HU On-Line – Como a senhora definiria a juventude contemporânea?
Maria Lucrécia Zavaschi – A juventude contemporânea tem tarefas excessivas: precisa crescer, se adaptar a uma nova vida, dar conta da sua independência financeira e da independência da família. No entanto, o adolescente encontra um mundo altamente competitivo, que não está adequadamente preparado para oferecer posições na sociedade. Além disso, há uma sociedade de alto consumo, que tende ao narcisismo, ao hedonismo, que dá muita importância à aparência, às relações mais descartáveis. Então, as relações genuínas são extremamente necessárias e, às vezes, o adolescente não encontra essas relações mais profundas, as quais ele busca. Parece que falta a ele uma causa, um ideal. Minha geração, dos anos 1960, teve oportunidade de participar de causas políticas, sociais, o que também favorecia o adolescente, pois ele imediatamente encontrava motivos para lutar. Hoje, ele se depara com essa sociedade de consumo desmedido, que superficializa as relações humanas. Então, considero que nosso adolescente não tem encontrado na sociedade de adultos um ambiente acolhedor, necessário. Isto é, ele tem necessidade ser ouvido, mas em muitos momentos isso não acontece.
(A definição é da médica psicanalista MARIA LUCRÉCIA ZAVASCHI, médica graduada pela Universidade Federal do Rio Grande o Sul (UFRGS), com especialização em Child Psychiatry Research Fellow pelo Mount Sinai Hospital. Excerto da entrevista feita pelo site IHU/unisinos, 23/o5/2009.)
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