PUREZA FUGAZ
Os Jonas Brothers em 2008 usando anéis de pureza
Os Jonas Brothers em 2008 usando anéis de pureza
no dedo anular esquerdo.
Dos três, apenas Kevin (de preto) manteve
o anel até o casamento
Uma campanha nacional a favor do recato ganhou força na internet. Na semana passada, a palavra-chave “euescolhiesperar” figurou entre os dez temas mais populares do site de mensagens curtas Twitter no Brasil. As mensagens faziam referência à campanha Eu Escolhi Esperar, que prega entre os jovens a castidade antes do casamento. O perfil do movimento é seguido por quase 20 mil pessoas no Twitter. Há outros movimentos semelhantes emergindo no Brasil. O que explica essa crescente popularidade do celibato numa época de aparente avanço na liberalidade sexual?
Alguns desses movimentos, como o Eu Escolhi Esperar, são incentivados pela ONG Mobilizando o Brasil, que difunde campanhas coordenadas por igrejas evangélicas e congregações cristãs. Essas campanhas são tradicionais no país. No ano 2000, aos 17 anos, a cantora Sandy dizia que se guardava para o casamento. Agora, as campanhas vêm ganhando espaço na internet para chegar mais perto dos jovens. “A castidade não é um sinal de anacronismo, mas a tentativa de criar uma alternativa de comportamento para o presente”, diz o psicanalista Christian Dunker, da Universidade de São Paulo (USP).
Trata-se da versão brasileira de um movimento forte nos Estados Unidos. Em 2007, o governo George W. Bush destinou US$ 191 milhões a mais de 700 programas de educação sexual que defendem a abstinência. Em festas de 15 anos, adolescentes americanos anunciam a castidade e adotam um anel para simbolizar o compromisso. Com a eleição de Barack Obama, em 2009, a orientação federal mudou para a educação sexual convencional. Mas a campanha continua influente. Quando despontaram para o sucesso mundial, em 2008, os integrantes do grupo musical Jonas Brothers não saíam de casa sem seus anéis. A cantora jovem Miley Cyrus o adotou também.
Alguns ativistas da castidade se amparam em pesquisas que mostram as vantagens da opção. Em janeiro, um pesquisador da universidade americana Brigham Young, ligada à igreja mórmon, entrevistou 2.035 pessoas, religiosas ou não, com idade entre 19 e 71 anos e períodos de casamento que variam de seis a 20 anos. Os casais que dizem não ter feito sexo antes do matrimônio apresentaram um relacionamento melhor em quatro aspectos: comunicação, satisfação com o relacionamento, percepção da estabilidade e até qualidade sexual.
Difícil é manter o voto de castidade. Em 2004, Sandy declarou que “não considerava virgindade fundamental para o casamento”. Casou-se em 2008. Nos Estados Unidos, Kevin, o mais velho dos Jonas, manteve seu anel de pureza no dedo até trocá-lo por um de casamento, em 2009. Seus irmãos Joe e Nick, porém, abandonaram a abstinência – ao menos como bandeira de campanha. Miley também. Os três passaram a ser vistos no ano passado com os dedos despidos.
-----------Reportagem por Luíza Karam
Fonte: Revista Época on line, 27/06/2011
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