Teólogo e escritor checo alerta para potencial de «divisão» das redes sociais
Lisboa, 07 mai 2016 (Ecclesia) - O teólogo e escritor checo Tomás Halík
disse à Agência ECCLESIA que os media estão a ocupar espaços
tradicionalmente reservados às religiões como referências de “verdade” e
de pensamento.
“Os media têm um papel que tradicionalmente era das religiões: os media
interpretam o mundo, dão os grandes símbolos, as grandes narrativas, as
grandes histórias, são árbitros da verdade e da importância”, referiu o
autor, em entrevista, ao abordar a celebração do Dia Mundial das
Comunicações Sociais 2016 (8 de maio).
A Igreja Católica celebra no domingo uma iniciativa que chega à sua
50.ª edição, este ano como tema ‘Comunicação e Misericórdia: um encontro
fecundo’.
Para o padre Tomás Halík, a evolução dos meios de comunicação social
levou as pessoas a querer ver com os seus próprios olhos para determinar
o que é “verdade”, seguindo os alinhamentos dos noticiários como
critério na análise à realidade.
“Os media influenciam a forma de pensar e de viver de muitas pessoas, o
que era o papel tradicional das religiões. De certa forma, os media são
a religião do mundo contemporâneo”, analisa o autor, conhecido pela
reflexão sobre o diálogo entre crentes e não crentes.
O teólogo checo fala numa realidade que também está em transformação,
com a perda de influência da TV e o surgimento das redes sociais, onde
muitas pessoas estão em grupos, “seitas”, fechadas nas suas
“ideologias”.
“Os media agora já não criam apenas uma sociedade comum, também estão a
dividir, são expressão de divisão na sociedade”, adverte.
O vencedor do ‘Prémio Templeton’ 2014, atribuído pela Fundação John
Templeton (EUA), considera que há “muitos problemas” com a influência
das redes sociais nas pessoas, desde o racismo aos preconceitos
culturais e religiosos.
“O autoproclamado Estado Islâmico tem uma propaganda muito profissional nas redes sociais”, exemplifica.
Tomás Halík propõe a criação de uma profissão “muito promissora” para o futuro: “dietista do uso dos media”.
“É preciso ensinar as pessoas a distinguir quais são os media realmente
sérios e quais são perigosos para a nossa forma de pensar e a nossa
cultura”, conclui.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais, instituído pelo Concílio
Vaticano II, é celebrado pela Igreja Católica desde 1967 no domingo
anterior à festa do Pentecostes.
Em Portugal, o ofertório das celebrações dominicais reverte a favor do
trabalho da Igreja nas Comunicações Sociais, em cada dioceses e nas
atividades de âmbito nacional.
---------------
Fonte: Agência Ecclesia
Nenhum comentário:
Postar um comentário