A liberdade não é não estarmos presos: é estarmos presos e felizes, às pessoas e às ideias que amamos.
Para
se ser livre é preciso pensar-se que se pode ser um bardamerda (e mais,
sendo provável que se seja) mas que isso não impede a nossa vontade
(que é deliciosa muito antes de ser um direito) de se dizer o que se
pensa.
A liberdade é aquilo com que nascemos, com que os bebés se
exprimem. A contenção é que é ensinada. Todas estas regras, boas e más
(até acredito que msis de 50 por cento sejam boas), só servem para nos
reprimir.
A vida é muito curta e a coragem é muito pouca. Os
outros assustam muito mais do que querem e Sartre, quando não disse
exactamente que "o inferno são os outros" estava a fazer questão de
falar da nossa excessiva (e estúpida) dificuldade de falar e agir
colectivamente.
O amor e a amizade são as duas grandes provas do
valor da liberdade. A vida é uma sentença a que todos estamos
condenados. Estarmos vivos nao pode ter qualquer valor, por muito que
custe à brigada comercialista que nos quer congratular por não termos
morrido.
Ser livre é estar à mercê do que não se escolheu. Eu sei
lá porque amo a Maria João. Sei explicar e aprendi a fazer listas mas
nunca me dei conta - graças a Deus - de ter tomado uma decisão "nesse
sentido", como fria e topograficamente se diz.
A liberdade não é
não estarmos presos: é estarmos presos e felizes, às pessoas e às ideias
que amamos, sem sabermos porquê. Mas sabendo como, até morrermos.
----------
* Jornalista. Escritor.
Fonte: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ser-livre-1719750
Imagem da Internet
Nenhum comentário:
Postar um comentário