"... o passado não é atraente há muito; o futuro tampouco. Fica o presente, que se torna única referência, fica esse fragmento de tempo que esquarteja o fluxo do tempo.
A sociedade se torna hedonista, em busca desses fragmentos de alegria que são os prazeres.
As pessoas se tornam consumistas: não herdam bens, os adquirem; não deixam bens, os consomem, como o fogo.
Elas aderem ao descartável, àquilo que não vem do passado e que não irá para o futuro.
Vários acabam até por sentir certo deleite em ver que nada dura, que tudo é efêmero, que nada é sólido, que as obras humanas são quimeras, que a vida é pequena. Como o escreve Finkielkraut ( Nous autres Modernes, Paris,2005,p.170): "Os românticos tomam partido pelo que cai. Os pós-modernos, pelo que faz cair. Aqueles choram, estes debocham. (...) o homem contemporâneo não deseja se fixar. Não quer se fixar em lugares, em ideais, em pessoas, em projetos. Afirmam Sloterdijk e Finkielkraut (La battements du coeur - Paris, 2003, p.90): "Todos nós somos veículos, procuramos um estacionamento, não um país". (Do livro: Formação ética, Yves De La Laille, Artmed, Poa, 2009, pp.35/36).
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