A reportagem é de Viviane Paz no Correo Braziliense (01/02/2009) e traz vários depoimentos sobre o tema: sozinhos e poderosos. São homens e mulheres que na América Latina ocupam o Poder máximo nos estados. O assunto é instigante. Um texto curioso. Estou colando na blog apenas uma entrevista sobre o tema ( se interessar a reportagem completa é só enviar e-mail para: zguiotto@hotmal.com ):
"Para os eleitores da região, ter um casamento bem-sucedido não é mais um pré-requisito para os chefes de Estado. Hugo Chávez faz o estilo galanteador, enquanto Bachelet e Lugo são discretos.
“Deixem-me ir antes que eu me apaixone pelo Brasil ou por uma brasileira”, comentou o presidente cubano, Raúl Castro, ao se despedir dos jornalistas em sua vista a Brasília, em dezembro. Raúl, que ficou viúvo em 2007, foi o último a integrar o clube dos mandatários “disponíveis” na América Latina, ao lado de colegas como Evo Morales (Bolívia), Michelle Bachelet (Chile), Hugo Chávez (Venezuela) e Fernando Lugo (Paraguai).
Entrevista // marcelo coutinho
"Cidadão quer mesmo é resultado prático".
Para o coordenador do Observatório Político Sul-Americano (OPSA) do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Marcelo Coutinho, os eleitorem do subcontinente já não se preocupam tanto com a sexualidade ou o estado civil dos candidatos.
Houve mudanças na forma como o eleitor avalia o estado civil dos candidatos ?
O eleitor não está mais tão preso a laços tradicionais, do tipo que requer do seu candidato uma família e filhos. O eleitor está cada vez menos preocupado com isso e cada vez mais preocupado com resultados práticos no cotidiano.
E no Brasil? Ainda não elegemos diretamente presidentes solteiros ou divorciados…
Nós já tivemos prefeitos como, por exemplo, o de São Paulo (Gilberto Kassab). A coordenação de campanha da candidata oponente, Marta Suplicy, chegou a sugerir que o eleitor conhecesse mais o candidato do DEM, pelo fato de ser solteiro. Havia ali uma sugestão de que o prefeito fosse homossexual. Sinceramente, acho que o eleitor não se preocupou com isso: escolheu o candidato que considerou ter a melhor gestão no momento. Isso me leva a crer que, também nas eleições para presidente, não seria um peso. É claro que sempre existe uma parcela da população mais conservadora.
Os eleitores americanos, nessa questão da família, são mais conservadores?
Existe uma diferença clássica, sociológica, entre países como o Brasil e os Estados Unidos. Nos EUA, a sociedade é mais conservadora e as instituições são mais liberais. No Brasil é justamente o oposto. O povo brasileiro é mais liberal, mas por outro lado, as suas instituições tendem a ser mais conservadoras. Esses valores são cada vez mais anacrônicos, parte do passado. Veja o Chile, que é provavelmente a sociedade mais conservadora na América Latina. No entanto, elegeu uma mulher solteira por considerá-la forte e capaz de dirigir o país.
Há outros elementos que exemplificam a mudança no perfil dos candidatos?
A questão da idade. Existe uma geração nova que ascende ao poder. O mais novo deles é o Correa, em seguida o Morales. São pessoas pós-regimes militares, que não construíram sua carreira política ao longo do regime militar, contra o regime ou no processo de transição para democracia. Apareceram no cenário político depois de tudo isso. (VV)
http://www.correiobraziliense.com.br/impresso/ 01/02/2009
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