sábado, 15 de janeiro de 2011

Mães chinesas na educação dos filhos

Paulo Yokota*

Exigência na Educação dos Filhos

Tags: diferenças com as ocidentais, mães de origem chinesa, rigor na educação dos filhos

Um provocativo ensaio foi publicado no Wall Street Journal por Amy Chua, uma professora da Yale Law School e autora de diversos livros de prestígio, que faz parte do “Battle Hymn of the Tiger Mother”, que será publicada pela Penguin Press. O jornal levanta a questão se crianças criadas sem encontros de brincadeiras, sem TV, sem jogos de computador, com horas de prática de música podem ser felizes? E o que acontece quando elas brigam com os pais contra este regime.
Amy Chua é mãe de Sophia, que já tocou um concerto de piano no prestigioso Carnegie Hall em 2007, e da Louisa, que toca violino, e chegou aos Estados Unidos com seus pais logo que nasceu. Segundo ela, muitos gostariam de saber como os pais chineses conseguem estereotipados filhos considerados gênios matemáticos e prodígios musicais.

Amy Chua: exigência de notas máximas

Ela exige que suas filhas obtenham as notas máximas e sejam as primeiras da sala em todas as matérias, exceto ginástica e drama, que ela chama de “mãe chinesa”, mas encontra o mesmo comportamento entre outros imigrantes nos Estados Unidos. Também encontra outras descendentes de chineses nascidas no Ocidente que classifica como “pais do oeste”, mais tolerantes e menos exigentes. Existem alguns estudos sobre estes grupos.
Uma pesquisa constatou que entre 50 mães americanas ocidentais e 48 imigrantes chinesas, 70% do primeiro grupo entendiam que enfatizar o sucesso acadêmico não era bom para as crianças. A maioria das mães chinesas entendia que seus filhos poderiam ser os melhores alunos. Os pais chineses gastavam 10 vezes mais de tempo cuidando das atividades acadêmicas dos seus filhos, enquanto os ocidentais participavam mais dos esportes.
As mães chinesas entendem que há um esforço necessário, no início, até que haja prazer com estas atividades, mesmo que haja uma resistência da parte dos filhos. Os exercícios repetidos são necessários em qualquer atividade para se atingir a excelência. Elas costumam ser mais rígidas que as ocidentais, inclusive nas notas obtidas nas provas. Elas acreditam que as crianças são capazes de obterem melhores resultados.
Ainda que não seja muito claro, ela admite que possa existir uma influência confuciana nestas atitudes, que lhe concede uma posição de tutora, ao mesmo tempo em que o seu sacrifício visa o benefício das crianças. Existe um sentimento de dívida permanente dos filhos para com os pais, o que não existe nas ocidentais.
A autora admite que tanto as chinesas como as ocidentais desejam o melhor para seus filhos, mas a forma pela qual isto é feito acaba sendo diferente. As ocidentais respeitam a individualidade dos filhos, mas as chinesas entendem que estão mais esclarecidas sobre as necessidades deles, visando uma formação mais sólida visando o seu futuro.
Não é uma matéria simples. No entanto, do ponto de vista dos resultados do sistema educacional, parece que as chinesas estão conseguindo resultados superiores, o que não significa necessariamente mais felicidade.
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* Paulo Yokota, economista brasileiro (dupla nacionalidade japonesa), ex-professor da USP, ex-diretor do Banco Central do Brasil, ex-presidente do INCRA
Fonte: Site:  http://www.asiacomentada.com.br - Acesso 15/01/2011
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