domingo, 18 de dezembro de 2011

Os resistentes ao Facebook


Até as pessoas mais jovens têm se
recusado a participar da rede social,
mesmo aquelas que já lhe
deram uma chance

Tyson Balcomb resolveu sair do Facebook depois de um encontro casual em um elevador. Ele se viu ao lado de uma mulher que nunca havia conhecido, porém, através do Facebook, sabia que ela tinha um irmão mais velho, que era de uma pequena ilha e que tinha visitado recentemente o Space Needle de Seattle.
“Eu sabia todas essas coisas sobre ela, mas eu nunca tinha falado com ela”, disse Balcomb, um estudante de medicina em Oregon, que tinha alguns amigos da vida real em comum com a mulher. “Naquele momento eu pensei, talvez isso não seja saudável”.
O Facebook se mostra cada vez mais empenhado em mostrar sua força através do número de usuários: mais de 800 milhões em todo o mundo. De acordo com o Facebook, desses usuários, cerca de 200 milhões são dos Estados Unidos, o que representa dois terços da população.
No entanto, a empresa está enfrentando um obstáculo no país. Algumas pessoas, até as mais jovens, têm se recusado a participar da rede social, mesmo aquelas que já lhe deram uma chance. Um dos principais atrativos do Facebook é a oportunidade de construir laços mais estreitos entre amigos e colegas. Porém, alguns acusam o site de ter o efeito oposto, ao invés de fazê-los se sentirem menos, se sentem mais alienados.
A estudante de pós-graduação de Virgínia, Ashleigh Elses, 24, afirmou que não estava mais ligando para os amigos por usar o site: “Eu via suas fotos e atualizações e pensava que isso era estar conectadas com eles”, disse.
Muitos dos resistentes ao Facebook mencionam também preocupações sobre privacidade. Especialistas em redes sociais dizem que esta questão se resume a confiança. A pesquisadora Amanda Lenhart, disse que as pessoas que usam o Facebook possuem confiança no site e nas pessoas, já as que não usam, temem o que pode acontecer caso usem a rede. Segundo Amanda, cerca de 16% dos norte-americanos não possuem celulares: “Sempre haverá gente teimosa”, disse.
Os executivos do Facebook afirmam que não esperam que todo o país se inscreva no site. Em vez disso, eles estão trabalhando em maneiras de manter os usuários mais tempo na rede, o que lhes dá mais chances de vender anúncios. O maior crescimento da empresa está agora em lugares como Ásia e América Latina, onde as pessoas ainda não tinham ouvido falar em Facebook. “Nosso objetivo é oferecer as pessoas uma maneira significativa, divertida e livre para se conectarem aos seus amigos, e esperamos que seja atraente para um amplo público”, disse o porta-voz do Facebook, Jonathan Thaw.
Segundo a comScore, empresa que acompanha o tráfego da Internet, mesmo com a resistência, o Facebook registrou crescimento de 10% nos acessos de norte-americanos em 2011 , porcentagem 56% menor que a registrada em 2010. O analista do Garther, Ray Valdes, disse que essa desaceleração não é um grande problema para a empresa e o que importa é a capacidade do Facebook de manter seus milhões de usuários atuais entretidos e voltando ao site.
Erika Gable, 29, estudante de relações públicas disse que nunca entendeu o sucesso do Facebook. Segundo ela, as conversas que acontecem através do site – atualizações sobre os dias de cabelo ruim ou imagens do jantar – são bagunças virtuais que ela não precisa em sua vida: “Se eu quero ver o bebê do meu primo, vou visitá-los”, afirmou. A estudante não é uma alienada, ela tem um iPhone e às vezes usa o Twitter, mas quando se trata de criar um perfil na maior rede social do mundo, sua tolerância atinge o limite: “Eu lembro de ter tido MySpace por um tempo e sempre me sentia estranha de ver coisas de outras pessoas o tempo todo”, disse.
Will Brennan, 26, disse que tem ouvido histórias de horror sobre as armadilhas de privacidade do Facebook e que seus amigos não são simpáticos com a sua postura “anti-social-media”: “Recebo convites para me inscrever, pelo menos, duas vezes por mês”, declarou. Brennan afirmou ainda que, em conversas com os amigos, este é sempre um tema quente, tanto quanto a decisão de não possuir uma televisão pode ter sido em uma era anterior.
A pressão dos colegas dos resistentes ao Facebook deve aumentar. De acordo com a analista do Altimeter Group, Susan Etlinger, a sociedade tem adotado novos comportamentos e expectativas em resposta a possibilidade de onipresença oferecida pelas redes sociais: “As pessoas podem começar a fazer perguntas se você não estiver nos canais sociais, por que não? Você está escondendo alguma coisa? As normas estão mudando”, concluiu.
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Fontes: The New York Times - The Facebook Resisters

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