meio.
"Outra lógica se abre quando as pessoas
entram em um espírito mais
crítico,
desconfiam dos meios. Aí começa outra atitude,
que é a
wiki-informação: eu informo meus amigos,
meus amigos me informam, vamos
discutindo,
e assim se organiza um grande debate na internet,
do qual
saem coisas."
Mas você disse costuma dizer que o leitor, o cidadão, procura reforçar o que pensa, e não se informar por outras vias.
Manuel Castells: Você está certo. O que sabemos é
que as pessoas buscam principalmente o reforço para suas opiniões, mas
isso porque têm pouquíssima possibilidade de ser cidadãs, de ser ativas,
reduzem-se a consumidoras passivas. Não estão acostumadas a abrir suas
próprias janelas. Se sua opção é entre os meios de comunicação que já
existem, a atitude provável é: ”vou ver ou ler aquilo de que gosto
mais”.
Outra lógica se abre quando as pessoas entram em um espírito mais
crítico, desconfiam dos meios. Aí começa outra atitude, que é a
wiki-informação: eu informo meus amigos, meus amigos me informam, vamos
discutindo, e assim se organiza um grande debate na internet, do qual
saem coisas. Em função desse espírito crítico em rede, examina-se o que
os diferentes meios estão dizendo. E esse espírito crítico reconstrói
todos os mecanismos de informação, que passam a seguir um novo fluxo —
de muitos para muitos – ao invés de todos receberem uma mensagem com
muito poucos emissores.
Você diz que vivemos na sociedade da informação, mas estamos
desinformados, com uma educação muito pobre e, além disso, temos medo —
uma ferramenta fundamental em todo esse mecanismo. Como funciona o medo,
para que as regras do jogo não mudem e para que as mesmas pessoas sigam
comandando as estruturas de poder?
Manuel Castells: Em primeiro lugar, a educação é
pobre mas, comparando historicamente, estamos melhor formados que antes.
Se há uma variável que se repete, em todos os novos movimentos do
mundo, é o fato de serem constituídos por gente bem formada. Isso não
quer dizer que ganham mais dinheiro. O ativista típico é o profissional
recém-graduado, ou de uns 30 anos, com um trabalho muito precário ou
desempregado. Essas pessoas podem passar a ter uma atitude mais crítica,
apostando em uma mudança de mentalidade.
Por exemplo, os direitos da mulher. Há quarenta anos, nenhum partido
majoritário falava sobre eles como tema principal. Hoje, se não falam
disso, têm um problema. Há trinta anos a ideia de desenvolvimento
sustentável, de que é preciso defender um modelo ecológico, de que é
preciso integrar a natureza à cultura e ao consumo, tudo isso era coisa
de radicais, nenhum partido sério colocava isso no programa. Hoje,
precisaram se pintar de verde, pelo menos um pouco, porque se não o
fazem, são rechaçados.
Muitas ideias não são de um partido ou de um líder, são formas de
conceber nossa vida em sociedade. Essas grandes mudanças na mentalidade
demoram. Precisam de tempo, de debates, de ir além dos líderes.
"O ativista típico é o profissional
recém-graduado,
ou de uns 30 anos, com um trabalho
muito precário ou
desempregado.
Essas pessoas podem passar a ter uma atitude
mais crítica,
apostando
em uma mudança de mentalidade."
Dentro desses direitos, agora entra o tema da internet livre.
Está se tornando um ponto essencial, como foi o desenvolvimento
sustentável, os direitos da mulher.
Manuel Castells: Você tem muita razão. Nesse
momento, defender a liberdade na internet é a base para defender a
liberdade, em todos os sentidos. Como os poderes estabelecidos cada vez
mais desconfiam da internet, odeiam-na. Se pudessem acabar com ela,
iriam fazê-lo.
Mas não é tão fácil. Existem tantas ameaças à liberdade na internet
que os jovens estão criando uma série de partidos e de movimentos. Vão
criar muitos problemas aos que tentarem restringir a liberdade. Pouco a
pouco, o velho sistema está se consolidando em partidos de direita e de
esquerda que se colocam contra o essencial, que resistem a novas formas
de representação democrática. Daí, duas coisas que podem acontecer: ou
eles realmente se abrem e aceitam redefinir o jogo democrático, ou não
se abrem e essa é uma perspectiva muito pessimista. Não acredito nas
revoluções violentas, mas acredito em situações de tensão, que vão se
multiplicar, e em uma situação de catástrofe econômica e de
não-representatividade política, com as pessoas conscientes e críticas e
um sistema cada vez mais pressionado, que começa a se defender.
Você tem esperança?
Manuel Castells: Sempre — mas só porque os
movimentos têm esperança. Meu novo libro, que será publicado em breve,
chama-se Redes de indignação e esperança: são os dois sentimentos que
existem no movimento. A indignação foi fundamental para superar o medo,
porque o medo é a emoção que todas as sociedades impõe para não mudar
nada. As pessoas têm medo de que, se fizerem algo que não está dentro
das normas do sistema, no mínimo perdem o emprego. Como se supera o
medo? As próprias experiências neuro-cientificas mostram que é com a
indignação. Quando se sente muito indignado, você não se importa com o
que pode acontecer. Isso já se deu.
Mas se não se transforma em um sentimento positivo, se a indignação é
pura raiva, isso leva a um enfrentamento. Qual é o sentimento positivo?
A esperança. A esperança de que algo irá mudar. Como se constrói a
esperança? Quando as pessoas se juntam. Por isso, o lema na Espanha é:
“juntos, podemos”. É a ideia de que eu não posso, e que você não pode,
mas muitos juntos, sim, podemos. A vitalidade desse movimento não é
apenas em função da internet, a vitalidade é necessária para poder
seguir fazendo algo aparentemente impossível, que é reconstruir a
democracia a partir dos cidadãos.
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Entrevista a Francisco Guaita, da RT-TV (Veja o vídeo: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=zoWxG8Kc6oc
| Transcrição e tradução: Daniela Frabasile
Fonte: http://bl162w.blu162.mail.live.com/default.aspx#n=566201507&fid=1&fav=1&mid=9f51b82c-dd99-11e1-8d93-00215ad80d1c&fv=1
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