Cibermundo
Cid Andrade
Cid Andrade
É claro que um dia isso ia acabar acontecendo: criaram a Igreja do Google. Sim, isso mesmo que você leu: Google é Deus. Ao menos para o criador e os já milhares de adeptos desta nova ordem religiosa.
Se fosse pra eu ter apostado, teria dito que se algum dia tal gaiatice acontecesse, aconteceria na Inglaterra: afinal de contas eles já têm tradição em matéria de seitas religiosas geek, como a Igreja da Ordem Jedi – inspirada pela obra Guerra nas estrelas. Mas na Inglaterra a coisa é séria: na época do senso os ingleses têm que dizer qual é sua religião, e a seita Jedi tem adeptos suficientes para figurar dentre as religiões oficialmente reconhecidas. Já a Igreja do Google vem do Canadá e na verdade é uma grande brincadeira, feita por um jovem de 20 e poucos anos. Todavia, a piada, além de nos fazer dar boas risadas, nos põe para pensar, pois boa parte dos argumentos que "provam" que Google é Deus na verdade são bastante contundentes, e vários até mesmo pertinentes. Não poderia ser diferente: a sede da Igreja do Google é virtual, um site na grande rede, bastante simples aliás, a exemplo de Deus, quer dizer, a exemplo do design do site do todo poderoso Google. Nele encontramos o pacote completo: orações, 10 mandamentos e dogmas. Algumas orações são de autoria do próprio fundador, mas a maioria vem de contribuições enviadas pelos fiéis. Algumas são livremente inspiradas em orações e/ou cânticos de outras religiões – mas tem até oração em linguagem binária.
As provas de que Google é Deus são matadoras. Para começo de conversa, explicam que o Google é a mais omnisciente "entidade" que existe. Omnisciente é aquele que tudo sabe, e a sabedoria do Google pode ser comprovada: ele conhece o conteúdo de mais de 9,5 bilhões de páginas web, mais do que qualquer outra base de dados do mundo.
Além de saber sobre tudo e todos, o Google é onipresente, está em todos os lugares – ainda mais nestes tempos de internet em celulares e redes sem fio. O Google é potencialmente imortal. E infinito. Faz parte dos valores desta megacorporação "ganhar dinheiro sem praticar o mal", o famoso "don't be evil", com o qual o Google sempre se posicionou enquanto a antítese da Microsoft. Aliás, por falar nela, nem preciso dizer quem é que a Igreja do Google considera como o capeta, né? Pra terminar, de acordo com o Google Trends, o termo "google" é mais procurado no mecanismo de busca do que "Deus", "Jesus", "Alá" e "Buda" juntos. E há no mundo mais evidências da existência do Google do que de qualquer outro Deus em que se possa acreditar. Segundo o fundador, "hoje não há nada que conecte mais as pessoas ao conhecimento de que elas precisam do que o Google. E conhecimento é poder". Faz sentido?
Nenhum comentário:
Postar um comentário