A. Pereira Caldas*
"A indiferença é um dos flagelos do nosso tempo.
E merece uma justa atenção."
É
uma atitude aparentemente vulgar, sem grande visibilidade, quase
discreta… Poderá mesmo confundir-se com egoísmo em vários casos e
circunstâncias. No entanto, quando dessa atitude transparece a
possibilidade de se sentir no poder da indiferença a influência nos
sombrios jogos de bastidores do dia-a-dia, onde muita coisa se ganha ou
se perde.
A
indiferença surge, assim, como um elemento a acrescentar aos muitos
outros, bons e maus, que “fabricam” a atualidade, sobretudo no domínio
geopolítico – esse lugar virtual, esse trono, onde se decide, à revelia
“dos poderes menores”, grande parte do futuro do mundo e da humanidade.
Parece
estranho, é verdade, que a diferença seja tão importante como aqui se
dá a entender. Mas é, não se duvide. Por exemplo, a democracia e os
países que a praticam não passariam de autênticas anedotas políticas,
evidentemente sem um mínimo de graça. E os indiferentes seriam capazes
de “travar” qualquer decisão importante para resolver um problema grave
para o planeta.
Claro que estes exemplos não passam disso mesmo: de exemplos mais ou menos radicais e, convenhamos, até de um certo mau gosto…
Mas,
em toda esta problemática, há ainda outro aspecto particularmente
interessante. E importante. É que há duas formas de se ser indiferente,
uma a que poderíamos chamar facultativa, isto é, a indiferença seria uma
atitude voluntária, usada como protesto ou sinónimo de desacordo; e
outra forma, essa em que a indiferença é quase uma imposição, como
sucede nas religiões ou nos casos que põem em causa os seus princípios
fundamentais.
No meio de tudo isto, uma coisa é certa: a indiferença é um dos flagelos do nosso tempo. E merece uma justa atenção.
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* Jornalista português. Texto em português de Portugal.
Fonte: http://www.vozdaverdade.org/site/index.php?cont_=ver2&id=5901- 30/10/2016
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