"O adaptado não quer incomodar ninguém, porque teme que, ao não deixar todos contentes, seja excluído do grupo ou que sua vida dentro deste grupo se torne impossível. O adaptado não se arrisca a ser diferente: quer ser “normal” com a normalidade desta sociedade enferma de abstração, rotina, pressa, tédio e números. O adaptado dilui sua personalidade e responsabilidade inéditas no grupo, vendendo-se por “um prato de migalhas” de uma “segurança” baseada em condicionamentos impessoais.
É fácil “não incomodar ninguém”, “não arriscar-se a ser diferente” (ou seja, ‘outro’), ser normal com uma normalidade enferma, e sentir-se “seguro com a segurança dos condicionamentos impessoais”: basta calar-se diante do grande desejo de dizer – com dignidade e verdade – o que se pensa e o que se sente; basta utilizar linguagem estereotipada; basta “saber ficar bem”; basta, enfim, ser uma “pessoa razoável”...
O que é, psicologicamente falando, esse “ser razoável” das “pessoas grandes”? Um modo de conduta que fragmenta e distorce a percepção da realidade humana, uma forma socialmente aceita e estimulada de não se comprometer com o “outro” e de não aceitá-lo nem reconhecê-lo como tal."
SOSA, Edgardo Rodolfo. O Pequeno Príncipe e sua revolução psicológica. Ed. Paulinas, SP, 1991, p.25)
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