domingo, 10 de janeiro de 2016

Qual a diferença entre homem e mulher?

Juremir Machado da Silva* 
 
Há muitos anos eu fiz esta pergunta: qual a diferença entre um homem e uma mulher? E respondi cronicamente. Essa é a questão mais importante de todos os tempos. Mais até que a do sexo dos anjos. Ou do que saber se no Maipu, cabaré famoso da Porto Alegre antiga, tinha ou não quartos. É o que se chama, em filosofia, de questão transcendental, de problemática existencial ou, no duro, falando português claro, de papologia grega. Durante séculos, a humanidade pensou que se tratava de uma simples diferença anatômica, uma oposição entre saliências e reentrâncias. Nada mais cartesiano e falso. Separá-los pelo uso de cueca ou calcinha também já não é um critério com validade científica.
Graças ao uso rigoroso dos métodos mais modernos de classificação e reconhecimento multicultural, apresentaremos algumas das mais relevantes diferenças entre homem e mulher. Cabe lembrar que homem, mulher e ervilhas, depois de Mendel e do sexualmente correto, dividem-se em recessivos e dominantes. Diz-se, então, de um exemplar qualquer da espécie, “anatomicamente masculino, com dominância feminina”, ou vice-versa (não confundir o vice-versa com o famoso “gilete”).

Há quem defenda que homens e mulheres são como as mônadas do filósofo Leibniz, unas e indivisíveis, “sem portas nem janelas”. Outros afirmam que isso não passa de “bichice enrustida cheia de furos” (essa parte caducou e só é repetida aqui como parte de um documento histórico).

Os “antípodas”, agitadores sexuais do escaldante verão escandinavo, garantem que o mistério já se desfez: mulheres são masculinas; homens, femininos. Embora publicada numa renomada revista científica de Estocolmo, a descoberta provocou a ira do Clube dos Varões Inquestionáveis de Bagé. Falando sério, especialistas da antropologia do cotidiano asseguram que homem e mulher são categorias culturais baseadas nas seguintes diferenças: mulheres são herbívoras (quer dizer, vegetarianas); homens, carnívoros. Mulheres dividem-se entre interesseiras e interessadas; homens, entre interessantes e aposentados. Homens olham; mulheres pensam. Homem pulam a cerca; mulheres traem. Homens possuem estupidez natural: mulheres, inteligência artificial. Mulheres acham que tamanho não é documento; homens, por vias das dúvidas, gostariam de ter instrumento tamanho GG.

Há quem sustente justamente o contrário em relação a todas essas categorias. Mas não há publicação escandinava sobre o assunto nem movimento organizado. Em todo caso, é unanimidade que não se deve confiar em mulher que não come carne nem em homem que só come salada. O contrário também é verdadeiro. O problema das interesseiras é que geralmente são interessantes. O mesmo não se pode dizer das interessadas. O complicado nos homens interessantes é que nunca se aposentam. Homens excitam-se com o que veem; mulheres, com o que imaginam. Mulheres sonham; homens deliram. Mulheres devaneiam; homens roncam. Foi o que escrevi. Errei em alguma coisa? Saberemos em 20 anos.

Este foi um texto escrito a duas mãos entre minhas partes masculina e feminina.
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* Sociólogo. Prof. da PUCRS. Escritor.
Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/

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