“A
marginalização do pensamento de Marx
é
também responsável pelo enfraquecimento
das
forças democráticas.” ( Beppe Vacca)
(...)
“Além
do projeto neoconservador das últimas décadas, a outra força global que parece
ter assimilado muito profundamente o pensamento marxista e gramsciano parece
ser a Igreja Católica do papa Francisco. “A liderança da Igreja tem continuado
a incorporar inteligências e saberes, encontrando formas e lugares onde
remexê-los, para o desenvolvimento de uma extraordinária doutrina social, sem nenhuma
pretensão de invadir campos alheios, mas fazendo corretamente seu trabalho de
instituição autenticamente global”, afirma o pensador italiano durante a
conversa com Carta Capital.
A
presença, o pensamento e a ação de Francisco, em particular, demonstram que a
forma mentis da elite da Igreja pode sair do limite eurocêntrico. Além
disso, o papa argentino imprimiu uma
extraordinária aceleração à reforma do catolicismo, começada no Concílio
Vaticano II, abandonada e depois retomada por Ratzinger, mas agora muito mais
atenta, do ponto de vista filosófico e teológico, à tendência de declínio da
hegemonizada modernidade ocidental e preocupada também com a inaceitável
fratura entre ciência e fé. “Essa consciência permite à elite intelectual da
Igreja Católica metabolizar a cultura moderna e apropriar-se dela, assim como
utiliza o marxismo de maneira impressionante.”
Graças
a esse método, a Igreja, “trabalha para redefinir potencialidades da primazia
católica no mundo. É fundamental colaborar com esse processo”. A razão dessa
identificação é clara: a incipiente revolução feminina, a extraordinária
continuidade das encíclicas e a pastoral de Francisco constituem uma clara
expressão de hegemonia no mundo contemporâneo, a única alternativa ao poder
dominante. “Não há no mundo pensamento tão forte como esse, a não ser o da
expressão da violência, econômica ou militar”, conclui nosso interlocutor – o
filósofo e historiador Beppe Vacca, destacado presidente do Instituto Gramsci,
em Roma.”
( Excerto do artigo: De Karl Marx
a papa Francisco. Por Claudio Bernabucci, de Roma. Revista Carta Capital
impressa, 25/05/2016, pág.52 e 53)
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