sábado, 17 de setembro de 2011

O negócio dos livros digitais

The Economist
Os próximos anos da indústria dos livros serão um mistério. (Reprodução/Kambayashi)

A digitalização pode ter chegado tarde
para a indústria de livros, mas está
transformando o setor

Nos primeiros cinco meses deste ano, as vendas de e-books para consumidores nos Estados Unidos ultrapassaram as de livros de capa dura. De acordo com a Association of American Publishers, há apenas um ano as vendas dos livros de capa dura equivaliam a mais do que três vezes às de e-books. A Amazon agora vende mais cópias de e-books do que livros impressos. A migração para o digital irá se acelerar à medida que as livrarias fechem. A Borders, uma das antigas gigantes do mercado, está fechando todas as suas lojas nos EUA.
Tendo começado tardiamente, os livros estão rapidamente seguindo os passos da música e do jornal impresso rumo ao mundo digital. Editores acreditam que sua jornada será diferente e que eles não entrarão em lento declínio como estas outras indústrias. A experiência de editores irá, de fato, ser diferente, mas não necessariamente melhor.
Em alguns aspectos a transição do papel para a distribuição digital é uma benção. E-books atualmente têm altas margens de lucro, e estão livres de muitos dos inconvenientes da impressão. Peter Osnos, fundador da PublicAffairs Books, diz que o maior desafio enfrentado por pequenas editoras está em gerenciar seus estoques. Imprima livros demais e muitos deles serão devolvidos pelas lojas. Imprima muito poucos e editores perderão oportunidades de vendê-los enquanto reimpressões são requisitadas (a preços mais altos). Nenhum desses problemas existe quando a distribuição de livros é feita digitalmente.

Rasgando o espartilho

"A pirataria é uma ameaça particular graças
 a um segundo e maior problema: a natureza
arbitrária dos preços
de e-books."
Romances melosos e best-sellers revelaram-se especialmente populares nos e-readers, talvez porque seja difícil dizer do final de um corredor de ônibus se alguém está lendo um livro de época ou Dostoievski em seu Kindle. Ainda assim estas vantagens são superadas por vários perigos iminentes. A primeira é a pirataria. Leitores de livros podem formar um nicho extraordinariamente honesto, mas não a ponto de se recusaram a ganhar coisas de graça.
A pirataria é uma ameaça particular graças a um segundo e maior problema: a natureza arbitrária dos preços de e-books. Quando a Amazon começou a vender e-books, cobrava US$ 9,99 por muitos dos títulos. Aos poucos, tornou-se claro que a Amazon estava subestimando o preço que os consumidores atribuíam aos livros, tanto digitais como impressos. No ano passado, então, as grandes editoras usaram o lançamento do iPhone da Apple para pressionar a Amazon a etiquetar os livros individualmente. Isso significou preços mais altos para os novos e-books. Este método não é nada próximo aos primeiros anos do iTunes, quando o preço das faixas musicais foi fixado em 99 centavos.
Em suma, as editoras têm de enfrentar muitos dos problemas que vêm atingindo outros setores da mídia que fizeram a mudança para o mercado digital, assim como outros inteiramente novos. Os próximos anos serão um mistério.
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Fontes: Economist - Great digital expectations

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