Raízes da criatividade
Criatividade é mais um potencial do que um sinal de rara inteligência
De onde vêm as boas ideias? Por séculos, todo o crédito desses
misteriosos presentes foi para a fé, sorte e algumas musas mitológicas.
Mas presumir que a criatividade é um aspecto elevado, concedido apenas a
alguns é tanto contraproducente como tolo, argumenta Jonah Lehrer em Imagine,
um inteligente novo livro sobre “como a criatividade funciona”.
Utilizando-se de um grande conjunto de pesquisas científicas e
sociológicas– incluindo a poesia de W.H. Auden e os filmes da Pixar –
Lehrer argumenta de modo convincente que a inovação não só pode ser
estudado e medida, como também nutrida e encorajada.
Nos arredores de St. Paul, Minnesota, localiza-se o extenso quartel
general corporativo da 3M. A empresa vende mais de 55 mil
produtos,dentre os quais lâmpadas de postes e telas sensíveis ao toque, e
é ranqueada como a terceira empresa mais criativa do mundo, mas quando
Lehrer fez uma visita, ele encontrou funcionários fazendo toda sorte de
frivolidades, como jogar pinball e passear a esmo pelo terreno. Na
verdade, esses funcionários são impelidos a incluir em seus expedientes
pequenos intervalos, porque o distanciamento pode contribuir para surgir
um insight. Isto se dá porque interromper o trabalho com uma atividade
relaxante permite à mente se voltar para dentro, onde é possível
resolver um problema e criar conexões sutis em um nível subconsciente (o
cérebro encontra-se incrivelmente ocupado em momentos de devaneio).
“Isso explica porque tantos insights acontecem durante banhos quentes”,
diz Joydeep Bhattacharaya, um psicólogo da Universidade de Londres, em
Goldsmith.
“a criatividade é o
resíduo
do tempo desperdiçado”.
Albert Einstein:
Entretanto, essa é apenas uma das razões que explica a produção
criativa da 3M (e a 3M é apenas um exemplo dentre muitos deste livro). A
empresa também encoraja seus funcionários a se arriscar, não só
investindo em pesquisa (8% de seu faturamento bruto), mas também por
esperar que seus empregados dediquem cerca de 15% de seu tempo a ideias
especulativas. A razão do sucesso dessa abordagem – e o porquê desta ter
sido imitada por outras companhias astutas como a Google – deve-se ao
fato de que muitos avanços se dão quando pessoas vão além de suas áreas
de especialização. Geralmente é preciso que alguém de fora faça
perguntas bobas para que uma solução pouco convencional seja gerada. É
por isso que os jovens tendem a ser os mais inovadores em todos os
campos, como na física e na música.Trata-se de um livro cativante e inspirador que revela a criatividade mais como um potencial do que como um sinal de rara inteligência. Lehrer conclui com um apelo por métodos que “aumentam a criatividade coletiva”. Ele sugere uma maior permissão à imigração, maior abertura a riscos e mais possibilidades de apropriações e adaptações culturais (ao cortar pela raiz a enxurrada de patentes e pedidos de copyrights vagos). Ele também adverte que o trabalho toma muito tempo, suor e persistência. Ou, como disse Albert Einstein: “a criatividade é o resíduo do tempo desperdiçado”.
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http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/de-onde-vem-as-boas-ideias/27/03/2012
O vídeo que foi criado para ilustrar este assunto também ficou muito bom, assim como seu artigo. Parabéns! Sua visão sobre o livro inspira bastante a leitura do mesmo.
ResponderExcluir#ficaadica para quem quiser ver o video sobre este assunto. http://adrianofoss.com.br/de-onde-vem-as-boas-ideias/