Adélia Prado
sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como.
Aos domingos bato o osso no prato pra chamar o cachorro
e atiro os restos.
Quando dói, grito ai, quando é bom, fico bruta.
As sensibilidades sem governo.
Mas tenho meus prantos, claridades atrás do estômago humilde
e fortíssima voz pra cânticos de festa.
Quando escrever o livro com o meu nome
e o nome que eu vou pôr nele, vou com ele a uma igreja,
a uma lápide, a um descampado,
para chorar, chorar, e chorar,
requintada e esquisita como uma dama.
http://www.correiobraziliense.com.br/impresso/ 23/01/2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário