Astro e diretor falam sobre
ficção científica
e a chance de um dia
encontrarmos
aliens
de verdade
Se aliens como o E.T. [do filme de Steven Spielberg] chegassem à Terra, seria legal." A frase foi dita pelo diretor Scott Derrickson ("O Exorcismo de Emily Rose") na entrevista coletiva que concedeu ao lado do astro Keanu Reeves. Eles falaram sobre seus desafios no remake de "O Dia em que a Terra Parou" e temas como vida fora de nosso planeta e a crise ambiental. (FC)
Galileu - Como o remake de "O Dia em que a Terra Parou" está contextualizado em nosso presente?
Scott Derrickson - O filme original fala sobre a propensão que o homem tem a se autodestruir. Agora não há mais a Guerra Fria. As armas nucleares ainda preocupam, mas existe outra crise mais urgente a ser evitada, a ambiental. O filme nos dá uma boa visão sobre nossa natureza: assim como podemos acabar com nossa espécie, também temos uma tremenda habilidade de sobrevivência. Tentei fazer um filme otimista. Não quis dizer o que devemos fazer ou como pensar, mas apenas mostrar que estamos cometendo danos irreparáveis.
Keanu Reeves - O filme questiona a maneira como vivemos e mostra como ela causa estragos irreversíveis ao meio ambiente. É um filme positivo em relação à natureza humana, que mostra nosso pior lado, mas também que podemos dar o melhor de nós.
Galileu - Como você se preparou para interpretar um alien?
Reeves - Não tive que fazer nenhum trabalho pesado, nenhum tipo de laboratório [risos]. Mas como faço em todos os meus filmes, foquei em meu papel e analisei qual seria a minha responsabilidade ao contar essa história: quem sou eu, o que quero, o que estou fazendo lá. Tentei trazer objetividade ao personagem e à forma como ele observa as coisas ao seu redor. Ele é um alien dentro de um humano. Quando olha para esse corpo, ele está olhando para fora. Tive de usar a imaginação.
Galileu - Por que você não incluiu a frase "Klaatu barada nikto" em seu filme?
Derrickson - Não havia um contexto para repetir a frase clássica de modo a fazê-la ter sentido para o público que não conhece o filme original. Fizemos várias tentativas. Algumas ficaram interessantes, outras, muito bobas, mas ficou claro que não poderíamos repetir a fórmula do passado ou alterá-la de uma maneira respeitosa.
Galileu - Vocês acreditam que possa haver vida fora da Terra? E o que aconteceria se eles chegassem até aqui?
Reeves - Certamente deve haver alguma forma de vida lá fora. E se eles viessem nos visitar, acho que teríamos que controlar nosso medo e ansiedade, já que também haveria muita gente feliz com isso. Tendo a pensar que os receberíamos de braços abertos.
Derrickson - Eu acho que é extremamente possível que sim. Se um dia eles irão nos contactar, eu não sei, mas acho que nossa reação dependeria do tipo dos aliens. Se fossem como o E.T., seria legal.
Galileu - Você é fã de livros e filmes de ficção científica? Quais são os seus favoritos?
Reeves - Sim, bastante. Meus livros favoritos são os de Phillip K. Dick, Julio Verne e William Gibson. Gosto de "1984", de George Orwell, e "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley. Quanto aos filmes, meus preferidos são "2001 - Uma Odisséia no Espaço", "Guerra nas Estrelas", "O Quinto Elemento", "Blade Runner" e… deixa eu pensar… "Matrix" [risos].
Galileu - Você prefere fazer filmes desse gênero?
Reeves - Gosto de trabalhar em filmes de fição científica, mas isso é só mais uma das coisas que eu posso fazer, não a única.
Galileu - Você classifica o seu "O Dia em que a Terra Parou" como um filme de ficção científica ou de ação?
Derrickson - Não acho que seja um filme de ação. É de ficção científica com um pouco de thriller, ação e romance.
Galileu - Você sempre busca passar mensagens com seus filmes?
Derrickson - Sim, pois espera-se que esse tipo de "grande filme de Hollywood" seja visto por pessoas do mundo todo. Também acho que sou responsável pela maneira como as pessoas do resto do planeta vêem minha cultura e meu país.
(Reportagem da Revista GALILEU nº210 - janeiro 2009)
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