Lipovetsky refletiu sobre a filosofia
da "leveza" na sociedade contemporânea hiperconsumista Lipovetsky
refletiu sobre a filosofia da "leveza" na sociedade contemporânea
hiperconsumista
LUIZ MUNHOZ/FRONTEIRAS DO PENSAMENTO/DIVULGAÇÃO/JC
Bárbara Lima
O filósofo francês Gilles Lipovetsky e
o economista brasileiro Eduardo Giannetti debateram, na noite desta
segunda-feira (5), em frente à plateia lotada do Fronteiras do Pensamento, no
Salão de Atos da Ufrgs, em Porto Alegre, questões sobre a sociedade
contemporânea, o hiperconsumo e as consequências da economia desse sistema para
o meio ambiente. Após a apresentação do tema, os dois conferencistas
responderam as perguntas do público.
Lipovetsky, que lançou recentemente o
livro Da Leveza, iniciou seu discurso comparando a lógica do viver pesado,
relacionado ao trabalho e sacrifício, princípios que influenciavam mais o
comportamento do século XX, com a lógica do viver leve, do hiperconsumo – que
prioriza o lazer, viagens, jogos e experiências. O leve se tornou um valor e um
ideal. A busca pelo zen, pela desaceleração e pelo equilíbrio são temas caros a
sociedade atual.
Segundo Lipovetsky, no entanto, há um
paradoxo na sociedade “light”: ao mesmo tempo em que se utiliza a tecnologia
dos carros, por exemplo, para viagens rápidas – algo que tornaria a vida mais
leve, ligeira e prática – os motoristas estão presos e estressados no trânsito.
As pessoas consomem, para ele, porque
“o apetite da novidade se tornou a nossa nova droga” e quando desejos
consumistas não são saciados frequentemente, o sentimento de vazio é
“avassalador”. Países desenvolvidos economicamente apresentam altos índices de
ansiedade, depressão e suicídios.
Apesar da constatação aparentemente
pessimista, o francês disse que não se deve condenar o hiperconsumo, nem o
elogiar, a fim de encontrar um equilíbrio real. “Consumo também é saúde, boa
alimentação e remédios, então, não podemos demonizar tudo”, afirmou. Antes de
passar a palavra para Giannetti, Lipovetsky propôs algumas possíveis soluções
para este equilíbrio. “Eu acho que a humanidade espera outra coisa além da fuga
para o consumismo. Isso não é o diabo, mas não é o melhor para o século XXI.
Precisamos de menos paixão pelo consumo e de mais paixão pelo conhecimento.
Precisamos do gosto pelo pensar. Precisamos de escola”, concluiu.
Já Giannetti ressaltou a importância de
pensar a economia pelo viés ambiental. Para compor sua fala, ele se utilizou da
proposição do Papa Francisco e de dados a respeito da emissão de gás carbônico
no mundo. Conforme ele, de 7 bilhões de humanos, apenas 1 bilhão é responsável
por cerca de 50% do total da emissão do gás poluente.
Segundo o economista, os “bens
posicionáveis”, aqueles que conferem status por sua exclusividade, são os mais
requisitados por todas as classes: pessoas em situação de pobreza desejam
ascender à classe média, e a classe média que quer se tornar rica. A
consequência desse hiperconsumismo é o descontrole das bases naturais da Terra.
Complementando Lipovetsky, o economista
evidenciou outro paradoxo. A ciência, que prometia desvendar o mundo, trouxe
ainda mais dúvidas para humanidade, tornando a existência vazia e sem
propósito. “A tecnologia que pretendia dominar a natureza provoca destruição e
descontrole das bases naturais da vida”, disse.
No final da conferência, quando pegou o
microfone para responder a uma das questões da plateia, Giannetti recebeu
aplausos ao ressaltar a brasilidade das tendências mundiais. “O brasileiro, por
ser fortemente influenciado por culturas afros e indígenas, me parece, cultiva
valores menos consumistas, buscando valorizar o momento”, concluiu.
-----------------
Fonte: - Jornal do Comércio
(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/06/geral/566628-gilles-lipovetsky-e-eduardo-giannetti-debatem-a-sociedade-do-hiperconsumo-no-fronteiras-do-pensamento.html)
Cultura Alterada em 05/06 às 23h22min
Gilles Lipovetsky e Eduardo Giannetti debatem a sociedade do
hiperconsumo no Fronteiras do Pensamento
Lipovetsky refletiu sobre a filosofia da "leveza" na sociedade
contemporânea hiperconsumista
Lipovetsky refletiu sobre a filosofia da "leveza" na sociedade
contemporânea hiperconsumista
LUIZ MUNHOZ/FRONTEIRAS DO PENSAMENTO/DIVULGAÇÃO/JC
Bárbara Lima
O filósofo francês Gilles Lipovetsky e o economista brasileiro Eduardo
Giannetti debateram, na noite desta segunda-feira (5), em frente à
plateia lotada do Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da Ufrgs,
em Porto Alegre, questões sobre a sociedade contemporânea, o
hiperconsumo e as consequências da economia desse sistema para o meio
ambiente. Após a apresentação do tema, os dois conferencistas
responderam as perguntas do público.
Lipovetsky, que lançou recentemente o livro Da Leveza, iniciou seu
discurso comparando a lógica do viver pesado, relacionado ao trabalho e
sacrifício, princípios que influenciavam mais o comportamento do século
XX, com a lógica do viver leve, do hiperconsumo – que prioriza o lazer,
viagens, jogos e experiências. O leve se tornou um valor e um ideal. A
busca pelo zen, pela desaceleração e pelo equilíbrio são temas caros a
sociedade atual.
Segundo Lipovetsky, no entanto, há um paradoxo na sociedade “light”: ao
mesmo tempo em que se utiliza a tecnologia dos carros, por exemplo, para
viagens rápidas – algo que tornaria a vida mais leve, ligeira e prática
– os motoristas estão presos e estressados no trânsito.
As pessoas consomem, para ele, porque “o apetite da novidade se tornou a
nossa nova droga” e quando desejos consumistas não são saciados
frequentemente, o sentimento de vazio é “avassalador”. Países
desenvolvidos economicamente apresentam altos índices de ansiedade,
depressão e suicídios.
Apesar da constatação aparentemente pessimista, o francês disse que não
se deve condenar o hiperconsumo, nem o elogiar, a fim de encontrar um
equilíbrio real. “Consumo também é saúde, boa alimentação e remédios,
então, não podemos demonizar tudo”, afirmou. Antes de passar a palavra
para Giannetti, Lipovetsky propôs algumas possíveis soluções para este
equilíbrio. “Eu acho que a humanidade espera outra coisa além da fuga
para o consumismo. Isso não é o diabo, mas não é o melhor para o século
XXI. Precisamos de menos paixão pelo consumo e de mais paixão pelo
conhecimento. Precisamos do gosto pelo pensar. Precisamos de escola”,
concluiu.
Já Giannetti ressaltou a importância de pensar a economia pelo viés
ambiental. Para compor sua fala, ele se utilizou da proposição do Papa
Francisco e de dados a respeito da emissão de gás carbônico no mundo.
Conforme ele, de 7 bilhões de humanos, apenas 1 bilhão é responsável por
cerca de 50% do total da emissão do gás poluente.
Segundo o economista, os “bens posicionáveis”, aqueles que conferem
status por sua exclusividade, são os mais requisitados por todas as
classes: pessoas em situação de pobreza desejam ascender à classe média,
e a classe média que quer se tornar rica. A consequência desse
hiperconsumismo é o descontrole das bases naturais da Terra.
Complementando Lipovetsky, o economista evidenciou outro paradoxo. A
ciência, que prometia desvendar o mundo, trouxe ainda mais dúvidas para
humanidade, tornando a existência vazia e sem propósito. “A tecnologia
que pretendia dominar a natureza provoca destruição e descontrole das
bases naturais da vida”, disse.
No final da conferência, quando pegou o microfone para responder a uma
das questões da plateia, Giannetti recebeu aplausos ao ressaltar a
brasilidade das tendências mundiais. “O brasileiro, por ser fortemente
influenciado por culturas afros e indígenas, me parece, cultiva valores
menos consumistas, buscando valorizar o momento”, concluiu. - Jornal do
Comércio
(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/06/geral/566628-gilles-lipovetsky-e-eduardo-giannetti-debatem-a-sociedade-do-hiperconsumo-no-fronteiras-do-pensamento.html)
Gilles Lipovetsky e
Eduardo Giannetti debatem a sociedade do hiperconsumo no Fronteiras do
Pensamento
Lipovetsky refletiu sobre a filosofia da "leveza" na sociedade
contemporânea hiperconsumista
Lipovetsky refletiu sobre a filosofia da "leveza" na sociedade
contemporânea hiperconsumista
LUIZ MUNHOZ/FRONTEIRAS DO PENSAMENTO/DIVULGAÇÃO/JC
Bárbara Lima
O filósofo francês Gilles Lipovetsky e o economista brasileiro Eduardo
Giannetti debateram, na noite desta segunda-feira (5), em frente à
plateia lotada do Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da Ufrgs,
em Porto Alegre, questões sobre a sociedade contemporânea, o
hiperconsumo e as consequências da economia desse sistema para o meio
ambiente. Após a apresentação do tema, os dois conferencistas
responderam as perguntas do público.
Lipovetsky, que lançou recentemente o livro Da Leveza, iniciou seu
discurso comparando a lógica do viver pesado, relacionado ao trabalho e
sacrifício, princípios que influenciavam mais o comportamento do século
XX, com a lógica do viver leve, do hiperconsumo – que prioriza o lazer,
viagens, jogos e experiências. O leve se tornou um valor e um ideal. A
busca pelo zen, pela desaceleração e pelo equilíbrio são temas caros a
sociedade atual.
Segundo Lipovetsky, no entanto, há um paradoxo na sociedade “light”: ao
mesmo tempo em que se utiliza a tecnologia dos carros, por exemplo, para
viagens rápidas – algo que tornaria a vida mais leve, ligeira e prática
– os motoristas estão presos e estressados no trânsito.
As pessoas consomem, para ele, porque “o apetite da novidade se tornou a
nossa nova droga” e quando desejos consumistas não são saciados
frequentemente, o sentimento de vazio é “avassalador”. Países
desenvolvidos economicamente apresentam altos índices de ansiedade,
depressão e suicídios.
Apesar da constatação aparentemente pessimista, o francês disse que não
se deve condenar o hiperconsumo, nem o elogiar, a fim de encontrar um
equilíbrio real. “Consumo também é saúde, boa alimentação e remédios,
então, não podemos demonizar tudo”, afirmou. Antes de passar a palavra
para Giannetti, Lipovetsky propôs algumas possíveis soluções para este
equilíbrio. “Eu acho que a humanidade espera outra coisa além da fuga
para o consumismo. Isso não é o diabo, mas não é o melhor para o século
XXI. Precisamos de menos paixão pelo consumo e de mais paixão pelo
conhecimento. Precisamos do gosto pelo pensar. Precisamos de escola”,
concluiu.
Já Giannetti ressaltou a importância de pensar a economia pelo viés
ambiental. Para compor sua fala, ele se utilizou da proposição do Papa
Francisco e de dados a respeito da emissão de gás carbônico no mundo.
Conforme ele, de 7 bilhões de humanos, apenas 1 bilhão é responsável por
cerca de 50% do total da emissão do gás poluente.
Segundo o economista, os “bens posicionáveis”, aqueles que conferem
status por sua exclusividade, são os mais requisitados por todas as
classes: pessoas em situação de pobreza desejam ascender à classe média,
e a classe média que quer se tornar rica. A consequência desse
hiperconsumismo é o descontrole das bases naturais da Terra.
Complementando Lipovetsky, o economista evidenciou outro paradoxo. A
ciência, que prometia desvendar o mundo, trouxe ainda mais dúvidas para
humanidade, tornando a existência vazia e sem propósito. “A tecnologia
que pretendia dominar a natureza provoca destruição e descontrole das
bases naturais da vida”, disse.
No final da conferência, quando pegou o microfone para responder a uma
das questões da plateia, Giannetti recebeu aplausos ao ressaltar a
brasilidade das tendências mundiais. “O brasileiro, por ser fortemente
influenciado por culturas afros e indígenas, me parece, cultiva valores
menos consumistas, buscando valorizar o momento”, concluiu. - Jornal do
Comércio
(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/06/geral/566628-gilles-lipovetsky-e-eduardo-giannetti-debatem-a-sociedade-do-hiperconsumo-no-fronteiras-do-pensamento.html)
Gilles Lipovetsky e
Eduardo Giannetti debatem a sociedade do hiperconsumo no Fronteiras do
Pensamento
Lipovetsky refletiu sobre a filosofia da "leveza" na sociedade
contemporânea hiperconsumista
Lipovetsky refletiu sobre a filosofia da "leveza" na sociedade
contemporânea hiperconsumista
LUIZ MUNHOZ/FRONTEIRAS DO PENSAMENTO/DIVULGAÇÃO/JC
Bárbara Lima
O filósofo francês Gilles Lipovetsky e o economista brasileiro Eduardo
Giannetti debateram, na noite desta segunda-feira (5), em frente à
plateia lotada do Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da Ufrgs,
em Porto Alegre, questões sobre a sociedade contemporânea, o
hiperconsumo e as consequências da economia desse sistema para o meio
ambiente. Após a apresentação do tema, os dois conferencistas
responderam as perguntas do público.
Lipovetsky, que lançou recentemente o livro Da Leveza, iniciou seu
discurso comparando a lógica do viver pesado, relacionado ao trabalho e
sacrifício, princípios que influenciavam mais o comportamento do século
XX, com a lógica do viver leve, do hiperconsumo – que prioriza o lazer,
viagens, jogos e experiências. O leve se tornou um valor e um ideal. A
busca pelo zen, pela desaceleração e pelo equilíbrio são temas caros a
sociedade atual.
Segundo Lipovetsky, no entanto, há um paradoxo na sociedade “light”: ao
mesmo tempo em que se utiliza a tecnologia dos carros, por exemplo, para
viagens rápidas – algo que tornaria a vida mais leve, ligeira e prática
– os motoristas estão presos e estressados no trânsito.
As pessoas consomem, para ele, porque “o apetite da novidade se tornou a
nossa nova droga” e quando desejos consumistas não são saciados
frequentemente, o sentimento de vazio é “avassalador”. Países
desenvolvidos economicamente apresentam altos índices de ansiedade,
depressão e suicídios.
Apesar da constatação aparentemente pessimista, o francês disse que não
se deve condenar o hiperconsumo, nem o elogiar, a fim de encontrar um
equilíbrio real. “Consumo também é saúde, boa alimentação e remédios,
então, não podemos demonizar tudo”, afirmou. Antes de passar a palavra
para Giannetti, Lipovetsky propôs algumas possíveis soluções para este
equilíbrio. “Eu acho que a humanidade espera outra coisa além da fuga
para o consumismo. Isso não é o diabo, mas não é o melhor para o século
XXI. Precisamos de menos paixão pelo consumo e de mais paixão pelo
conhecimento. Precisamos do gosto pelo pensar. Precisamos de escola”,
concluiu.
Já Giannetti ressaltou a importância de pensar a economia pelo viés
ambiental. Para compor sua fala, ele se utilizou da proposição do Papa
Francisco e de dados a respeito da emissão de gás carbônico no mundo.
Conforme ele, de 7 bilhões de humanos, apenas 1 bilhão é responsável por
cerca de 50% do total da emissão do gás poluente.
Segundo o economista, os “bens posicionáveis”, aqueles que conferem
status por sua exclusividade, são os mais requisitados por todas as
classes: pessoas em situação de pobreza desejam ascender à classe média,
e a classe média que quer se tornar rica. A consequência desse
hiperconsumismo é o descontrole das bases naturais da Terra.
Complementando Lipovetsky, o economista evidenciou outro paradoxo. A
ciência, que prometia desvendar o mundo, trouxe ainda mais dúvidas para
humanidade, tornando a existência vazia e sem propósito. “A tecnologia
que pretendia dominar a natureza provoca destruição e descontrole das
bases naturais da vida”, disse.
No final da conferência, quando pegou o microfone para responder a uma
das questões da plateia, Giannetti recebeu aplausos ao ressaltar a
brasilidade das tendências mundiais. “O brasileiro, por ser fortemente
influenciado por culturas afros e indígenas, me parece, cultiva valores
menos consumistas, buscando valorizar o momento”, concluiu. - Jornal do
Comércio
(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/06/geral/566628-gilles-lipovetsky-e-eduardo-giannetti-debatem-a-sociedade-do-hiperconsumo-no-fronteiras-do-pensamento.html)
Nenhum comentário:
Postar um comentário