José Enrique Alvarez, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Nova York
Atrás de capital estrangeiro para infraestrutura, o Brasil terá como
trunfos estabilidade econômica, mercado doméstico e recursos naturais,
avalia o norte-americano José Enrique Alvarez . O professor da Faculdade
de Direito da Universidade de Nova York considera a economia mais
importante do que a legislação nas decisões dos investidores.
– Estradas, portos e aeroportos ruins são fatores ruins, assim como altos custos – aponta Alvarez, que palestrar hoje e amanhã na Faculdade de Direito da UFRGS, em evento aberto ao público, às 19h.
Confira os principais trechos da entrevista a ZH.
Poder de barganha
Investidores estrangeiros têm procurado assegurar seus direitos, de maneira a não ficarem sujeitos a mudanças na legislação de um país. Não somente porque um governo historicamente muda de ideia, mas também por aquilo que os economistas chamam de poder de barganha – quando os Estados competem entre si oferecendo incentivos de impostos. Os tratados bilaterais para investimentos estrangeiros criam mais uma camada de credibilidade para os países. Quando esses direitos são quebrados, o investidor tem o poder legal de acionar o Estado. É um grande guarda-chuva para proteger os contratos.
Atração de capital estrangeiro
Os dirigentes das empresas buscam estabilidade, transparência, conhecimento das normas legais e possibilidade de prever os gastos que poderão ter com um marco regulatório muito complexo. Se o investidor tiver de buscar muitas licenças, por exemplo, acaba se assustando. Se não puder ter um ambiente de negócios simples, que seja pelo menos transparente. O investidor estrangeiro se preocupa também com a infraestrutura. Estradas, portos e aeroportos ruins são fatores negativos, assim como altos custos de produção – gastos com impostos e com trabalhadores. O Brasil ainda não tem infraestrutura como a dos Estados Unidos ou da Alemanha, e isso impacta na decisão de investimentos.
Confiança dos investidores
Os investidores tendem a ver o Brasil como um local onde terão uma relativa estabilidade, não somente pelo imenso mercado, mas também pela estabilidade econômica e política. Os fatores econômicos são mais importantes do que o ambiente jurídico. No Brasil, pelo que consigo entender, o apelo é o grande mercado doméstico. Se você olhar para os empresários internacionais de maior prestígio, eles certamente veem o Brasil como um país líder em potencial, especialmente entre os países do Bric (grupo teórico formado por Brasil, Rússia, Índia e China).
Riscos e chance de lucro
Se existe algum risco de investir no Brasil, a chance de obter um lucro altíssimo acaba compensando. Pesquisas com presidentes de empresas mundiais mostram que o Direito não está entre as principais razões para investimentos. Eles avaliam a disponibilidade de recursos naturais e a estabilidade econômica, e isso o Brasil pode exibir.
Exportação de capital nacional
O Brasil ainda não assumiu uma posição em termos de promoção do investidor brasileiro no Exterior. Por exemplo, os países do Bric são responsáveis por 5% da exportação de capital em todo o mundo. Enquanto isso, os países desenvolvidos têm participação de 33% na relação entre a saída de investimento e o PIB (Produto Interno Bruto). A Rússia tem 20%, e o Brasil, apenas 10%. O Brasil precisa explorar esse potencial de exportação de capital, embora a concentração de esforços esteja na atração de investimentos. O governo brasileiro, no meu ponto de vista, tem de se preocupar não apenas em atrair investimento, mas também em proteger seus investidores no estrangeiro.
Caminho para o Brasil
O Brasil tem poder econômico para negociar o tratado bilateral que considerar mais conveniente. Acredito que, em qualquer situação, com nações ricas ou pobres, existe uma relação de amor e ódio com investidor externo. Os países querem esse capital de fora, mas quando conseguem começam a pensar de maneira diferente. É difícil definir o modelo ideal para atrair investimentos, até porque cada país tem vantagens diferentes. O Brasil, por exemplo, tem uma porta de entrada na África, especialmente nos países que falam português. Cada país tem suas circunstâncias, e as positivas devem ser exploradas.
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– Estradas, portos e aeroportos ruins são fatores ruins, assim como altos custos – aponta Alvarez, que palestrar hoje e amanhã na Faculdade de Direito da UFRGS, em evento aberto ao público, às 19h.
Confira os principais trechos da entrevista a ZH.
Poder de barganha
Investidores estrangeiros têm procurado assegurar seus direitos, de maneira a não ficarem sujeitos a mudanças na legislação de um país. Não somente porque um governo historicamente muda de ideia, mas também por aquilo que os economistas chamam de poder de barganha – quando os Estados competem entre si oferecendo incentivos de impostos. Os tratados bilaterais para investimentos estrangeiros criam mais uma camada de credibilidade para os países. Quando esses direitos são quebrados, o investidor tem o poder legal de acionar o Estado. É um grande guarda-chuva para proteger os contratos.
Atração de capital estrangeiro
Os dirigentes das empresas buscam estabilidade, transparência, conhecimento das normas legais e possibilidade de prever os gastos que poderão ter com um marco regulatório muito complexo. Se o investidor tiver de buscar muitas licenças, por exemplo, acaba se assustando. Se não puder ter um ambiente de negócios simples, que seja pelo menos transparente. O investidor estrangeiro se preocupa também com a infraestrutura. Estradas, portos e aeroportos ruins são fatores negativos, assim como altos custos de produção – gastos com impostos e com trabalhadores. O Brasil ainda não tem infraestrutura como a dos Estados Unidos ou da Alemanha, e isso impacta na decisão de investimentos.
Confiança dos investidores
Os investidores tendem a ver o Brasil como um local onde terão uma relativa estabilidade, não somente pelo imenso mercado, mas também pela estabilidade econômica e política. Os fatores econômicos são mais importantes do que o ambiente jurídico. No Brasil, pelo que consigo entender, o apelo é o grande mercado doméstico. Se você olhar para os empresários internacionais de maior prestígio, eles certamente veem o Brasil como um país líder em potencial, especialmente entre os países do Bric (grupo teórico formado por Brasil, Rússia, Índia e China).
Riscos e chance de lucro
Se existe algum risco de investir no Brasil, a chance de obter um lucro altíssimo acaba compensando. Pesquisas com presidentes de empresas mundiais mostram que o Direito não está entre as principais razões para investimentos. Eles avaliam a disponibilidade de recursos naturais e a estabilidade econômica, e isso o Brasil pode exibir.
Exportação de capital nacional
O Brasil ainda não assumiu uma posição em termos de promoção do investidor brasileiro no Exterior. Por exemplo, os países do Bric são responsáveis por 5% da exportação de capital em todo o mundo. Enquanto isso, os países desenvolvidos têm participação de 33% na relação entre a saída de investimento e o PIB (Produto Interno Bruto). A Rússia tem 20%, e o Brasil, apenas 10%. O Brasil precisa explorar esse potencial de exportação de capital, embora a concentração de esforços esteja na atração de investimentos. O governo brasileiro, no meu ponto de vista, tem de se preocupar não apenas em atrair investimento, mas também em proteger seus investidores no estrangeiro.
Caminho para o Brasil
O Brasil tem poder econômico para negociar o tratado bilateral que considerar mais conveniente. Acredito que, em qualquer situação, com nações ricas ou pobres, existe uma relação de amor e ódio com investidor externo. Os países querem esse capital de fora, mas quando conseguem começam a pensar de maneira diferente. É difícil definir o modelo ideal para atrair investimentos, até porque cada país tem vantagens diferentes. O Brasil, por exemplo, tem uma porta de entrada na África, especialmente nos países que falam português. Cada país tem suas circunstâncias, e as positivas devem ser exploradas.
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Reportagem por JOANA COLUSSI
joana.colussi@zerohora.com.br
joana.colussi@zerohora.com.br
Fonte: ZH on line, 20/08/2012
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