"Se você quer que as pessoas levem o futuro mais
seriamente, por que não fazê-lo agora?"
Professor
de design, o australiano passou um mês na cidade como residente do Museu do
Amanhã, do qual é parceiro.
"Nasci
em Adelaide, na Austrália, e sou professor de design na maior escola de arte do
Canadá, The Ontario College of Art and Design University, em Toronto. Estou
envolvido com o futurismo há mais de 20 anos e, desde 2013, sou diretor do
Situation Lab, que cria situações imersivas de experiências de futuro."
Conte
algo que não sei.
Ser futurista pode
ser uma profissão. A sua ocupação é ajudar e encorajar as pessoas a pensarem
sobre o futuro mais profunda e criativamente. Há três forças em meu trabalho,
modos diferentes de exercê-lo: como educador e acadêmico, consultor para
grandes e pequenas empresas, ou artista e ativista, endereçando esse trabalho
para um público maior.
Explique
melhor.
Como
o futuro ainda não aconteceu, pode ser muitas coisas. Então, é tratado como
plural, "futuros", um espaço de múltiplas alternativas. Isso
significa que, em vez de previsões, estamos interessados na gama de coisas que
podem acontecer e, mais importante, o que podemos fazer hoje para navegar entre
elas. Como você faz o futuro que quer se tornar mais provável? Como evitar o
futuro que prefere que não aconteça? São as questões que o campo tenta
responder.
Como
esse profissional lida com um campo tão amplo?
Há
muitos tipos de futuristas, alguns focam em uma indústria particular, como meio
ambiente, energia, transporte. O futuro contém tudo que ainda não aconteceu,
então é transdisciplinar. O que praticamos são processos e maneiras de fazer
perguntas que podem ser aplicadas a qualquer situação. O bom futurista se torna
parceiro de pessoas especializadas em determinadas áreas para ajudá-las a
interrogar a sua especialidade sob novos ângulos. Ninguém pode saber tudo. Mas
podemos ficar bons em lidar com a incerteza.
Qual
é o papel do design nesse processo?
Designers
trabalham com materiais para criar qualquer coisa que você possa nomear. Quando
você une as possibilidades com o meio de fazê-las concretas, o que também
inclui performance, teatro ou mídia, pode criar situações no presente que
parecem acontecer no futuro. Meu interesse particular é em como usar essas
diversidade de mídias para fazer os futuros mais reais para as pessoas.Se você
quer que as pessoas levem o futuro mais seriamente, por que não fazê-lo agora?
Elas terão uma memória física do hipotético. O futuro é algo que está lá, e que
eventualmente talvez esteja aqui. Manifestar isso fisicamente torna o distante
imediato. Nós simulamos a possibilidade.
É
um senso comum revemos demais o passado ou estamos ansiosos pelo que ainda não
existe. Está incorreto?
Meu
colega futurista Jake Dunagan diz que todos pensamos sobre o futuro, só não o
fazemos muito bem.O fato de haver uma ansiedade onipresente não significa que o
pensamento está sendo canalizado corretamente. Há muita energia gasta
improdutivamente em romantizar o passado ou ansiar o futuro. O que tento fazer
com meus clientes e alunos é torná-los produtivos.
Como
melhorar a qualidade do pensamento sobre o futuro?
Se
você criar uma situação em que um grupo de pessoas experimenta algo que parece
que está acontecendo no futuro, e depois conversa sobre isso, a qualidade do
pensamento será muito melhor. Não estou dizendo que você não pode ter
pensamentos proveitosos catalisados pela escrita, por exemplo, mas estamos
falando de cognição coletiva.
Essas
experiências fazem as pessoas se sentirem mais capazes de mudar o mundo?
Essa
é uma das razões mais importantes de se engajar no futurismo. Mas não é só dar
esperança, porque pode ser um jeito de ignorar responsabilidades. Mesmo a
expectativa de que as coisas melhorem não é necessariamente útil.
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Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/stuart-candy-futurista-podemos-ficar-bons-em-lidar-com-incerteza-19727651
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