Revelação
é feita por biógrafo na véspera
do dia de aniversário do poeta
José Paulo Cavalcanti Filho*
12/06/2016 6:00
A
descoberta de um inédito. Quem escreve sobre algum autor, durante longo tempo,
sempre sonha encontrar um inédito dele. Pelo só prazer de ter feito a
descoberta. Ou por imaginar que o destino conspirou para que assim tenha sido.
Este caso de agora é curioso. Trata-se de um caderno de autógrafos que vai
trocando de mãos. Sem que nenhum dos seus anteriores proprietários se tenha
dado conta de que o texto de Pessoa, ali escrito, era mesmo um inédito. Talvez
porque, em 2005, algo que seria um como que rascunho dele tenha sido publicado
em Poemas de Fernando Pessoa, 1915-1920, numa edição de João Dionísio para a
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, em Portugal. Pensava-se, era mesmo natural,
que seria o tal poema sem título que começa pelo verso Cada palavra dita é a
voz de um morto. Mas desse rascunho, publicado antes, Pessoa manterá só os dois
primeiros versos.
E
outros dois, em seguida. Os demais foram reescritos – em alguns casos,
alterando radicalmente o próprio sentido original do texto. Ou foram excluídos.
Com numerosos acréscimos. Tudo a resultar em algo novo. Para compreender como
isso aconteceu, é preciso O caderno de couro vermelho. Em 29 de janeiro de
1913, o jovem José Osório de Castro e Oliveira está No alto mar, a bordo do König
Wilhelm II – assim, com letra desenhada de quem acabara de fazer 13 anos,
escreve na primeira página daquele caderno.
Presente
de sua mãe, Ana de Castro Osório (pioneira na luta pela igualdade dos sexos, em
Portugal), por ocasião do aniversário de seu filho Jeca (apelido pela qual o
chama), ocorrido há dois dias. Como recordação de sua viagem de regresso à
formosa Terra da Pátria, escreve ela. O pai, Paulino e Oliveira, poeta e ativo
membro do Partido Republicano, depois de frustrada rebelião em que participou,
está residindo no Brasil (onde morreria pouco depois, de tuberculose, em 13 de
março de 1914). Apenas mãe e filho viajam, de volta a Portugal.
No
alto dessa primeira página está um selo do Deutsches Reich (com carimbo da
Linie Hamburg Südamerika, de 30 de janeiro de 1913). E pouco abaixo, escrito à
mão, Livro de Autógrafos. No canto inferior esquerdo há hoje, colado, um
ex-libris com desenho de castelo cristão medieval com quatro torres e a
inscrição, numa bandeira, Força na Paz.
Colada
posteriormente, tem-se a impressão. Dado refletir sentimento comum no país a
partir da Primeira Guerra, sobretudo. Marca pessoal do José Osório, talvez (a
conferir). Seja como for, era mesmo algo então natural, dado ser o ex-librismo
usado com frequência no século XIX/princípios do século XX.
Em
consulta ao Serviço do Correio Imperial Alemão, se vê que essa companhia
transatlântica usava dois grandes navios na rota América do Sul (Buenos Aires,
Montevidéu, Rio de Janeiro) – Europa (Lisboa, Hamburgo). O König Friedrich August
e o dito König Wilhelm II. A imprensa de Lisboa anunciou em 1º de fevereiro de
1913, um sábado, que este último estava no porto. Vinha do Rio. E seguiria,
depois, na direção da Alemanha. Ali, nas gares marítimas de Alcântara, desceram
José Osório e sua mãe.
Curioso
é que a bordo desse mesmo König Wilhelm II Fernando Pessoa, em férias sabáticas
do padrasto, veio pela primeira vez de Durban para Lisboa. Malhas que o Império
tece!, disse n’O menino de sua mãe. O jornal O Século de 14 de setembro de 1901
(pág. 4) faz constar: No navio alemão König, vieram de Durban o cônsul [João
Miguel dos Santos] Rosa e 3 filhos – que seriam Pessoa (com 13 anos), a irmã
Teca (com 5) e o irmão Luiz (com 2). Faltaram, nessa relação, a mãe de Pessoa,
dona Maria Magdalena Pinheiro Nogueira; a ama Paciência; e também, para serem
enterrados em Portugal, os ossos (ou talvez fossem as cinzas) de uma irmã morta
de Pessoa, Magdalena Henriqueta.
Anotações.
O jovem José Osório começa, então, a colecionar depoimentos de viajantes daquele
navio. Quase todos desconhecidos. Uma argentina, R. (mais sobrenome ilegível),
o chama de simpático portuguesito (29 de janeiro de 1913). Outra, Maria Lia
Lobo, de simpático compañero (31 de janeiro de 1913). Um argentino, J. Auber,
escreve conselhos si tu veux devenir um bonito rapaz (31 de janeiro de 1913).
Há mais, no caderno, instigante coincidência. Uma anotação, de 1º de fevereiro
de 1913, dirigida Ao meu sobrinho adoptivo José Osório. Assinada por Manuela
Nogueira. Uma homônima da sobrinha verdadeira de Pessoa, autora bem conhecida
em Portugal. Inquirida sobre esse fato, declarou dona Manuela Nogueira jamais
ter ouvido falar de alguém que tivesse o seu mesmo nome. Fica o mistério. Como
ensina uma das Regras da Vida de Pessoa, Felizes aqueles para quem o mistério
se resume em Padre, Filho e Espírito Santo. Deles é a felicidade.
O
menino cresce. Nascido em Setúbal (27 de janeiro de 1900), ainda cedo José
Osório se destaca como jornalista, crítico literário e ficcionista. Mais tarde
se tornaria escritor de renome, com prefácios usualmente assinados por seu
irmão João de Castro Osório. Primeiro ensaio foi Oliveira Martins e Eça de
Queiroz (1922). Depois, mais dez livros. Inclusive, editado no próprio ano de
sua morte (Lisboa, 3 de dezembro de 1964), História breve da literatura
brasileira. Em 1917, já com 17 anos, dá início a publicações literárias nas
páginas do jornal A capital. A partir dos anos 1930, torna-se um divulgador da
literatura cabo-verdiana e defensor da aproximação entre Portugal e Brasil. Casado
com a escritora Raquel Bastos, em 1930, sua filha Isabel (Maria Bastos Osório)
de Castro (e Oliveira) foi atriz de sucesso, com vários prêmios no teatro e na
televisão, tendo participado em cerca de 50 filmes.
Novas
anotações. A partir de 1915, José Osório decide aproximar-se das letras. E usa
seu caderno para colher mais depoimentos. Como, sem data, o de Carmem de Burgos
(e Segui, Almería, 1867 – Madrid, 1932), que discorre sobre o interesse pela
arte. Carmem – jornalista, escritora e ativista dos direitos da mulher
espanhola – era, certamente, próxima da mãe de José Osório, Ana Castro. (Artur
Ernesto de Santa) Cruz Magalhães (Lisboa, 1864-1928) deixa (também sem data)
enigmática frase – Ser bom é saber sofrer.
Talvez
uma reflexão sobre sua própria vida. Cruz Magalhães, com numerosos livros
publicados, é responsável (sem colaboração do governo) pelo magnífico Museu
Bordalo Pinheiro, instalado num anexo de sua residência – na Rua Oriental do
Campo 28 de Maio (atual Campo Grande), em Lisboa. E veio a morrer, pouco
depois, sem jamais ter tido o reconhecimento que imaginava merecer. Contando-se
ainda, nessa relação, três nomes importantes do “Primeiro Modernismo” – que
nasceu com a geração da revista Orpheu. A Luiz de Montalvor. Em 1917, Montalvor
escreve, no caderno, sobre tempos anteriores à Restauração Portuguesa. E finda
com essa afirmação: Filippe II foi o Rembrandt do claro-escuro da Morte... Luiz
da Silva Ramos, seu nome verdadeiro, foi assessor de Bernardino (Luís) Machado
(Guimarães), Ministro Plenipotenciário de Portugal (em 1912-1915) no Rio de
Janeiro, cidade em que nasceu. O mesmo Bernardino que, depois, foi Presidente
da República por duas vezes – em 1915/1917 e 1925/1926. Um carioca Presidente
de Portugal... Pessoa, que tinha opiniões críticas sobre nosso país (E tu
Brasil,“república irmã”, blague de Pedro Álvares Cabral, que nem te queria
descobrir – assim disse no Ultimatum), deve ter se divertido com isso.
Montalvor, que dirigiu (foi, também, responsável pela introdução) o primeiro
número da revista Orpheu, depois dirigiria a revista Centauro. E seria
responsável, juntamente com João Gaspar Simões, pela edição das Obras Completas
de Pessoa, pela Editora Ática, sete anos depois da morte do amigo – por ele
definido como O Ícaro de um sonho. Mais tarde (2 de março de 1947), em
gravíssima crise financeira e com problemas familiares, lança-se com seu carro
no Tejo. Junto com mulher e filho.
Augusto
Ferreira Gomes. Em maio de 1917, Gomes deixa no livro seu poema Hydromel, que
começa pelo verso Meu elmo já não brilha em tardes de parada. Augusto Ferreira
(de Oliveira Bogalho) Gomes foi administrador das minas do Porto de Mós,
jornalista, especialista em artes gráficas e também poeta que escreveu para as
revistas Orpheu 3 (que nunca seria editada), Contemporânea e Athena (dirigida
por Pessoa). Seu livro Quinto Império teve prefácio escrito por Pessoa.
Acabaram se aproximando a partir do interesse de ambos pelo misticismo. Ou pela
crença comum na Utopia do Quinto Império. E continuaram amigos, em Lisboa,
inclusive depois que Gomes passou a ter relações mais próximas com o primeiro
ministro António de Oliveira Salazar. Enquanto Pessoa, ao tomar as dores da
Maçonaria, escrevia poemas (censurados) como Liberdade (em 16.3.1935), dizendo
que Mais que isto/ É Jesus Cristo/ Que não sabia nada de finanças – sutil
crítica àquele que um dia foi professor de Ciências da Finanças, em Coimbra. Ou
esse (um dos três escritos em 29 de março de 1935, com título único de
Salazar), assinado pelo heterônimo Um Sonhador Nostálgico do Abatimento e da
Decadência – nome inspirado em discurso de Salazar, na entrega dos prêmios (em
21 de fevereiro de 1935) num concurso em que Mensagem ganhou o Prêmio Antero de
Quental para poesias curtas:
Este
senhor Salazar
É
feito de sal e azar.
Se
um dia chove,
A
água dissolve
O
sal,
E
sob o céu
Fica
só azar, é natural.
Oh,
com os diabos!
Parece
que já choveu.
Luiz
Pedro Moitinho de Almeida era filho do patrão de Pessoa na Casa Moitinho, onde
foi escrita a Tabacaria. Essa tabacaria, só para constar, era a Habaneza dos
Retrozeiros – situada na esquina da Rua da Conceição (então dos Retrozeiros)
63/65 com a Rua da Prata 65. Onde hoje está a Pelaria Pampas, especializada em
vender artigos de couro argentino. E não A Morgadinha (como consta na maioria
dos textos portugueses), situada esta na Rua Silva Carvalho 13/15. Bem próxima
do apartamento de Pessoa. O engano se deve aos versos Janelas do meu quarto/ Do
meu quarto de um dos milhões do mundo... Algo mesmo natural, posto que seria
das janelas desse quarto que saudava o amigo íntimo (Joaquim) Esteves, à porta
daquela tabacaria, em conversa com seu proprietário (Manuel Alves Rodrigues).
Mas se trata de algo impossível. Porque o quarto em que dormia Pessoa na Rua
Coelho da Rocha 16 (em Campo de Ourique), para evitar o frio responsável por
suas frequentes crises de gripe, nunca teve janelas. Como confirmaram sua
sobrinha Manuela Nogueira (que ocupava o quarto da frente, aquele com janelas)
e António Manassés (filho do barbeiro de Pessoa – que acompanhava o pai quase
todos os dias àquele quarto, para a barba).
E
nem poderia, mesmo. Porque dita A Morgadinha seria constituída só em 3 de junho
de 1958 (registro 32.082 na Conservatória do Registro Comercial). Enquanto o
poema foi escrito bem antes, em 1928 (publicado, em junho de 1933, no número 39
da revista Presença). Voltando a Luiz Pedro, é dele o depoimento de que O
Augusto Ferreira Gomes deixou-me a impressão de ser o melhor amigo de Pessoa –
ou, pelo menos, aquele com quem Pessoa mais frequentemente privava.
Augusto
participaria, também, no estranho episódio do suicídio do mago inglês Aleister
Crowley. Nascido Edward Alexander Crowley, em criança cuspia na água benta e
martirizava moscas para desafiar Deus. Consta que matou um indígena, no
Oriente, para sentir o prazer de gosto para ele até então desconhecido. Um
místico e charlatão que chegou a ser considerado, pelos jornais britânicos, o
pior homem da Inglaterra. Crowley veio a Portugal, em 2 de setembro de 1930,
para se encontrar com Pessoa – quando estava era em fuga dos credores pela
falência da sua editora, a Mandrake Press. E ter-se- ia, segundo o Diário de
Notícias de Lisboa (27 de setembro), suicidado no Mata-cães de Cascais. O mesmo
Augusto (ligado ao jornal), em divertida trama com a participação de Pessoa,
declarou ter encontrado, no local do (suposto) suicídio, uma cigarreira que
seria do Mago (na verdade emprestada, para a encenação, pelo cunhado de Pessoa,
Caetano Dias – que a comprara em Zanzibar). E um bilhete, em papel timbrado, do
primeiro dos hotéis em que ficou (o L’Europe). Escrito por códigos e assinado
Tu Li Yu. Quando Crowley, em 23 de setembro, atravessava placidamente a
fronteira de Vilar Formoso, na direção da Alemanha – onde já estava, à espera,
sua amante (de 19 anos) Hanni Larissa Jaeger.
O
poema de Fernando Pessoa. A última página do caderno foi escrita por Pessoa.
Ele e José Osório foram bons amigos, pela vida. Ficaram na Arca (de Pessoa)
cópias de duas cartas que lhe escreveu. Uma de 14 de maio de 1932, em que
Pessoa promete-lhe artigo sobre Goethe. E outra, sem data (mas seguramente de
1932), respondendo pergunta de José Osório: Quais foram os livros que o
banharam numa mais intensa atmosfera de energia moral, de generosidade, de
grandeza de alma, de idealismo? Pessoa diz terem sido, Em minha infância, e
primeira adolescência... Pickwick Papers, de Dickens... Em minha segunda
adolescência,... Shakespeare e Milton, assim como acessoriamente, aqueles
poetas românticos ingleses... talvez Shelley, aquele com cuja inspiração mais
convivi. E, no que posso chamar de terceira adolescência a... Dégénérescence,
de Nordau. Findando a carta com indicação, escrita por Pessoa, de que O
paradoxo é meu: sou eu. Sem mais notícias da relação entre os dois. Sabe-se,
apenas, que José Osório não foi ao enterro de Pessoa (em 2 de dezembro de 1935,
no Cemitério dos Prazeres).
Cada
palavra dita é a voz de um morto, assim começa o poema. Difícil imaginar em que
pensava, quando escreveu o verso. Talvez se lembrasse da já vasta legião de
perdas que o assustavam: Os fantasmas de meus mortos eus, como definiu em The
mad fiddler. O pai morre tuberculoso, em Lisboa, quando tem apenas cinco anos
(1893). O irmão Jorge (1894), também tuberculoso, sem ter um ano de vida. A avó
materna, Magdalena Pinheiro Nogueira (1896), na Ilha Terceira. O tio Manuel
Gualdino da Cunha (1898), em Pedrouços. Duas irmãs – Magdalena Henriqueta
(1901), em Durban; e Maria Clara (1906), em Lisboa. A querida avó paterna Dionísia
(1907), que sofria de “loucura rotativa”, no hospício de Rilhafoles. A mãe do
padrasto, dona Henriqueta Margarida Rodrigues (1909), numa casa de saúde em
Belas. A tia-avó Maria e a tia-avó Adelaide (1911), em Lisboa. O amigo Sampaio
Bruno (1915), em Lisboa – o mesmo que, para Pessoa, morreu logo que morreu. A
tia-avó Rita (1916), em Pedrouços. E, finalmente, o querido Sá-Carneiro
(Lisboa, 1890 – Paris, 1916), sua mais sólida e duradoura amizade. A Pessoa
deixou bilhete, quando se suicidou no Hotel de Nice (hoje des Artistes), na
zona do Butte Montmartre, em 26 de abril:
Um
grande, grande abraço do seu pobre Mário de Sá Carneiro. Pessoa lhe dedica
poema (Sá-Carneiro) em que diz Éramos só um.
O
tema de morte é recorrente, na obra de Pessoa. Alguns exemplos, só para
constar. A morte, a morte, a morte, entre mim e a vida! (Passagem das horas,
Álvaro de Campos). Agora que estou quase na morte vejo tudo já claro (Dois
excertos de ode, A.C.). Não sentem o que há de morte em toda a partida./ Do
mistério em toda chegada,/ De horrível em todo o novo (Nuvens, A.C.). Sou já o
morto futuro,/ Só um sonho me liga a mim –/ O sonho atrasado e obscuro/ De que
eu devera ser – muro/ Do meu deserto jardim (O Andaime, Fernando Pessoa).
Toma-me,
ó noite eterna, nos teus braços/ E chama-me teu filho (Abdicação, F.P.).
Primeira Veladora: Por que é que se morre?/ Segunda Veladora: Talvez por não se
sonhar o bastante (O marinheiro, F.P.). Muitos outros. Como, agora se vê, está
nesse poema inédito. Superior. À altura do melhor Pessoa. E que segue, aqui,
como prova de devoção.
Cada
palavra dita é a voz de um morto.
Aniquilou-se
quem se não velou,
Quem
na voz, não em si, viveu absorto.
Se
ser Homem é pouco, e grande só
Em
dar voz ao valor das nossas penas
E
ao que de sonho e nosso fica em nós
Do
universo que por nós roçou;
Se
é maior ser um Deus, que diz apenas
Com
a vida o que o Homem com a voz:
Maior
ainda é ser como o Destino
Que
tem o silêncio por seu hino
E
cuja face nunca se mostrou.
19.IX.1918.
*
José Paulo Cavalcanti Filho é autor de “Fernando Pessoa, uma quase
autobiografia” (Record).
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Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/livros/poema-inedito-de-fernando-pessoa-encontrado-em-caderneta-19488341
Fantástico artigo, pelo ineditismo histórico-literário, tratando-se do imenso Fernando Pessoa.
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