Evilázio Teixeira*
Imagem da Internet
Numa de suas muitas conferências, Brian Dyson, ex-presidente de uma das maiores companhias globais, afirmava: “Imaginem a vida como um jogo, no qual vocês fazem malabarismo com cinco bolas que lançam ao ar. Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito”. Ter uma verdadeira consciência de nossa existência implica responder a uma das maiores necessidades e talvez a mais difícil que é aquela de encontrarmos um significado em nossas vidas. Este significado necessariamente passa pelo trabalho, já que o maior tempo de nossas vidas transcorre em locais de trabalho.
O trabalho, para muitos de nós, está ficando pesado e frio. De modo especial, é uma experiência comum a sensação de uma fragmentação humana, que se manifesta de modo dramático na história industrial, por meio da rigidez das especializações e da robotização dos indivíduos. É uma espécie de burocratização do espírito, mais sutil que organizacional, que quebra a unidade do ser.
Como sair dessa situação? É possível transformar essa experiência em algo mais leve e significativo?! Grande parte dos seres humanos trabalha meramente pela sobrevivência. Aqui é que surge o drama de um trabalho alienante, no qual o trabalhador não pode ver o seu próprio desempenho, tampouco conhecer suas verdadeiras condições. O trabalho humano não pode ser entendido de modo coercitivo. Ele apresenta uma complexa rede de interações sociais e psicológicas que expressam os valores que cada indivíduo dá ao seu desempenho vital.
Pelo trabalho, o ser humano projeta a sua vida e seus valores, e cria consciência da realidade em que está. Quando o trabalho se torna algo difícil e vazio, as pessoas acabam se sentido impotentes, muitas vezes constrangidas.
Talvez, mais que em outras épocas, precisamos de um paradigma completo de quem nós somos, de uma visão fundamental a respeito de nós. Os empresários, gestores e aqueles que trabalham em qualquer organização devem ser desafiados a buscar esta espiritualidade que permita mais interioridade, eficácia, valores e resultados que superem a falta de sentido, na procura por uma maior qualidade de vida. É o que todos esperamos para o dia em que celebramos o trabalho e o trabalhador.
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*Vice-reitor da PUCRS
Fonte: ZH online, 30/04/2011
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