terça-feira, 4 de setembro de 2012

O messianismo político, por Tzvetan Todorov

FRONTEIRAS DO PENSAMENTO

Filósofo, historiador e linguista, o búlgaro nacionalizado francês Tzvetan Todorov foi o responsável pela palestra de ontem no ciclo de altos estudos Fronteiras do Pensamento. Ganhador do Prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências Sociais, ele veio a Porto Alegre discorrer sobre sua teoria a respeito do messianismo político.

Autor do recém-lançado Os Inimigos Íntimos da Democracia, Todorov pega a ideia de messianismo, situada entre a cultura grega e o cristianismo primitivo, para explicar ações que, no decorrer do tempo, ameaçaram a ideia de democracia e liberdade – mesmo que, na maioria das vezes, advogassem a seu favor.

O início desse messianismo pode ser detectado na Revolução Francesa, e as consequências – como as guerras napoleônicas que devastaram a Europa e as guerras coloniais, que tinham por objetivo levar para outros povos os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.

– Mesmo reclamando estes ideais, o messianismo político, que é um messianismo sem messias, utiliza de basicamente dois meios para atingir seus objetivos: a revolução e o terror – crava Todorov.

A sequência desse movimento se deu pelo comunismo. Para Todorov, a doutrina comunista herdou as métricas da Revolução Francesa, mudando apenas o foco: em vez de eliminar povos ditos primitivos, propunha a eliminação da burguesia.

– Como todo messianismo, o comunismo acredita que a história tem uma direção definida e imutável.

O último estágio desse messianismo pode ser avaliado pelos confrontos modernos. O massacre do Kosovo, a invasão do Iraque e do Afeganistão e a derrubada do governo da Líbia são exemplos de um messianismo político liderado pelos EUA.

– Objetivos elevados justificam qualquer meio, incluindo a guerra. Se um país fere os Direitos Humanos, abre-se um precedente para invadi-lo sob o pretexto de salvar as vítimas.

Filósofo cita documento militar norte-americano

O filósofo cita ainda um documento militar norte-americano anterior à invasão ao país comandado por Sadam Hussein que aponta, além da democracia, o direito à “livre empresa” pelos países do mundo. Uma doutrina que deve ser levada a cabo mesmo que custe a vida de milhares.

O Fronteiras do Pensamento Porto Alegre é apresentado pela Braskem e tem patrocínio de Unimed Porto Alegre, Natura, Gerdau e Grupo RBS. O projeto conta com parceria da UFRGS, apoio da Petrobras no módulo educacional e parceria cultural de Unisinos, prefeitura de Porto Alegre e governo do Estado do Rio Grande do Sul.
-----------------
Fonte:  http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a3874472.xml&template=3898.dwt&edition=20334&section=1003

Nenhum comentário:

Postar um comentário