O crítico profissional passou a ser marginalizado como alguém cuja opinião é irrelevante
(Foto: Wikipedia)
A massificação cultural versus o exercício da crítica
Estes são momentos difíceis para os especialistas em determinados
assuntos e que são pagos para emitir sua opinião. A voz oracular da
autoridade está sendo substituída pela voz de uma pessoa qualquer, o
estudioso reconhecido por sua erudição foi destronado pelo colaborador
anônimo da Wikipedia. Como as avaliações de qualidade estão cada vez
mais sendo feitas pelas comunidades online, como o botão “Curtir” do
Facebook, os aplicativos da Yelp, e os algoritmos que preveem as
preferências dos consumidores com base em compras anteriores, o crítico
profissional passou a ser marginalizado como alguém cuja opinião é
irrelevante ou, na pior das hipóteses, como a personificação de um
elitista e de um patriarcado antidemocrático.
Poucas pessoas estão em posição melhor para responder a essa inversão
de papéis e à massificação de hábitos, opiniões, valores etc. do que A.
O. Scott, um crítico de cinema do New York Times. Como ele menciona em Better Living Through Criticism: How to Think about Art, Pleasure, Beauty, and Truth,
seu novo livro em defesa de sua profissão e da capacidade de crítica do
ser humano, o “crítico” foi sempre visto de forma pejorativa em uma
posição intermediária entre um “agente funerário” e um “cobrador de
impostos” em termos de popularidade. Os artistas tendem a ver os
críticos como parasitas que se alimentam da criatividade, enquanto o
público em geral pergunta o que lhes dá direito de opinar sobre assuntos
que pertencem a todos. “A crítica não é agradável”, admite Scott. “A
crítica procura falhas, enfatiza os aspectos negativos, estraga o prazer
alheio e não poupa os sentimentos delicados de outras pessoas.”
Mas esse juízo crítico é essencial. Sem juízes atentos e
desinteressados, todos estariam à mercê dos interesses dos comerciantes.
“A cultura agora é dominada pelo consumo”, disse Scott, e cabe ao
crítico proteger o público da influência do marketing, das fraudes e dos
aparentes sucessos de bilheteria. A crítica, portanto, “não é um
inimigo do qual a arte precisa se defender, ao contrário, sua função é
de proteger a integridade da arte”.
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Fontes: http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/a-dura-tarefa-de-ser-critico-em-tempos-de-massificacao/
Em inglês - http://www.economist.com/news/books-and-arts/21696918-everyones-critic
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