MIRIAN GOLDENBERG*
Brasileiras ainda acham que um marido interessante e fiel é 'artigo de luxo' e um verdadeiro capital
Pesquisando mulheres de mais de 40 anos, brasileiras e alemãs, observei
diferenças interessantes. Enquanto as alemãs se mostram focadas na
realização profissional e em atividades intelectuais, as brasileiras
enfatizam a importância de ter marido e filhos e reclamam muito da
"falta de homem no mercado".
É curioso observar que, mesmo entre mulheres muito bem-sucedidas, as brasileiras que se dizem mais satisfeitas são as casadas.
O que elas mais valorizam é ter um marido fiel. Dizem que os maridos
ligam inúmeras vezes por dia para perguntar coisas bobas, que ficam
deprimidos quando elas viajam e que eles são completamente dependentes
delas. Afirmam coisas como: "Ele precisa muito de mim"; "Ele não sabe
ficar sozinho"; "Ele gosta que eu cuide dele"; "Ele cobra o tempo todo a
minha atenção" e "Ele sente muito ciúme de mim".
Em um dos grupos de discussão que realizei, uma mulher jovem, magra e
bonita confessou sentir inveja de outra pesquisada. "Tive e continuo
tendo muitos namorados e amantes, mas não consigo ter um companheiro.
Senti inveja quando você falou do seu marido porque eu nunca consegui
ter um relacionamento longo e fiel."
A outra respondeu: "Meu marido diz que me ama e me deseja mesmo gordinha
e com cabelos brancos. Tenho certeza de que ele sempre foi fiel. Nossa
vida sexual é muito gostosa e ele diz que não sabe viver sem mim. Com
ele, mesmo depois de 30 anos de casamento, ainda me sinto a mulher mais
gostosa do planeta".
Ter um marido é um verdadeiro capital para muitas brasileiras. Em um
mercado afetivo e sexual em que os homens disponíveis, interessantes e
fiéis são considerados "artigos de luxo", muitas brasileiras acreditam
ser triplamente vitoriosas: por terem um casamento duradouro, por se
sentirem reconhecidas pelo marido e, principalmente, por acreditarem que
são únicas para eles.
Muitas brasileiras que pesquisei disseram se sentir fracassadas ou
infelizes por não conseguirem ter (ou manter) o capital marital. No
entanto, as alemãs (e também algumas brasileiras) preferem investir em
outras formas de realização pessoal (trabalho, educação, amizade etc.).
Qual será o melhor investimento para uma vida feliz?
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