Ele é coreano e se chama Hubo. No Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, que começou nesta quarta-feira (20), ele dividiu os holofotes com representantes do Facebook, JPMorgan, Google e Alibaba, bem como com vários políticos do mundo inteiro. No entanto o Hubo,
com sua cara de astronauta, não é um humano, mas sim um robô. Ele sabe
fazer quase tudo, como dirigir um carro, sair dele, subir escadas, fazer
consertos e, é claro, manter uma conversa.
A reportagem é de Philippe Escande, publicada por Le Monde, 21-01-2016.
Hubo é o espelho de nosso futuro, ou pelo menos aquele imaginado pelos organizadores do célebre fórum. Em 2016 seu tema será a "quarta revolução industrial",
uma expressão que designa a nova onda tecnológica que se anuncia,
liderada pela conjunção de avanços em matéria de inteligência
artificial, de nano e biotecnologias ou ainda de impressão 3D.
O que traz uma questão que surge sempre que se fala em progresso
tecnológico: os robôs vão substituir os homens. Não é algo impossível,
de acordo com o estudo bastante detalhado que o fórum acaba de realizar
junto aos departamentos de recursos humanos de empresas de 15 países que
representam 65% dos funcionários do mundo. Ele afirma que a difusão
dessas inovações deverá resultar, nos próximos cinco anos, na extinção
de quase 7,1 milhões de empregos e na criação de somente 2 milhões, ou
seja, uma perda líquida de 5 milhões.
Isso não ajudará em nada a economia mundial, uma vez que ao mesmo tempo a Organização Internacional do Trabalho (OIT)
prevê 11 milhões de desempregados a mais no mundo até 2020, segundo a
Reuters. A primeira população afetada será a dos funcionários de
escritório, que corresponderão a dois terços dos empregos extintos.
Grande mudança
Já era algo de se esperar, uma vez que, como seu nome indica, a inteligência artificial
tem vocação para substituir a inteligência humana. Essa substituição já
está em andamento, com máquinas que sabem escrever artigos de jornal,
fazer um diagnóstico médico ou dar assessoria jurídica e financeira.
Essa grande mudança, bastante dolorosa, não é uma novidade. A grande
problemática do século 20 foi a da substituição dos homens, nos campos e
depois nas fábricas, por máquinas. A do século 21 será sobre os
cérebros, e seu campo de atuação será em grande parte o mundo dos
serviços e do terceiro setor.
Isso não significa que será o fim do trabalho, mas sim sua
transformação em um movimento social amplo que enfraquece as classes
médias dos países mais avançados e, portanto, aumenta as desigualdades.
Mas a evolução não terminou, pois a tecnologia, do GPS
até os diagnósticos de todo tipo, também dá mais competências a mais
pessoas, que talvez se tornem as futuras classes médias. Uma outra
sociedade está sendo criada de forma sofrida, e mesmo o Hubo seria incapaz de esboçar sua cara para nós.
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Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/551042-robo-coreano-em-davos-abre-discussao-sobre-substituir-o-homem-pela-maquina
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