Michel Costa cursou técnico em meio ambiente
Foto:
Fernando Gomes /
Agencia RBS
Os novos ofícios irão mesclar diversas atividades para suprir demandas cada vez mais complexas
Quando se imaginava, até bem pouco tempo, que as empresas
necessitariam de alguém que cuidasse exclusivamente da comunicação com o
consumidor por meio de redes sociais? Ou que o modesto setor de
ambiente, antes composto apenas por um coordenador e um estagiário, hoje
teria uma equipe consistente e de forte influência no negócio?
Com a mesma velocidade dos avanços tecnológicos, dos estreitamentos
de fronteiras e das mudanças na sociedade, as carreiras deverão sofrer
constantes reestruturações para atender a novas demandas. Estudo feito
pelo Ministério do Trabalho dos Estados Unidos mostram que 65% dos
estudantes do Ensino Fundamental deverão ingressar no mercado em
atividades que ainda não foram criadas.
A tendência é de que novas ocupações sejam mais híbridas, mesclando
conhecimentos técnicos e incorporando competências. Como explica Júlio
Xandro Heck, vice-diretor do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Estado (IFRS/Porto Alegre), as carreiras do futuro
envolverão, entre outras, informática, administração, automação, vendas,
marketing, ambiente e química.
— Hoje em dia, por exemplo, um dos profissionais mais requisitados é o
de segurança em TI. Quem tiver essa capacitação pode atuar em diversas
frentes: na área de e-commerce, no Direito especializado em crimes
virtuais. Ou seja, de um ofício que já existe, outros irão derivar —
analisa Heck.
Pesquisa da Michael Page,realizada em cinco países — Brasil, Estados
Unidos, Inglaterra, Alemanha e França— destacou novas carreiras que
estão em alta e que devem se desdobrar em outras ocupações. De acordo
com Murillo Lima, gerente em Porto Alegre da consultoria britânica de
recrutamento, as adequações das carreiras estão alinhadas às
necessidades da empresa:
— A globalização expôs as diferenças e sofisticou as exigências dos
clientes. Não se vende mais o mesmo produto para todo mundo, precisa-se
customizar de acordo com o local, a plataforma e a necessidade daquela
população. Para isso, se faz necessário alguém capaz de lidar com
pessoas diferentes para atingir diversos públicos.
Além das capacidades técnicas, serão cobrados mais complementos
comportamentais dos profissionais do futuro, afirma Juliano Ballarotti,
gerente da Hays Recruiting Experts Worldwide. O especialista aconselha
jovens e adolescentes a fazer intercâmbio, realizar trabalho voluntário
ou cursar capacitações em áreas diversificadas.
Prevendo que as carreiras relacionadas à sustentabilidade seriam cada
vez mais valorizadas, Michel Costa, 27 anos, ingressou há cinco anos no
curso técnico em meio ambiente. Quando estava no segundo ano, começou o
estágio na Vonpar. Em menos de um ano de trabalho, foi efetivado e,
após a contratação, recebeu mais uma promoção. Michel cursa Engenharia
de Minas.
Algumas novas carreiras
— Comercializador de energia: profissional surgiu a partir do mercado
livre de energia, que começou a funcionar para valer no Brasil em 2002 e
permite que grandes empresas escolham a sua concessionária de
eletricidade independentemente do local.
— Gerente de treinamento do varejo: profissional que elabora programas específicos conforme as características dos consumidores.
— Gestor de reestruturação: nos bancos, gerencia a carteira de
clientes endividados. Há profissionais também em companhias para colocar
a situação financeira da empresa nos eixos.
— Gerente de comunidade: atua na comunicação com o consumidor por meio de redes sociais, blogs e fóruns online.
— Engenheiro de petróleo: trabalha na descoberta de poços e jazidas,
no desenvolvimento de projetos de exploração, produção e venda de
petróleo e gás natural sem prejuízo ao ambiente.
— Engenheiro de mobilidade: trabalhador que atua na construção,
monitoramento e manutenção da infraestrutura ferroviária, portuária e
aeroportuária, supervisionando se as obras em andamento respeitam as
normas legais da legislação. Em ambientes urbanos, gerencia a
sinalização viária e do planejamento de transporte urbano.
— Biotecnologistas: estuda a criação, o aperfeiçoamento e o
gerenciamento de novos produtos nas áreas de saúde, química, ambiental e
alimentícia. Na área da microbiologia, avalia os efeitos e utilidades
de fungos, bactérias, vírus e protozoários na produção vacinas,
medicamentos, alimentos e bebidas.
— Engenheiro ambiental e sanitário: responsável pelo desenvolvimento
econômico sustentável, que respeita os limites dos recursos naturais,
monitorando projetos e sistemas de água e esgoto.
— Desenhista técnico em eletricidade, eletrônica e eletromecânica:
elabora representações de máquinas e equipamentos eletroeletrônicos e de
instalações, utilizando ferramentas específicas, tais como CAD e CIM.
Suas atribuições englobam, ainda, o levantamento de materiais
necessários aos processos de montagem e instalação.
Fonte: Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Michael Page e
Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel)
Profissões que podem surgir
— Técnico de telemedicina: por meio de vídeos, irá ajudar a tratar pessoas em locais remotos onde não há equipe médica local.
— Provedor de longevidade: consultor, que depois de analisar o genoma
da pessoa, fornece conselhos sobre as melhores maneiras de prolongar a
vida.
— Consultor de uso de recursos: com aumento da consciência ambiental,
surgirão consultores que ajudarão a medir o impacto ambiental de cada
ação.
— Organizador de desordem virtual: especialista que ajudará a
organizar as vidas eletrônicas. Inclue tratamento eficaz de e-mail, por
exemplo.
— Policial virtual: profissionais para monitorar comportamentos,
cumprimentos de leis e proteções aos cidadãos no mundo virtual.
— Analista de consumo de energia: como melhores ferramentas de
monitoramento de energia, o analista estudará o uso de energia do
consumidor em tempo real.
— Guia turístico espacial: novo papel pode surgir para os
especialistas em astronomia, que poderão guiar turistas na exploração do
universo nas férias.
— Designer de roupas inteligentes: estilista que criará trajes com
novas tecnologias que permitam o vestuário se ajustar às condições
meteorológicas e de luminosidade.
Fonte: pesquisa The Shape of Jobs to Come ("A Forma dos Empregos que Virão"), feita pelo Grupo Fast Future
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Reportagem por Maria Amélia Vargas
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