"Quando você usa a palavra
'consumir', dá a ilusão de que pode esgotar isso.
Não é a realidade", afirma
Frankston
- Monica Imbuzeiro / Agência O Globo
Um dos pioneiros da internet, americano esteve no Rio para
uma conferência internacional sobre conectividade sustentável,
promovida pela FGV
uma conferência internacional sobre conectividade sustentável,
promovida pela FGV
"Nasci no
Brooklyn, Nova York. Estudei e fiz mestrado no Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT). Ao lado de Dan Bricklin, criei o VisiCalc, o primeiro
programa de planilhas eletrônicas. Na Microsoft, trabalhei particularmente com
redes domésticas. Estou online desde 1966."
Conte algo que
não sei.
O verdadeiro desafio
é dizer às pessoas o que elas acham que sabem. Quando você usa termos como
"banda larga", não precisa saber o que isso significa para achar que
sabe o que é. O problema é que, quando as pessoas acham que sabem, não
questionam. É preciso ter cuidado com essas palavras, e elas são empregadas
quando se decide sobre políticas de uso. Você não acessa a internet: você
acessa um site, a internet é o meio para isso.
As pessoas
confiam em aparelhos que não dominam?
As pessoas não
percebem que poderiam entender muito mais sobre a internet. O desafio é tentar
fazer as coisas serem mais simples, para que qualquer um possa fazer e escolher
o que quer fazer. Isso significa empoderar as pessoas.
E qual é o
primeiro passo?
Numa analogia com a
direção na telecomunicação tradicional, você dependia de uma companhia
telefônica, que seria a estrada, para fazer a mensagem chegar ao destino. A
grande revolução foi descobrirmos uma outra abordagem, e a resposta é: se você
cometeu um erro, pode tentar de novo, contornar isso com programação. Se
aceitar esse risco, assumir essa responsabilidade, ganha poder e oportunidades,
não vai para onde a estrada quer que você vá. As pessoas podem fazer muito
mais.
Quais seriam
essas outras possibilidades?
A internet poderia
ser um médico monitorando a sua saúde, um monitorador do ambiente. Desligar as
suas luzes de qualquer lugar, rastrear um animal, fazer ligações de graça. Ela
permite um jeito totalmente diferente de construir coisas, de conectá-las. A
questão é econômica. Mas se você tem a infraestrutura, pode fazer todas essas
coisas porque a usa como uma tecnologia fundamental. A web é uma ótima ideia,
mas é só uma das coisas que podemos fazer. Tudo o que está no meio, indústrias
telefônicas ou esse modelo de negócio, poderia desaparecer. É bem menos caro do
que achamos. Não é fácil, é um desafio.
Não precisamos
de franquias de dados, por exemplo?
Isso é uma história
que contam para assustar crianças antes de dormir. Você tem um fio. Como você
consome um fio? Se você compra o mecanismo, você pode usar o quanto quiser,
você é dono dele. Alguém tem o poder de impedir que você se comunique, por
alguma razão. Quando você usa a palavra "consumir", dá a ilusão de
que pode esgotar isso. Não é a realidade. Aceitando essa linguagem, você aceita
a escassez.
Como foi o seu
primeiro contato com um computador?
Meu pai trabalhava com
conserto de televisões, cresci no meio desse mundo. Comecei a programar com 13
anos. Aos 16, eu estava no ensino médio, mas tinha um emprego criando um dos
primeiros serviços de informação financeira online. Em 1966, levei um computer
trunk para casa, para estar online e tratá-lo como computador pessoal.
Olhava para a internet como projeto de escola.
Como é olhar
para a tecnologia hoje, ver onde chegou?
Ela muda muito
devagar. Muitas coisas melhoraram e ficaram mais baratas, mas ao mesmo tempo, o
software e as pessoas não mudaram tanto. O mundo ainda está uma bagunça. Não há
mágica. Existem vírus, “bugs”, questões de privacidade ainda são difíceis. O
hardware (parte física do computador) melhorou muito, é muito mais poderoso. Mas
ainda estamos descobrindo o que fazer com isso.
autorização.
-----------
Reportagem por Clarissa Stycer
16/05/2016
Fonte:http://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/robert-frankston-engenheiro-tecnologia-muda-muito-devagar-19303293
Nenhum comentário:
Postar um comentário