Ainda está em aberto se a revolução digital gerará um grande volume de novos empregos para compensar pela enorme destruição de vagas causada por ela (Reprodução/Ian Whadcock)
Revolução digital
É possível que a revolução digital se revele menos inclusiva que as duas primeiras revoluções industriais, argumenta Ryan Avent
A maioria das pessoas se incomoda com mudanças radicais, e em
geral por boas razões. Tanto a primeira Revolução Industrial, que
começou ao fim do século XVIII, como a segunda, cerca de 100 anos
depois, tiveram suas vítimas, que perderam empregos para o tear elétrico
de Cartwright e anos depois para a iluminação elétrica de Edison, para a
carruagem sem cavalos da Benz e inúmeras outras invenções que mudaram o
mundo. Mas essas invenções também melhoraram enormemente a vida de
muitas pessoas, eliminando estruturas econômicas caducas e transformando
a sociedade. Elas criaram novas oportunidades econômicas em uma escala
gigantesca, com muitos novos empregos substituindo os antigos.
Uma terceira grande onda de invenção e disrupção econômica, disparada
pelos avanços na computação e nas tecnologias de informação e
comunicação ao fim do século XX, prometeu gerar uma mistura similar de
estresse social e transformação econômica. Ela é movida por algumas
tecnologias – que incluem inteligência artificial, a onipresente
internet e robótica avançada – capazes de fornecer muitas inovações
extraordinárias: veículos e avião-robôs não tripulados, máquinas que
podem traduzir instantaneamente de centenas de línguas; tecnologias
móveis que eliminam a distância entre o médico e o paciente, o professor
e o estudante. Ainda está em aberto se a revolução digital gerará um
grande volume de novos empregos para compensar pela enorme destruição de
vagas causada por ela.
O efeito de uma mudança tecnológica sobre o comércio exterior também
está mudando a base de métodos consagrados de desenvolvimento em países
mais pobres. Mais linhas de produção podem ser automatizadas, e o
trabalho de projetar produtos é responsável por uma parcela cada vez
maior do valor do comércio exterior, o que leva a um fenômeno que os
economistas chamam de “desindustrialização prematura” em países em
desenvolvimento. Os governos não podem mais contar que um setor
industrial em crescimento absorva mão de obra não especializada das
zonas rurais. Tanto nos países ricos como nos emergentes a tecnologia
está criando oportunidades para aqueles que anteriormente eram limitados
por limitações financeiras ou geográficas, no entanto novas vagas de
trabalho para aqueles com níveis baixos de especialização são escassas
quando comparadas à abundância criada por revoluções tecnológicas
anteriores.
Tudo isso está pondo à prova governos, assolados por novas demandas
de intervenção, regulação e apoio. Caso eles consigam responder
adequadamente, conseguirão canalizar a mudança tecnológica de maneiras
que beneficiem a sociedade como um todo. Caso não respondam
adequadamente podem ser atacados tanto pelos subempregados irados como
por contribuintes ricos ressentidos. Nesse sentido a política do futuro
será mais amarga e conflituosa.
-------------------
http://opiniaoenoticia.com.br/economia/a-terceira-grande-onda/
Nenhum comentário:
Postar um comentário