Zygmunt Bauman*
Os homens dos séculos passados obviamente consumiam, como todas as pessoas de todos os tempos sempre fizeram e continuam fazendo. Como todos os seres vivos, deviam consumir para se manterem vivas, mesmo se, sendo criaturas humanas e não animais, deviam consumir mais do que deviam para a mera sobrevivência: ser vivos à maneira dos homens incluía o imperativo de conjugar as necessidades da existência "meramente biológica" com os mais complexos padrões sociais de decência, decoro, vida digna.
O fim do consumo era a sobrevivência (biológica e social) e, uma vez atingido esse fim, não havia mais sentido em consumir mais. Descer abaixo dos padrões do consumo era, do ponto de vista ético, uma desonra para todo o resto da sociedade, mas superá-los também era uma culpa ética, mesmo que, desta vez, pessoal.
* Zygmunt Bauman , sociológo polonês,comenta, em nota no jornal La Repubblica, 28-04-2009, o sentido do consumismo ao longo da história. Segundo ele, tanto abusar quanto não alcançar o padrão social de consumo é um problema ético. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Editado no IHU/Unisinos 01/05/2009
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