Aldo Maria Valli (foto) é o vaticanista do Tg1
[principal telejornal italiano], experiente e estimado. O jornalista
administra um portal na internet, que ele alimenta com longas reflexões,
nunca banais. Com um artigo de três páginas, há alguns dias, ele atacou o pontificado do Papa Francisco,
que teria introduzido uma perturbadora confusão na Igreja com a lógica
do "mas também" (para aqueles que são apaixonados por política, ele
relembra a retórica de Walter Veltroni): "Há algum tempo (…) parece possível notar que a lógica do et-et está sendo substituída na nossa Igreja por uma lógica diferente: a do non solum, sed etiam, ou seja, do 'não só, mas também'. Poderia parecer que, no fim das contas, não há diferenças, mas não é bem assim".
A reportagem é de Carlo Tecce, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 04-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Valli contesta a exortação apostólica do Papa Francisco Amoris laetitia, síntese dos Sínodos sobre a família: "Pensemos na Amoris laetitia,
na qual a lógica do "mas também" se encontra um pouco por toda parte.
Muitas vezes, dando origem a afirmações singulares. Tomemos, por
exemplo, o ponto 308, onde se diz: "Os pastores, que propõem aos fiéis o
ideal pleno do Evangelho e a doutrina da Igreja, devem ajudá-los também
a assumir a lógica da compaixão pelas pessoas frágeis e evitar
perseguições ou juízos demasiado duros e impacientes".
Devemos deduzir a partir daí que o modo
mais eficaz de ser compassivo não é exatamente o de propor o ideal pleno
do Evangelho? Além disso, em relação à vexata quaestio acerca
da comunhão aos divorciados recasados, qual é a conclusão? Depois de ler
e reler o texto várias vezes, a resposta é: comunhão sim, mas também
não. Ou: comunhão não, mas também sim. No documento, com efeito, ambas
as conclusões são legitimadas. Leva a isso a lógica do caso a caso,
filha, por sua vez, da ética da situação. Devo-me considerar um pecador? Sim, mas também não. Não, mas também sim. Depende".
Pela autoridade do jornalista e pelo impacto midiático que daí surge, muitos jornais retomaram e comentaram o artigo de Valli. E também no Vaticano, obviamente, examinaram-no com atenção.
O vaticanista Roberto Balducci (Tg3), depois de um programa em que definia como "quatro gatos" os fiéis que ouviam o Papa Ratzinger (efetivamente, a Praça de São Pedro estava vazia), foi removido do cargo, e o diretor, Antonio Di Bella, foi obrigado a pedir desculpas.
Desta vez, a história é diferente. Valli não interveio nas telas da televisão pública, mas a opinião de Valli – a voz e o rosto da Rai que acompanha Jorge Mario Bergoglio – deve ser avaliada com absoluta consideração. Até porque, ampliando o olhar, o grupo de vaticanistas críticos em relação ao Papa Francisco é cada vez mais denso.
O cronista do Tg1, de forma talvez involuntária, compilou um manifesto dos não bergoglianos: "Ser homens e mulheres do et-et significa não ser ambíguos e não deixar espaço para a confusão. A lógica do et-et desemboca na inclusão, não na confusão. Jesus, exemplo do et-et e não do aut-aut,
recomendou que o nosso falar seja 'sim, sim, não, não'. A confusão e a
duplicidade são especialidades do diabo, que, desse modo, persegue o seu
objetivo: separar".
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Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/555968-vaticanista-italiano-lanca-ataque-contra-o-papa
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