sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Confucionismo e taoísmo

Adriano jagmin D´Ávila*
IHU On-Line – Em traços gerais, quais são os pontos centrais do confucionismo e do taoísmo?
Adriano D’Ávila – Pontos centrais do confucionismo: a questão da responsabilidade individual, seguir os ritos. No confucionismo, o xamanismo é muito presente, portanto tem que se cumprir o rito, independente de se gostar ou não. Assume-se uma responsabilidade de cumprir esses ritos, pois, se eles não forem cumpridos, as coisas começam a dar errado. Existe uma linha de hierarquia presente no arcabouço chinês – e não só no confucionista –, de que existe a energia do céu, em que o processo se dá em Deus, e dos mortos, e uma responsabilidade perante eles. Eu devo cumprir esses ritos e também cumprir com um processo presente no planeta, na sociedade daquela época e nesta, de conseguir ser o mais disciplinado mentalmente possível, tendo uma postura moral e ética precisa, colocando-me no lugar das pessoas e da própria sociedade, cumprindo meu papel ali. Reforça-se muito isso na filosofia e na religião confucionista.
Na questão do taoísmo temos que levantar as duas vias do taoísmo: o taoísmo religioso e o filosófico. O religioso reforçou esses aspectos de mistura com o budismo hindu e com o chinês. Com o xamanismo, ele ficou muito diferenciado daquilo que Lao Tsé e seus pupilos levantaram em um primeiro momento. Nessa via, existe também a mesma responsabilidade presente no confucionismo, só que se executam mais os ritos. Há uma série de dogmas, de ritos, de deuses, de semideuses e de santos presentes no taoísmo religioso, que chamamos de taoísmo Tao-chiao. Já estes não estão presentes no culto do confucionismo, pois seu culto é um culto familiar. Eu cultuo a minha família, você cultua a sua, e cada pessoa no planeta vai cultuar sua família. No taoísmo, isso continua existindo, mas cria-se uma hierarquia maior de imortais taoístas presentes, na qual estão Lao Tsé e uma série de outros. E temos já no taoísmo não-religioso, na minha opinião, uma ecologia humana e um senso de responsabilidade que cabe muito no momento que estamos vivendo no planeta, de tentar mudar de uma forma harmônica, de ouvir o que a natureza está colocando, de ouvir as pessoas, de tentar entender o que são essas epidemias e doenças que estão ressurgindo e as que estão aparecendo, catástrofes, e de tentar entender esse processo através da corresponsabilidade.
Temos também o budismo chinês, que influenciou e influencia muito ainda, não só na China. O budismo tibetano e o budismo presente no Japão são filhos desse budismo chinês. A influência que a cultura japonesa sofreu da cultura chinesa é enorme. De tudo aquilo que se tem hoje em dia no Japão, a "mãe" ou o "pai" estão presentes na China.
formado em História pela Universiade Federal do Rio Grande do Sul, e treina artes marciais desde os 11 anos de idade. É mestre em artes marciais chinesas como Qi Gong e Tai Chi Chuan. Mestre e diretor do Centro Cultural Tao, em Porto Alegre. A entrevista toda está postada no IHU/Unisinos, 04/09/2009.

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