Presidente estampa capa da nova edição do veículo britânico. À sombra do ex-presidente dos EUA, líder brasileiro é apresentado como 'O homem que queria ser Trump'
A revista britânica The Economist publicou, nesta quinta-feira (8), a capa da sua nova edição com a imagem do presidente Jair Bolsonaro, diante da sombra do ex-mandatário dos Estados Unidos Donald Trump. A montagem acompanha a manchete “O homem que queria ser Trump” e o subtítulo “Bolsonaro prepara sua Grande Mentira no Brasil”. A farsa se refere à narrativa construída pelo americano quando afirmou que venceu Joe Biden em 2020, não assumindo a própria derrota.
O artigo principal da Economist afirmou que Bolsonaro é uma “ameaça à democracia brasileira”, independente se ele ganhar ou perder as eleições de 2022. O texto destacou que todas as pesquisas apontam que Bolsonaro “provavelmente irá perder”, mas que a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro tem sido colocada em dúvida pelo presidente, sem provas concretas.
A Economist lembrou que Bolsonaro já declarou que aceitará o resultado das urnas, se for “limpo e transparente”. “O sistema de votação eletrônica do Brasil é bem administrado e difícil de adulterar (...) [Mas] Bolsonaro continua dizendo que as pesquisas estão erradas e que ele está a caminho de vencer”, afirmou a publicação. O artigo se apoia em outros argumentos para defender que Bolsonaro estaria preparando o discurso de uma fraude eleitoral, já que, segundo a revista, ele busca constantemente “maneiras de destruir as estruturas” da democracia no país, e que seus “instintos” são “tão autoritários quanto os de Trump”.
De acordo com a avaliação da Economist, um golpe de Estado “provavelmente não vai ocorrer”, mas pode haver no Brasil algum tipo de insurreição, tal qual se viu na invasão ao Congresso americano, em 6 de janeiro de 2021, quando uma multidão de apoiadores de Donald Trump tentou impedir a posse do democrata Joe Biden.
Nesta quinta-feira (8), o ex-presidente americano Donald Trump usou a sua própria rede social, a Truth Social, para anunciar publicamente seu apoio à reeleição de Bolsonaro. “O presidente Jair Bolsonaro ama o Brasil acima de todas as coisas. Ele é um homem maravilhoso e tem meu apoio total e completo”, escreveu.
O artigo da Economist também destacou os episódios frequentes de incitação à violência por parte de Jair Bolsonaro e afirmou que seus apoiadores “estão mais armados do que nunca”, em alusão à política de flexibilização de posse e porte de armas e munições, apoiada pelo líder brasileiro.
A revista britânica mencionou o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, à frente de Bolsonaro nas intenções de voto, como um “apoiador da democracia”. Lula foi classificado como um “esquerdista pragmático” apesar de, segundo o veículo, estar “longe de ser o candidato ideal” para o posto.
A nova edição da revista foi lançada um dia após a celebração do bicentenário da Independência do Brasil, data na qual, em meio aos desfiles militares do feriado cívico, o presidente deu ao evento tons de comício de campanha e voltou a atacar o Supremo e o candidato petista.
Referência do pensamento liberal em todo o mundo, a The Economist já estampou o Brasil em sua capa em outras ocasiões. O próprio Bolsonaro já foi citado: em setembro de 2018, às vésperas de ser eleito, ele foi apresentado como “A mais recente ameaça da América Latina”. Em novembro de 2021, a revista publicou um artigo com críticas à gestão econômica do presidente e do seu ministro, Paulo Guedes, afirmando que ambos eram ruins para o país. À época, a Secretaria de Comunicação do governo reagiu com uma série de tuítes, atacando a revista.
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/extra/2022/09/08/The-Economist-diz-que-Bolsonaro-%C3%A9-%E2%80%98amea%C3%A7a-%C3%A0-democracia%E2%80%99?posicao-home-direita=3&utm_source=NexoNL&utm_medium=Email&utm_campaign=anexo
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