A aprovação do Brexit corre o risco de ser o início do declínio da globalização
e da consequente prosperidade (Foto: Wikimedia)
A vitória da campanha do Brexit foi um reflexo da fragilidade do liberalismo internacional
Muitos defensores do Brexit basearam suas campanhas no otimismo. Com a
saída da União Europeia (UE), o Reino Unido estaria livre para promover
uma abertura política e econômica, sem as regulamentações impostas pela
UE. Mas o que garantiu sua vitória foi a raiva. A raiva estimulou a
opção “sair” nas regiões mais pobres e nas zonas industriais. A raiva
contra a imigração, a globalização, o liberalismo social e o feminismo
traduziu-se em um voto de rejeição à UE. Como se a vitória fosse uma
licença para disseminar o ódio, a raiva invadiu as ruas do país com uma
explosão de abuso racista.
Nas democracias ocidentais, dos Estados Unidos de Donald Trump à
França de Marine Le Pen, muitas pessoas estão com raiva. Se não
conseguirem encontrar uma voz no sistema social predominante, elas serão
ouvidas em propostas alternativas. Caso não acreditem que a ordem
global age em benefício delas, a aprovação do Brexit corre o risco de
ser o início do declínio da globalização e da consequente prosperidade.
Quando Trump falou em protecionismo esta semana, incentivando os
americanos a “retomarem o controle” do país, ele não só repetiu as
palavras dos defensores do Brexit, como também assumiu a posição de
muitos políticos que rejeitam a ideia do livre comércio como um estímulo
à prosperidade, em vez de um custo ou uma concessão. O liberalismo
depende da crença no progresso, porém muitos eleitores sentem-se
excluídos desse processo de incorporação de novas conquistas.
Enquanto o PIB per capita dos EUA aumentou 14% no período de 2001 a
2015, os salários médios dos trabalhadores tiveram um aumento de apenas
2%. Os defensores do liberalismo acreditam nos benefícios de uma
soberania compartilhada para o bem comum. Mas como o Brexit mostrou,
quando as pessoas sentem que não controlam suas vidas ou não usufruem
dos benefícios da globalização, o movimento é de rejeição. A visão cada
vez mais distante e difusa da integração europeia fez da UE um alvo
perfeito para os que rejeitam a ideia de uma unidade política e
econômica da Europa.
Agora que a oposição à política de cooperação entre as nações assumiu
um caráter de vingança, o liberalismo precisa mais uma vez lutar em
defesa dos seus princípios. Parte dessa tarefa se resume a encontrar um
discurso comum de oposição a radicais extremistas como Marine Le Pen e
Donald Trump. O fluxo de capital, o livre comércio, e a interação entre
pessoas e ideias diferentes são fatores essenciais para a prosperidade
dos países. O poder de um Estado opressor e discriminatório é uma ameaça
ao bem-estar da humanidade. As virtudes da tolerância e da conciliação
são fundamentais para que as pessoas consigam realizar seu pleno
potencial.
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Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/o-fragilizado-liberalismo-no-mundo/ 11 jul, 2016
Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/o-fragilizado-liberalismo-no-mundo/ 11 jul, 2016
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