quarta-feira, 15 de junho de 2016

Em filme de guerra, médica faz parto de freiras estupradas por soldados

Lou de Laâge (dir.) em cena de "Agnus Dei". varilux 2016 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***

Anna Wloch/divulgação

Lou de Laâge (à dir.) como a médica Mathilde de 'Agnus Dei', filme de Anne Fontaine


Uma freira escapa sorrateiramente de seu convento, atravessa uma floresta cheia de neve e pede a crianças que a levem a um médico que não seja polonês nem russo. Assim, a jovem noviça encontra Mathilde, médica da Cruz Vermelha francesa servindo na Polônia, em 1945. 

A partir daí, Mathilde, comunista e ateia, se vê diante do segredo das irmãs do convento: algumas delas foram estupradas por soldados do exército russo e estão prestes a dar à luz.

"Agnus Dei" –"as inocentes" no original francês–, filme de Anne Fontaine ("Natalie X"), está em cartaz no Festival Varilux e deve estrear no circuito em 30 de junho. 

"Mathilde é uma moça que está sempre em ação e sempre avançando, que não para para refletir, se lamentar, sentir empatia, ela só avança", descreve em entrevista à Folha, em São Paulo, Lou de Laâge, a atriz de 26 anos que dá vida à médica no longa. 

Ela conta que teve aulas com uma parteira e com um médico para aprender como simular uma cesária ou a maneira correta de segurar a barriga de uma grávida. 

A disciplina e o medo da vergonha entre as freiras mexeram com a fé da médica, mas não com a da atriz. "Eu sou muito diferente da personagem, ela é comunista, completamente fechada para as questões da fé. Ela nem sequer as colocou antes de encontrar as religiosas, e eu não, não vivo na guerra, tenho muito tempo para pensar nisso", diz. 

De Laâge é uma queridinhas no atual cinema francês e causou furor com a maldosa Sarah em "Respire", de Mélanie Laurent. "Eu só fazia papel de garotinha doce, até que a Mélanie me propôs uma perversa narcisista, e pensei: 'Nossa, isso é um presente'." 

Ela diz não se incomodar que a considerem uma mulher bonita, "mas o que perturba é ser encarcerada ao papel de um único tipo de ser humano por causa de meu físico". 

Quando da estreia de "Agnus Dei" (produção francopolonesa) na Polônia, em março, a Conferência de Madres Superiores do país declarou não haver provas de que freiras beneditinas enclausuradas tenham sido violadas pelos soviéticos. 

Porém, ressaltou que irmãs da ordem de santa Elizabeth não apenas sofreram tal violência como foram "brutalmente assassinadas". Fontaine respondeu alegando que seu filme não pretendia ser um documento histórico sobre um congregação, mas uma ficção baseada em fatos reais. 

FESTIVAL VARILUX
QUANDO de 8 a 22 de junho
ONDE Espaço Itaú, Caixa Belas Artes, Cinearte, Kinoplex Itaim, Cine Sala e outros
PROGRAMAÇÃO www.varilux cinefrances.com 
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Reportagem por  ÚRSULA PASSOS DE SÃO PAULO

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