Paulo Yokota*
Prêmio Nobel chinês dissidente Liu Xiaobo
Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa
Provocativo Artigo do Nikkei Sobre a China
Um artigo do jornalista Tadanori Yoshida foi publicado no jornal econômico japonês Nikkei apresentando alguns paralelos entre a China atual e o Japão da época que ultrapassou a Alemanha, em torno de 1968, tornando-se a segunda economia no mundo. A questão fundamental continua sendo a liberdade política, que apesar de admitida e crescente na China atual, ainda não consegue absorver um Prêmio Nobel concedido a um seu dissidente. Ao mesmo tempo em que se mantém um regime de partido político único.
O autor apresenta como desafio para a atual China a criação de uma sociedade justa que pode ser vista sob diversos ângulos. Alguns entendem que a disparidade de renda, sem uma adequada defesa de um padrão mínimo para seus cidadãos mais desfavorecidos, é um problema acentuado nas sociedades entendidas como capitalistas, ainda que as acelerações dos crescimentos provoquem fenômenos semelhantes nos países emergentes. Parece ser da natureza humana a aspiração por mais liberdade, na medida em que o mínimo econômico está atendido.
O autor admite que a economia chinesa deva continuar a manter um crescimento acelerado por muito tempo, mas ainda existe uma diferença econômica importante entre a população urbana e a rural, sem que os benefícios sociais estejam disseminados. O controle centralizado do Partido Comunista vem sendo eficiente para manter a China fora da crise econômica que continua abalando o resto do mundo.
Ele entende que a China deve enfrentar, no futuro, algumas cruciais opções, pois para manter a sua estabilidade deve ampliar os seus benefícios sociais, que são desafios importantes.
"A China deve enfrentar problemas
diferentes do Japão, que é um arquipélago
onde as diferenças sociais
foram resolvidas em nível razoavelmente aceitáveis.
A China é um continente com diferenças regionais,
étnicas e culturais que
precisam ser enfrentadas
de forma diversa."
O que se pode discutir é que os processos de desenvolvimento econômico sempre apresentam obstáculos a serem transpostos, não sendo iguais em todos os países, e nem ocorrem de forma semelhante ao longo do tempo. Na revolução industrial no Ocidente, certamente, os problemas enfrentados pelos operários devem ter sido cruciais.
A China deve enfrentar problemas diferentes do Japão, que é um arquipélago onde as diferenças sociais foram resolvidas em nível razoavelmente aceitáveis. A China é um continente com diferenças regionais, étnicas e culturais que precisam ser enfrentadas de forma diversa.
Não parece que existem grandes países, desenvolvidos ou emergentes, que possam ser facilmente comparados, principalmente ao longo da história. Há que se admitir que as cargas culturais que estes países carregam também os tornam mais ou menos sensíveis a temas diferentes. O problema vai se complicar quando se compara a China com a Índia ou com o Brasil.
________________________________* Paulo Yokota é formado em Economia e Administração pela USP, foi professor da FEA-USP.
Fonte: Site do autor: http://www.asiacomentada.com.br/2011/01/28
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