quarta-feira, 22 de junho de 2011

Alterações no código genético

Sessenta mutações ocorrem a cada geração, diz estudo

Pesquisa revela mutações tanto no esperma como no óvulo (Thinkstock)

Alterações no código genético humano ao longo
da evolução podem ser mais lentas do que cientistas supunham

Nos filmes da série X-Men, seres mutantes são vítimas do preconceito da população não-mutante. Na vida real, essa oposição não faz sentido: somos todos mutantes - mesmo que não se conheçam poderes tão espetaculares quanto os do Wolverine ou Magneto. Uma pesquisa internacional, realizada pelo instituto britânico Wellcome Trust Sanger ao lado de cientistas de Montreal (Canadá) e Boston (EUA), acaba de revelar que de geração a geração ocorrem cerca de 60 mutações.
Mutações no código genético podem ser causadas por erros na cópia de material genético, agressão de agentes externos ou por processos conhecidos como hipermutação, por meio dos quais o sistema imunológico se adapta a novos elementos invasores. Estas alterações são corriqueiras e estão na base da teoria da evolução: eventualmente, mutações vantajosas são favorecidas por seleção natural.
O ritmo de mutações em seres humanos é ainda pouco conhecido. Para estudá-lo, os pesquisadores mediram o número de mutações em duas famílias usando como referência a sequência genética inteira obtida pelo 1000 Genomes Project. Os resultados revelam que genomas humanos estão suscetíveis a alterações no DNA que ocorrem tanto no esperma como no óvulo – que, portanto, não correspondem a mutações carregadas pelos pais como herança genética.
Inesperadamente, os pesquisadores descobriram que, ao menos em uma família, 92 por cento das mutações derivavam do pai, enquanto em outra família apenas 36 por cento vinha do pai. "Nós, geneticistas, teorizamos que as taxas de mutação poderiam ser diferentes entre sexos ou pessoas", explicou Matt Hurles, responsável sênior do Wellcome Trust Sanger Institute. "Agora sabemos que, em algumas famílias, a maioria das mutações pode chegar da mãe, e em outras chegará do pai. Isso é uma surpresa: muitas pessoas esperavam que em todas as famílias a maior parte das mutações viesse do pai, devido ao número adicional de vezes que o genoma precisa ser copiado para fazer um espermatozoide."
Por meio deste trabalho, pesquisadores podem agora revisar o número de gerações que nos separam de ancestrais como o macaco. "Em princípio, a evolução está ocorrendo um terço mais devagar do que se supunha antes", diz Philip Awadalla, da Universidade de Montreal. Os resultados levantam ainda questões importantes sobre a influência que a idade dos pais pode ter em relação a estas mutações.
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Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/Acesso 22/06/2011

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