O antigo líder cubano falou na sessão de encerramento do Congresso
do Partido Comunista Cubano. Prestes a fazer 90 anos, Fidel Castro
assume nunca ter esperado viver tanto tempo.
Com a aproximação dos 90 anos, Fidel Castro lembra, num discurso
aos membros do Partido Comunista Cubano, que é mortal como os demais.
“Em
breve farei 90 anos, nunca me tinha ocorrido tal ideia e nunca foi
fruto de esforço, foi um capricho da sorte. Em breve serei como todos os
outros”, disse
Fidel Castro no discurso. “A todos chegará a sua vez, mas as ideias dos
comunistas cubanos permanecerão como prova de que neste planeta, se
trabalharmos com fervor e dignidade, podemos produzir os bens materiais e
culturais que os seres humanos precisam e devemos lutar incansavelmente
para obtê-lo.”
Desde
que deixou o poder em Cuba, em 2006, muito se tem especulado sobre a
saúde de Fidel Castro. E sempre que se ausenta da esfera pública durante
muito tempo, fala-se mesmo a sua morte. Mas nunca, como esta
terça-feira, o antigo líder cubano tinha sido tão claro sobre o seu
futuro, refere o jornal espanhol El Mundo.
“Talvez
esta seja uma das últimas vezes que eu falo nesta sala”, disse Fidel
Castro na sessão de encerramento do congresso de o Partido Comunista de
Cuba, em Havana, perante uma audiência de 1.300 membros do partido. Este
terá sido o discurso mais longo desde que deixou a presidência para o
irmão Raul Castro e soou, a alguns, como uma despedida.
Fidel
Castro esteve no poder de 1959 a 2006, quando adoeceu. Foram 52 anos no
poder, o que compara com os “meros” 36 anos em que Salazar governou
Portugal. Ou com os quase 37 anos que José Eduardo dos Santos já leva
como Presidente de Angola.
O
irmão, Raul Castro, assumiu a liderança de Cuba em 2008 e tem o lugar
garantido no poder até 2021. No entanto, o atual Presidente cubano
afirmou que vai deixar o cargo em fevereiro de 2018, quando completar o
segundo mandato de cinco anos. Até lá espera mudar a Constituição para
que ninguém possa manter um alto cargo por mais de 10 anos. Mais: o
líder propõe os 60 anos como limite de idade para a entrada de novos
membros no Comité Central do partido.
Os cubanos mais novos, sem
memória dos tempos da revolução, dão entretanto sinais de
descontentamento pois têm de viver com salários de 25 dólares – aqueles
que paga o Estado – e, depois, lutar pelos bens essenciais nas lojas que
também pertencem ao governo. É uma situação que explica o facto de a
emigração para os Estados Unidos e para outros países estar hoje num dos
níveis mais elevados desde a revolução.
* Discurso de Fidel Castro, no Congresso do Partido Comunista Cubano,
divulgado pela Associated Press:
https://www.youtube.com/watch?v=bERV3xqbKiI
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