quinta-feira, 15 de abril de 2010

Como evitar o estigma

Não é fácil escapar dele,
mas um trio de especialistas afirma
que é possível

Rotular pessoas, colocá-las mentalmente em compartimentos que permitam que sejam classificadas, é uma ação tão natural entre humanos que em geral passa despercebida. Mas, no ambiente de trabalho, os rótulos são perigosos. Podem impedir que chefes percebam a evolução de subordinados, podem reforçar problemas de comportamento, podem criar desentendimentos desnecessários. Ser incapaz de ver profissionais para além de rótulos – mesmo os positivos – é um problema para os chefes, mas obviamente o maior perigo é se tornar alvo de um.

Evitar ser rotulado não é uma tarefa fácil, dizem os professores Jean-François Manzoni, Paul Strebel e Jean-Louis Barsoux, da escola de gestão IMD, da Suíça, autores de um estudo recente a respeito do tema. Segundo o trio, a criação de imagens caricaturais é comum e acontece em todos os escalões, embora haja uma propensão ainda maior de elas se formarem na alta direção, palco das disputas mais exacerbadas. Seja qual for sua posição na empresa, o ideal é escapar dos rótulos. Um passo importante é entender como o processo acontece. O rótulo nasce na maior parte das vezes de um “ruído”, quando existe uma diferença entre o rotulador e o rotulado. Isso pode ter diversas causas. Conflito de personalidades ou diferenças culturais estão entre os principais motivos. Imagine um funcionário acostumado ao ambiente informal da sua antiga companhia ao chegar a uma empresa rígida e hierárquica. Uma roupa diferente ou uma atitude um pouco deslocada podem ser o suficiente para gerar ruídos.

A segunda etapa é a da confirmação. O rotulador busca reforço do rótulo dado por ele com os colegas. A opinião pode colar ou não, mas é forte a chance de que um membro do time influencie outros. Uma possível terceira fase é aquela em que a pessoa confirma a marca. Um rótulo negativo em geral vem acompanhado de atitudes: o e-mail em massa com a última piada é direcionado a todos, menos à pessoa rotulada, ela é ignorada na hora do almoço ou se torna alvo de conversas de corredor. Rejeitada, ela tende a dar o troco e rejeitar. A atitude acaba por reforçar a percepção externa.

Para evitar o rótulo, dizem os professores, lembre-se de que a primeira impressão é a que prevalece. Timidez, agressividade ou extroversão excessivas, por exemplo, podem ser os ruídos. São traços, como numa caricatura, mas podem acabar por definir sua imagem. Se você tem uma característica marcante, é bom atenuá-la.

É importante também não tomar nunca um comentário de escritório como desaforo pessoal. Convém lembrar: você trabalha lá, e vai ter de construir uma relação saudável com os colegas. Mesmo com aqueles que não deram muitas chances para conhecê-lo melhor. Por fim, os três dão um último conselho: existem boas chances de o rótulo ter um fundo de verdade. Para neutralizá-lo, nada melhor do que um bom e sincero exercício de autoanálise.
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Por Edição Edson Porto com Álvaro Oppermann

Fonte: Revista ÉPOCA NEGÓCIOS online, abril/2010

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