Martha Caus
As possibilidades profissionais existentes são muitas.
Por isso, em momentos de crise e de incertezas no mercado de trabalho,
ter satisfação com a atividade parece ser a melhor alternativa
ao decidir o que fazer para, em todos os sentidos,
ganhar a vida
Entre as célebres frases proferidas pelo professor e sociólogo italiano Domenico De Masi está: o homem que trabalha perde um tempo precioso. A primeira impressão que se tem do autor da sentença é a de ele ser um bon vivant, ou pelo menos, um desocupado. Entretanto, De Masi declara trabalhar cerca de 20 horas por dia e possuir mais de quatro tipos de atividade. É professor, diretor de uma empresa, consultor, escritor de livros e artigos, entre outras funções.
De Masi prega que quem souber libertar-se da ideia tradicional do trabalho como obrigação e for capaz de apostar numa mistura de atividades, o ofício se confundirá com o prazer, com o tempo livre, com o estudo, com as atividades físicas e com os momentos de descanso, conseguirá empreender com qualidade e destacar-se no mercado profissional. Essa é a uma reflexão que cai bem no dia de hoje. Afinal, este ano, o Dia do Trabalho tem como pano de fundo um cenário de muitas incertezas e indicadores negativos.
Segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), desde que começou a crise financeira mundial, o Brasil registra um saldo negativo de aproximadamente 692 mil postos formais de trabalho.
Já de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego registrou em março sua terceira alta consecutiva. O indicador subiu de 8,5%, em fevereiro, para 9,% em março, sendo a maior taxa desde setembro de 2007.
Para o diretor da Up Treinamentos, Carlos Cruz, que também atua como coach executivo, uma espécie de consultor para direcionamento de carreiras, muitas pessoas estão preocupadas com seus empregos, tendo como perspectiva uma fonte de renda. Entretanto, para ter sucesso no mercado de trabalho, o foco deve ser outro:
– Quando se busca uma carreira, se abrem mais possibilidades. Em vez de uma fonte de renda, a pessoa terá uma fonte de realização, um meio para alcançar satisfação, além de recursos para viajar, comprar um carro e tirar o sustento da família – avalia Cruz.
Se a explicação parece muito conceitual, o propósito é esse mesmo. Uma mudança de conceitos. Isso porque a satisfação no trabalho pode ocorrer com diferentes perfis de profissionais encontrados no mercado, como mostram os exemplos dessa matéria.
Vocação – O consultor de Recursos Humanos, Glênio da Rosa e Silva, de Caxias do Sul, faz um contraponto importante, especialmente em virtude da realidade cultural da cidade e do momento econômico atual. Ele tem observado que, nos processos seletivos aplicados, os critérios vão além das competências técnicas, envolvendo também qualidades comportamentais. O objetivo é identificar se os candidatos não apenas são capazes, mas se também têm vocação para o cargo.
– No ano passado, como o mercado tinha mais ofertas do que profissionais disponíveis, as pessoas estavam migrando para as áreas que lhes davam mais prazer e que ofereciam perspectivas melhores de carreira.
Silva, assinala, porém, que o momento é bem diferente. Com as empresas demitindo, quem está em busca de emprego se sujeita ao que aparece.
– E o que o mercado está oferecendo nem sempre é o mais adequado para o perfil daquele profissional.
Ainda assim, Cruz deixa um último conselho para quem está em busca da realização profissional. Ele defende que, de modo geral, o trabalhador deve ter uma postura pró-ativa, agregar valor ao seu trabalho ou à sua empresa. E isso pode ser resumido em empreendedorismo. E esse conceito pode ser aplicado como profissional de uma empresa, por quem investiu no próprio negócio ou por quem disputa uma vaga no mercado.
– Empreendedor é aquele que tem visão, que enxerga além, estabelece metas e aproveita oportunidades. As pessoas têm que planejar a médio e longo prazo e buscar a satisfação. O desempenho financeiro é resultado de executar um trabalho com prazer – insiste o diretor.
http://www.clicrbs.com.br/pioneiro/rs/impressa/11,2494666,154,12226,impressa.html- O Pioneiro, CAxias do Sul, RS, 01/05/2009
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