segunda-feira, 25 de abril de 2016

A dura tarefa de ser crítico em tempos de massificação

A dura tarefa de ser crítico em tempos de massificação
O crítico profissional passou a ser marginalizado como alguém cuja opinião é irrelevante 
(Foto: Wikipedia)

 A massificação cultural versus o exercício da crítica

Estes são momentos difíceis para os especialistas em determinados assuntos e que são pagos para emitir sua opinião. A voz oracular da autoridade está sendo substituída pela voz de uma pessoa qualquer, o estudioso reconhecido por sua erudição foi destronado pelo colaborador anônimo da Wikipedia. Como as avaliações de qualidade estão cada vez mais sendo feitas pelas comunidades online, como o botão “Curtir” do Facebook, os aplicativos da Yelp, e os algoritmos que preveem as preferências dos consumidores com base em compras anteriores, o crítico profissional passou a ser marginalizado como alguém cuja opinião é irrelevante ou, na pior das hipóteses, como a personificação de um elitista e de um patriarcado antidemocrático.

Poucas pessoas estão em posição melhor para responder a essa inversão de papéis e à massificação de hábitos, opiniões, valores etc. do que A. O. Scott, um crítico de cinema do New York Times. Como ele menciona em Better Living Through Criticism: How to Think about Art, Pleasure, Beauty, and Truth, seu novo livro em defesa de sua profissão e da capacidade de crítica do ser humano, o “crítico” foi sempre visto de forma pejorativa em uma posição intermediária entre um “agente funerário” e um “cobrador de impostos” em termos de popularidade. Os artistas tendem a ver os críticos como parasitas que se alimentam da criatividade, enquanto o público em geral pergunta o que lhes dá direito de opinar sobre assuntos que pertencem a todos. “A crítica não é agradável”, admite Scott. “A crítica procura falhas, enfatiza os aspectos negativos, estraga o prazer alheio e não poupa os sentimentos delicados de outras pessoas.”

Mas esse juízo crítico é essencial. Sem juízes atentos e desinteressados, todos estariam à mercê dos interesses dos comerciantes. “A cultura agora é dominada pelo consumo”, disse Scott, e cabe ao crítico proteger o público da influência do marketing, das fraudes e dos aparentes sucessos de bilheteria. A crítica, portanto, “não é um inimigo do qual a arte precisa se defender, ao contrário, sua função é de proteger a integridade da arte”.
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Fontes:  http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/a-dura-tarefa-de-ser-critico-em-tempos-de-massificacao/
  Em inglês - http://www.economist.com/news/books-and-arts/21696918-everyones-critic

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