O último deus dos ateístas, o multiverso, foi aposentado em janeiro de 2012 em um evento deveras inusitado: a celebração do 70o
aniversário de Stephen Hawking, em Cambridge. Com a palavra estava o
Doutor Alexander Vilenkin, que tinha escrito um artigo apresentado no
encontro “Estado do Universo”, de cientistas que se reuniam para honrar
Hawking.
Depois
de demonstrar as falácias de várias teorias que tentavam validar o
multiverso, Vilenkin resumiu a sua conclusão dizendo: “Toda a evidência
que nós temos diz que o universo teve um começo.” Isso, naturalmente,
deixou todos os naturalistas filosóficos e ateístas de luto, porque o
próprio Hawking tinha admitido: “Muitas pessoas não gostam da ideia de
que o tempo tenha um começo, provavelmente porque isso sugere a
intervenção divina.”
Para
os que não estão familiarizados com a ideia do multiverso, a teoria do
universo múltiplo postulava a existência simultânea de muitos
(possivelmente infinitamente muitos) universos paralelos, na qual quase
qualquer coisa teoricamente possível seria realizada no fim das contas. O
multiverso era usado por materialistas e ateístas como uma forma de
evitar o argumento cosmológico e o argumento do ajuste fino para a
existência de Deus.
Sobre
o ajuste fino do universo, o físico Andrei Linde disse: “Nós temos um
monte de coincidências muito, muito estranhas, e todas essas
coincidências são de uma forma tal que elas tornam a vida possível.”
Linde fez essa declaração em um artigo da Discover de 2008 e adicionou
que a teoria do multiverso era uma possibilidade muito sedutora para
explicar a questão do ajuste fino do universo, que permite a vida na
terra.
Vilenkin, um dos parceiros e colegas de trabalho de Linde, acabou de fechar a porta dessa possibilidade.
Ainda
antes da explicação de Vilenkin, a teoria do multiverso sofria um monte
de pancadas debilitadoras, antes da sua morte em 2012. O multiverso
sempre teve o problema filosófico da regressão infinita. Tal problema
não está limitada ao nosso universo, ele vale para toda a realidade.
Você ainda precisa voltar até uma causa primária – uma causa não-causada
de todas as coisas – e isso inclui o multiverso.
Cientificamente
falando, nenhuma evidência foi fornecida para essa teoria. De fato,
nunca houve um modelo com alguma evidência mostrando alguma realidade
que se estenda infinitamente no passado. Mas, surpreendentemente, muitos
naturalistas filosóficos e ateístas aclamam o multiverso quase como um
deus – descrevendo a sua beleza, o seu poder, etc., com absolutamente
nenhuma prova de que tal coisa já tenha existido. Uma postura certamente
estranha para eles que constantemente criticam os crentes em Deus pela
“fé” em uma coisa que (supostamente) não tem provas da existência.
Antes
desse último artigo, Vilenkin, Arvind Borde e Alan Guth mostraram que
há evidências científicas sólidas contra o multiverso. Juntos, eles
demonstraram que qualquer universo que esteja se expandindo ao longo da
história não pode ser infinito no passado, mas deve ter uma fronteira
espaço-temporal.
O
que torna essa prova tão poderosa é que ela se sustenta não importa a
descrição física do universo. O teorema de Borde-Guth-Vilenkin não
depende da descrição física da origem do universo. Esse teorema implica
que, ainda que o nosso universo seja uma minúscula parte de um
multiverso composto de muitos universos, o multiverso deve ter um começo
absoluto.
Em
outras palavras, a preocupação de Hawking sobre a necessidade de um
pontapé inicial para o nosso universo não foi riscada. Deve ser por isso
que Hawking deixou uma mensagem de telefone gravada para o evento, que
dizia: “Um ponto de criação seria um lugar onde a ciência quebraria.
Você teria que apelar para a religião e para a mão de Deus.”
O
último artigo de Vilenkin derruba as três opões possíveis do multiverso
e ele está de acordo com as suas colocações anteriores, que incluíam a
seguinte: “Diz-se que um argumento convence homens racionais e uma prova
convence até mesmo os homens irracionais. Com essa prova apresentada,
os cosmologistas não podem mais se esconder atrás da possibilidade de um
universo eterno no passado. Não tem saída, eles têm que encarar o
problema de um começo cósmico.”
Você
pode ler mais sobre as descobertas de Vilenkin em um artigo de Lisa
Grossman intitulado “Por que cientistas não podem evitar o evento da
criação”, que é a matéria de 11 de janeiro de 2012 da revista New
Scientist.
Com
a partida do último deus dos ateístas, o multiverso, é difícil não
pensar sobre o que a filosofia chama de “afogar o peixe”. Quando os
materialistas ou ateístas propõem espontâneos ou auto-criados universos,
multiversos, hipóteses da mecânica quântica e outras dessas coisas para
tentar explicar a realidade sem Deus, eles usam toda a água do oceano
para tentar afogar o animal (Deus), mas no fim das contas, o peixe
continua lá afirmando a sua existência e a sua presença.
John
Lennox resume essa cômica situação dessa forma: “É uma grande ironia
que no século XVI (16) algumas pessoas resistiram aos avanços da ciência
porque eles pareciam ameaçar crença em Deus, e agora no século XX (20)
as ideias científicas do começo cósmico enfrentam resistência porque
elas ameaçam aumentar a plausibilidade da crença em Deus.”
Por
que o nosso universo está aqui e é tão precisamente ajustado para a
vida? Por que ele é, como alguns cientistas admitem, como uma escultura
polida? Santo Agostinho da a resposta: “Do nada tu fizeste o céu e a
terra – uma coisa grande e uma pequena – porque tu és o Deus Todo
Poderoso, para fazer todas as coisas boas, até mesmo o céu grande e a
terra pequena. Foste tu, do nada tu fizeste o céu e a terra.”
- The Multiverse: 1895 – 2012. R.I.P.
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