Dee Leopold diz que Harvard gosta de ver autoconfiança, mas com humildade
Apenas 12% dos estudantes que se candidataram para o curso de MBA da
Universidade Harvard foram selecionados no ano passado. Separar o joio
do trigo é o trabalho de Dee Leopold.
Leopold, diretora de admissões e suporte financeiro do programa de MBA da Faculdade de Administração da Harvard (HBS, pela sigla em inglês), que só oferece cursos de pós-graduação, entrou para o departamento de seleção depois de se formar em 1980 e assumiu sua direção em 2006. Embora ela não leia todas as mais de 9.000 inscrições apresentadas a cada ano, Leopold lê o pacote de inscrição dos 1.800 candidatos convidados para a entrevista. Cerca de metade é aceita para o programa.
Harvard tem aceitado mais engenheiros que no passado, bem como alunos com experiência internacional.
Leopold conversou com o The Wall Street Journal sobre como são tomadas as decisões de seleção na Harvard e o que realmente conta numa inscrição para o programa de MBA.
WSJ: Quanto tempo a sra. gasta em cada inscrição?
Dee Leopold: Dez minutos no mínimo, e se você agregar todas as vezes que eu volto a lê-las, provavelmente uns 30 minutos. Eu dou uma lida rápida, olho os detalhes e depois volto. Organizo tudo em pilhas diferentes - coisas que eu preciso reler com mais tempo, coisas que dá para confiar na minha primeira impressão.
WSJ: Os candidatos mostram quem são por meio de uma redação. No seu ponto de vista, quão importante é essa redação?
Leopold: Acho que as pessoas superestimam o papel da redação no processo de seleção. Elas são muito, muito úteis para o candidato, e são uma plataforma muito boa para iniciar uma conversa em uma entrevista, mas não selecionamos pessoas por causa de uma redação.
Não preciso muito de um arco dramático. Há algumas redações que começo a ler e, de repente, sinto como se estivesse no meio de um romance muito bem escrito. Pode haver um exagero no preciosismo. O desafio na redação é ser honesta e clara. Pode ser útil para alguém para dizer, "Não tenho idéia sobre o que você está falando". Evitar jargões também ajuda.
WSJ: De quem a sra. gosta de ver recomendações?
Leopold: Nosso formulário para as pessoas que fazem recomendações tem uma questão que diz: "Por favor, descreva a parte mais importante de uma crítica construtiva que você fez ao candidato." Se a pessoa puder responder isso, então conhece bem o candidato. Uma pessoa não sai por aí fazendo críticas construtivas a estranhos.
A melhor recomendação tem um monte de verbos e menciona: "Ele fez isso", em vez de exibir uma série de adjetivos que só descrevem o candidato.
WSJ: A sra. alguma vez questionou suas decisões de seleção?
Leopold: Claro. Este processo não é perfeito. Nós somos como clínicos gerais experientes que veem um monte de pacientes.
Estamos fazendo uma triagem para eliminar qualidades indesejáveis, que seriam tóxicas em nossa comunidade. Nós gostamos de acreditar que nossos detectores de arrogância são muito bons. Estamos à procura de autoconfiança, mas com humildade.
Eu estava numa rodada de entrevistas no Harvard Club, em Nova York, e a pessoa que eu tinha de entrevistar entrou em uma conversa com uma senhora e sua filha. Elas eram adoráveis, mas não [o] deixavam se despedir. Ele sabia que tinha 30 minutos, que eu estava lá de pé esperando, mas tratou essas pessoas com muita delicadeza e serenidade. Isso é uma coisa bonita de ver.
WSJ: O que a sra. quer ver quando alguém volta a se inscrever?
Leopold: É preciso encontrar um equilíbrio entre enviar a mesma inscrição que não funcionou da primeira vez versus mudar absolutamente tudo e dar a impressão que você teve alguma experiência transcendental e é agora uma pessoa totalmente diferente. Muitas vezes os candidatos bem-sucedidos reutilizam os mesmos princípios, mas refletem sobre eles com mais um ano de maturidade ou experiência.
WSJ: As pessoas costumam estudar o perfil das classes admitidas para ter uma ideia se elas se encaixam. A sra. tem observado alguma tendência em termos de quem está se candidatando, ou quem está participando do programa?
Leopold: Não temos um perfil definido. Tenho visto mais pessoas com experiência empresarial, e temos mais engenheiros. Sempre tivemos uma mistura muito saudável de pessoas de diversos países, embora esteja cada vez mais difícil classificar alguém pelo seu passaporte.
Eu adoraria encontrar uma maneira de contar melhor essa história. Vamos tentar algo um pouco diferente este ano, pedindo [aos alunos admitidos] que respondam a algumas perguntas: Quantos estiveram envolvidos numa empresa iniciante? Quantos trabalharam em outros países? Isso pode não aparecer na experiência de trabalho mais recente, que é a forma que usávamos para definir o perfil de uma classe antes.
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Reportagem Por Melissa Korn | The Wall Street Journal
Leopold, diretora de admissões e suporte financeiro do programa de MBA da Faculdade de Administração da Harvard (HBS, pela sigla em inglês), que só oferece cursos de pós-graduação, entrou para o departamento de seleção depois de se formar em 1980 e assumiu sua direção em 2006. Embora ela não leia todas as mais de 9.000 inscrições apresentadas a cada ano, Leopold lê o pacote de inscrição dos 1.800 candidatos convidados para a entrevista. Cerca de metade é aceita para o programa.
Harvard tem aceitado mais engenheiros que no passado, bem como alunos com experiência internacional.
Leopold conversou com o The Wall Street Journal sobre como são tomadas as decisões de seleção na Harvard e o que realmente conta numa inscrição para o programa de MBA.
WSJ: Quanto tempo a sra. gasta em cada inscrição?
Dee Leopold: Dez minutos no mínimo, e se você agregar todas as vezes que eu volto a lê-las, provavelmente uns 30 minutos. Eu dou uma lida rápida, olho os detalhes e depois volto. Organizo tudo em pilhas diferentes - coisas que eu preciso reler com mais tempo, coisas que dá para confiar na minha primeira impressão.
WSJ: Os candidatos mostram quem são por meio de uma redação. No seu ponto de vista, quão importante é essa redação?
Leopold: Acho que as pessoas superestimam o papel da redação no processo de seleção. Elas são muito, muito úteis para o candidato, e são uma plataforma muito boa para iniciar uma conversa em uma entrevista, mas não selecionamos pessoas por causa de uma redação.
Não preciso muito de um arco dramático. Há algumas redações que começo a ler e, de repente, sinto como se estivesse no meio de um romance muito bem escrito. Pode haver um exagero no preciosismo. O desafio na redação é ser honesta e clara. Pode ser útil para alguém para dizer, "Não tenho idéia sobre o que você está falando". Evitar jargões também ajuda.
WSJ: De quem a sra. gosta de ver recomendações?
Leopold: Nosso formulário para as pessoas que fazem recomendações tem uma questão que diz: "Por favor, descreva a parte mais importante de uma crítica construtiva que você fez ao candidato." Se a pessoa puder responder isso, então conhece bem o candidato. Uma pessoa não sai por aí fazendo críticas construtivas a estranhos.
A melhor recomendação tem um monte de verbos e menciona: "Ele fez isso", em vez de exibir uma série de adjetivos que só descrevem o candidato.
WSJ: A sra. alguma vez questionou suas decisões de seleção?
Leopold: Claro. Este processo não é perfeito. Nós somos como clínicos gerais experientes que veem um monte de pacientes.
Estamos fazendo uma triagem para eliminar qualidades indesejáveis, que seriam tóxicas em nossa comunidade. Nós gostamos de acreditar que nossos detectores de arrogância são muito bons. Estamos à procura de autoconfiança, mas com humildade.
Eu estava numa rodada de entrevistas no Harvard Club, em Nova York, e a pessoa que eu tinha de entrevistar entrou em uma conversa com uma senhora e sua filha. Elas eram adoráveis, mas não [o] deixavam se despedir. Ele sabia que tinha 30 minutos, que eu estava lá de pé esperando, mas tratou essas pessoas com muita delicadeza e serenidade. Isso é uma coisa bonita de ver.
WSJ: O que a sra. quer ver quando alguém volta a se inscrever?
Leopold: É preciso encontrar um equilíbrio entre enviar a mesma inscrição que não funcionou da primeira vez versus mudar absolutamente tudo e dar a impressão que você teve alguma experiência transcendental e é agora uma pessoa totalmente diferente. Muitas vezes os candidatos bem-sucedidos reutilizam os mesmos princípios, mas refletem sobre eles com mais um ano de maturidade ou experiência.
WSJ: As pessoas costumam estudar o perfil das classes admitidas para ter uma ideia se elas se encaixam. A sra. tem observado alguma tendência em termos de quem está se candidatando, ou quem está participando do programa?
Leopold: Não temos um perfil definido. Tenho visto mais pessoas com experiência empresarial, e temos mais engenheiros. Sempre tivemos uma mistura muito saudável de pessoas de diversos países, embora esteja cada vez mais difícil classificar alguém pelo seu passaporte.
Eu adoraria encontrar uma maneira de contar melhor essa história. Vamos tentar algo um pouco diferente este ano, pedindo [aos alunos admitidos] que respondam a algumas perguntas: Quantos estiveram envolvidos numa empresa iniciante? Quantos trabalharam em outros países? Isso pode não aparecer na experiência de trabalho mais recente, que é a forma que usávamos para definir o perfil de uma classe antes.
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Reportagem Por Melissa Korn | The Wall Street Journal
Fonte: Valor Econômico on line, 07/03/2012
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