Na série Friends cada personagem tinha cinco amigos.
“Poucos mas bons” é o que muita gente responde à pergunta sobre o número
de amigos que tem. Mas haverá um número ideal? A revista Time dá a
resposta.
Durante anos, foram vários os estudos que
incidiram sobre os benefícios da amizade. O que foi publicado na PLOS
One chegou à conclusão que os amigos protegem a nossa saúde tanto quanto
deixar de fumar e muito mais do que fazer exercício. Outros estudos
mostraram que as pessoas solitárias têm duas vezes mais probabilidades
de virem a morrer de doenças coronárias do que as que têm um círculo de
amigos consistente.
Para Debra Umberson, socióloga da Universidade
do Texas, “as relações sociais fortes são um apoio à saúde mental, e
isso leva a um melhor sistema imunitário, menos stress e menos ativação
cardiovascular”. A socióloga salienta que o apoio emocional é apenas uma
das formas, de entre dezenas, com que os amigos podem proteger a sua
saúde e aumentar a sua esperança de vida.
Infelizmente, ao que parece, nem todos nós temos tantos amigos quanto devíamos. De acordo com dados da
General Society Survey, o número de americanos que admite não ter
nenhum amigo próximo triplicou nas últimas décadas, sendo que a resposta
mais frequente à pergunta “quantos confidentes tem” foi zero. De entre
os questionados, os homens adultos são os que têm mais dificuldade em
fazer e manter novas amizades.
Numa era em que quase toda a gente
tem centenas de amigos no Facebook e no Twitter, e outros tantos
seguidores no Instagram, as pessoas parecem mais sozinhas do que nunca. A
verdade é que essas “amizades” não valem de nada no que diz respeito à
sua saúde e felicidade. Ou seja, o facto de ter mais amigos nas redes
sociais do que a maioria das pessoas não lhe dará uma saúde de ferro,
nem o tornará mais feliz — até porque muitas pessoas adicionam “amigos”
que nem conhecem.
As amizades vitais — aquelas pessoas com quem pode rir,
chorar, contar a sua vida e abraçar — são as que têm um maior impacto
tanto na saúde como na felicidade. Segundo Robin Dunbar, um psicólogo evolucionista da Universidade de Oxford, cada pessoa precisa de três a cinco destas amizades para melhorar o seu bem-estar.
O
psicólogo tem dedicado grande parte da sua carreira a estudar a
amizade, e desde que começou a investigar o cérebro e os círculos
sociais dos primatas, apercebeu-se de que a dimensão do grupo de amigos
de um ser humano pode ser limitada pelo tamanho do seu neocórtex (todas
as áreas mais desenvolvidas do córtex). Dunbar chegou ao número que
define o limite cognitivo de pessoas com as quais um indivíduo pode
manter relações sociais estáveis, que ficou conhecido como o “número de
Dunbar”.
Esse número — geralmente citado como 150, mas que pode
variar entre os 100 e os 200 — é o tamanho aproximado de um círculo de
amigos, que pode incluir família. No fundo, estas pessoas são aquelas
que convidaria para uma grande festa em casa, e com as quais estaria à
vontade e se sentiria bem. De acordo com as pesquisas de Dunbar, o seu
cérebro não é capaz de manter uma conexão com mais de 150 amigos. E
dentro desse número, as suas amizades mas próximas, de entre família e
amigos, são as mais cruciais para a saúde mental e física.
No
entanto, Dunbar acredita que um irmão ou irmã não oferecem os mesmos
benefícios do que um amigo próximo. Os irmãos mais depressa estarão lá
para si sempre que precisar de ajuda, mas os bons amigos têm o dom de
“incendiar” o seu sistema nervoso, libertando as afamadas endorfinas, conhecidas por hormonas da felicidade e que também estão presentes no
chocolate. Ou seja: se estiver de dieta, aposte nas amizades
verdadeiras.
Apesar de todos os benefícios para a saúde, evite
olhar para os seus amigos como um medicamento. Mark Vernon, filósofo e
autor do livro The Meaning of Friendship, faz um aviso: não
torne os seus amigos em “prestadores de serviços” porque essa não é a
essência da amizade. Qual é, ou como se cultiva? Vernon acredita que
Ralph Waldo Emerson deu o melhor conselho no que diz respeito a fazer e
manter amizades próximas quando disse que “a única maneira de ter um
amigo é sendo um”.
Matemáticas à parte, a conclusão é clara: cultive as amizades próximas, até porque é sabido que são cada vez mais raras.
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Reportagem por
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