Reportagem por Marta Marques Silva
Marcos Borga
Já lhe chamaram o “economista do talento”. Juan Carlos Cubeiro fala dos temas que impactam hoje as políticas de recursos humanos das empresas
“Estes são os meus princípios. Se não gostam, tenho outros”. A frase é do comediante norte-americano Groucho Marx e serve de introdução ao impacto que a entrada das novas gerações no mercado de trabalho está a ter um pouco por todo o mundo na forma como as empresas gerem hoje as suas políticas de recursos humanos. “Pois bem, os jovens não têm outros. Para eles, as questões da conciliação entre o trabalho e a vida pessoal é algo absolutamente irrenunciável”.
Juan Carlos Cubeiro é HeadCoach da ManpowerGroup Talent Solutions e membro do Conselho Consultivo Fundação Human Age Institute. Em conversa com o Diretor da EXAME, Tiago Freire, o já apelidado “economista do talento” partilhou a sua visão dos temas que têm hoje impacto direto na gestão dos recursos humanos das empresas, na 22ª edição do Fórum Futuro do Trabalho, uma parceria da EXAME com o ManpowerGroup Portugal, onde foram ainda conhecidas as empresas distinguidas com o selo das Melhores Empresas Para Trabalhar 2022.
O conceito de felicidade organizacional não é novo, mas tem ganho protagonismo num momento de profunda redefinição da relação entre trabalhadores e empresas. Mais do que um capricho dos nos tempos, Juan Carlos Cubeiro destaca o impacto financeiro do novo foco centrado no colaborador: “As pessoas felizes são três vezes mais produtivas. Podes contratar uma pessoa feliz ou três tristes. Três tristes são mais caras”.
Sobre a flexibilidade do trabalho, destaca que “tem menos a ver com o ‘onde’ e mais com ‘quando’”, a possibilidade de um trabalhador adaptar os horários de trabalho às suas rotinas e necessidades familiares e sociais.
Indispensável ao sucesso de uma empresa é mesmo a capacidade de atrair e reter o talento, diz. Principalmente num momento de confluência de crises – económica, ambiental, sanitária, social e de polarização. “É uma crise muito complexa, onde o elemento-chave é o talento. Temos de tomar o talento muito a sério. Só as empresas bem lideradas e capazes de atrair, reter e desenvolver talento vão progredir”.
Uma definição que não tem género, nem idade. Alerta para a necessidade de somar “inclusão” à “diversidade”, destacando que “há empresas que podem ter 50% de mulheres mas não têm mulheres no comité de gestão. Diversidade é se vais a uma festa, inclusão é se danças na festa”. E adianta: “Ao mesmo nível da discriminação das mulheres, está a discriminação dos seniores. Há uma convicção de que as pessoas com mais idade não podem aprender. Sabemos que se pode aprender em qualquer idade. Por exemplo, Nadal e Djokovic têm outras valências que Alcaraz e Ruud”. Por isso, diz, upskilling e reskilling são fundamentais no caminho para o sucesso das empresas.
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