sexta-feira, 17 de junho de 2011

Empolgado com a nuvem? Prepare-se para a limitação de dados

David Pogue*

 O mundo tech parece se mover aos trancos e espasmos,
e agora estamos no meio da onda “nuvem”.

Pessoalmente, acho o termo “na nuvem” pretensioso e incômodo. Eles não querem dizer simplesmente “online”? Sim, percebo que profissionais de computação estão se referindo a alguma coisa muito mais específica – “dados e software aplicativo armazenados em servidores remotos”, por exemplo – mas os marqueteiros da palavra e a turma de relações públicas parecem pensar que “a nuvem” significa apenas “online”. (“Agora você pode comprar seus artigos de toalete na nuvem!!”)
Em minha coluna do New York Times de hoje (quinta-feira), por exemplo, analisei o primeiro Google Chromebook: um laptop sem disco rígido, sem programas de software em placa, sem arquivos e pastas, sem sistema operacional tradicional. Tudo isso é conectado à Web. Seus arquivos, seus programas, seu e-mail e suas fotos estão todos “na nuvem”, isto é, “em sites da Web”.
Depois há a nova iniciativa iCloud da Apple, que ela anunciou na semana passada e pretende oferecer ainda este ano, É um serviço gratuito que sincroniza e-mail, caderneta de endereços, calendário, marcador de livros, iBooks, compras de aplicativos, compras de canções e fotos entre seus iPhone, iPad, Macs, PCs e a Web. Tire uma foto com seu iPhone, e ela aparece automaticamente no seu computador e seu iPad. Ele também faz backups automáticos de seu iPhone e iPad por Wi-Fi a cada dia.
Essas não são as únicas megatendências hoje em dia, tampouco. Vejam as mudanças enormes na assistência de filmes e TV. Essas também estão chovendo da “nuvem”.
E nossas ligações telefônicas. Cada vez mais pessoas evitam usar seus minutos de celular apoiando-se na internet para transmitir suas vozes por meiode aplicativos como Skype e Line2.
Essas megatendências são todas ótimas e empolgantes e economizam dinheiro. Infelizmente, elas envolvem transferências enormes de dados de um lado pra outro na internet, E isso significa que estamos prestes a entrar numa megatendência bem menos empolgante: limites de dados.
Sim, estou falando da nova era de limitação da quantidade de dados na internet. Todas essas megatendências consomem quantidades enormes de largura de banda. Todo essa atividade de upload e download, toda essa sincronização, toda essa computação em nuvem supõe que se tenha uma conexão de internet com enorme capacidade e velocidade.
Mas sua operadora de celular não quer que você tenha uma conexão dessas. Não há uma única operadora de celular que ofereça um plano de transmissão ilimitada de dados a plena velocidade. A T-Mobile oferece dados ilimitados, mas se a pessoa ultrapassar determinado patamar, a conexão é automaticamente desacelerada. E alguns poucos proprietários afortunados de iPhone AT&T ainda têm planos ilimitados, herança dos velhos tempos – mas aposto que eles também desaparecerão.
O.K., isso quanto aos celulares. Pode-se compreender o ponto de vista das operadoras. Todos esses iPhones e telefones Android usam quantidades imensas de capacidade de celular sem fio, e isso estava desacelerando as conexões de todos. Limites são necessários, eles podem argumentar, caso contrário a rede toda vai congestionar até parar.
Mas essa não é a pior megatendência. A pior é a que limita os planos de dados domésticos. Isso mesmo: Time Warner, Comcast e outras provedoras de banda larga estão colocando limites à quantidade mensal de dados que você obtém, mesmo em casa.
E isso, meus amigos, é um desdobramento assustador. Como poderemos desfrutar nossa nuvem se só tivermos um acesso seletivo a ela? Como o ousado mundo novo da computação online vai deslanchar se o medidor estiver registrando tarifas de excesso punitivas toda vez que olharmos nossas fotos?
Por alguma razão, a lógica por trás dos limites das linhas cabeadas (modems de cabo, DSL) é mais difícil de avaliar que a de celulares . Simplesmente não parece que alguns megabytes a mais deveriam custar nada à Comcast: são apenas bits fluindo.
Não sei qual é a solução. Não se sei alguém está pensando nisso. Mas grandes mudanças estão a caminho. Há grandes forças prestes a moldar nossas vidas online. E neste momento elas estão numa rota de colisão direta.
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*A coluna de tecnologia da David Pogue tem sido publicada todas as quintas-feiras no New York Times desde 2000. Toda semana, ele também assina a coluna por e-mail “From the Desk of David Pogue” do NY Times, cria curtos e engraçados vídeos para o NYTimes.com, e escreve posts para seu blog Pogue’s Posts. Em sua outra vida, David é correspondente da CBS News e ganhador de um Emmy, além de ser contribuidor do programa “Morning Edition” da emissora NPR, criador da série de livros Missing Manuals, sobre computadores, e pai de três filhos.

Tradução de Celso Paciornik
* Publicado originalmente em 16/06/2011
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/david-pogue/about/17/06/2011
Imagem da Internet

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