Numa carta onde consta o nome do físico britânico Stephen Hawking, mil investigadores alertam para o perigo do desenvolvimento dos chamados “Sistemas de Armas Autónomas” - que dispensam a intervenção humana para dar a ordem de matar. Lembra-se do Terminator, em que as máquinas tomaram conta do mundo? Os especialistas dizem que armas assim são uma questão de “anos, não de décadas”
Contra
os chamados “robôs assassinos”, mil cientistas assinam uma petição
alertando para os perigos das armas que dispensam a intervenção humana
na hora de matar. O físico britânico Stephen Hawking e o cofundador da
Apple, Steve Wozniak, estão entre os especialistas que colocam o nome na
carta aberta contra o fabrico deste tipo de armamento. O documento é
apresentado esta terça-feira em Buenos Aires, durante a Conferência
Internacional Conjunta sobre Inteligência Artificial.
Em causa
está um tipo de tecnologia diferente da utilizada nos drones ou nos
mísseis controlados por controlo remoto. Os cientistas falam em armas
capazes de “procurar e eliminar pessoas que tenham certas
características predefinidas”. Não existem, por enquanto, mas a
tecnologia que as permite está já disponível.
Defensores da
inteligência artificial como uma área “com grande potencial para
beneficiar a humanidade de muitas formas”, aos cientistas preocupa a
forma relativamente fácil com que se pode ter acesso ao fabrico deste
armamento: com materiais não só mais simples que as tradicionais armas
militares, como também mais baratos.
O seu desenvolvimento será
uma questão “de anos, não de décadas”, escrevem os especialistas, tal
como “será uma questão de tempo” (pouco), até aparecerem “no mercado
negro e acabarem nas mãos de terroristas, ditadores ou senhores da
guerra com vontade de levar a cabo uma limpeza étnica”.
A
preocupação com os “robôs assassinos” levou também a ONU a debater o
temaem abril, numa conferência que juntou vários investigadores para
debater os Sistemas de Armas Autónomas Letais (LAWS, em inglês). Quer as
Nações Unidas quer a atual petição dos cientistas visam alertar a
comunidade internacional com vista à proibição do desenvolvimento deste
tipo de armamento, cujos problemas éticos são evidentes. De quem é
responsável quando um crime resulta de uma destas armas?
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Reportagem por Mafalda Ganhão
Fonte: Expresso online, 28/07/2015- Jornal de Portugal.
JUSTIN TALLIS / AFP / Getty Images
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