quinta-feira, 22 de abril de 2010

Para refletir e proteger


Instituído há 40 anos nos Estados Unidos e celebrado mundialmente desde 1990, o Dia da Terra, comemorado hoje, tem o objetivo de lembrar os governantes e a população sobre a importância de preservar o planeta

É um dia criado para pensar sobre o que o ser humano tem feito para proteger seu único abrigo, a Terra. A data foi instituída há 40 anos nos Estados Unidos, quando o senador democrata Gaylord Nelson mobilizou, pela primeira vez no país, a população na luta contra os poluentes. Desde então, os norte-americanos comemoram, todo 22 de abril, o Dia da Terra, que passou a ser celebrado mundialmente em 1990. Apesar de um pouco esquecida dos calendários oficiais, a data tem como objetivo conscientizar os 6 bilhões de habitantes do globo sobre a importância de cuidarem do planeta.

“Ela ficou meio esquecida, confundida com o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), mas é uma data para chamar a atenção de quem precisa. Tudo o que está acontecendo não é à toa, é a interferência do homem no meio ambiente. Há 40 anos, já se alertava sobre isso”, diz Jacimara Guerra Machado, assessora técnica do Núcleo de Gestão Ambiental da Câmara dos Deputados, o EcoCâmara. “Não é possível que em todo o planeta estejam acontecendo tantas coisas como erupções de vulcões, excesso de chuvas, terremotos... Isso é resultado da má gestão ambiental”, afirma.

Além da conscientização dos gestores públicos, Thaís Helena Prado, gerente de projetos de sustentabilidade da Associação Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental, de São Paulo, acredita que o Dia da Terra serve de alerta para cada cidadão. “Uma data como essa ajuda as pessoas a se sentirem mais participativas. Se os processos políticos, como a COP-15 (Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), são vergonhosos, um fracasso, temos de fazer a nossa parte. A gente consegue viver sem carro? Não. Mas tem como evitar meios mais poluentes? Sim. Então temos de partir para a busca de soluções”, avalia.

Otimismo

Thaís lembra que as ações individuais podem parecer pequenas, mas, juntas, proporcionam importantes mudanças. Ela cita como exemplo a adoção das bolsas ecológicas em substituição às sacolas de plástico, que começou aos poucos e já virou hábito entre muitas pessoas. “Sou muito otimista, não acho que o mundo vai acabar, que vai acontecer uma catástrofe. No século passado, não havia ainda a consciência do impacto ecológico do capitalismo, e isso está acontecendo agora”, diz.

Segundo a ambientalista, o mundo pode esperar uma nova geração de jovens mais engajados e esclarecidos. “A mãe de uma aluna minha de Bertioga (SP) disse que estava com vergonha, porque ela tinha jogado um papel no chão e tomado uma bronca da criança”, conta. O que está acontecendo, segundo ela, é a conscientização de que o planeta funciona em uma cadeia — o papel jogado no chão pode ser levado pelas chuvas, entrar no mar e prejudicar o habitat oceânico.

Apesar de otimista, Thaís lembra que ainda há muito o que lamentar nesta data. “Todo esse descaso tem como consequência a mudança do clima, que se reflete de várias maneiras no planeta”, diz (veja arte).

Na terça-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Kin-moon, mandou uma mensagem à América Latina sobre as mudanças climáticas. “A alteração do clima é um tema ético que tem sérias repercussões no bem-estar de nossa geração e das gerações futuras. Esse problema requer uma solução global, que leve em consideração as opiniões e as necessidades de todos que compartilham da Mãe Terra”, afirmou, em comunicado à imprensa, Kin-monn, que participa da Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra, na Bolívia.

Ações

Diferentemente da Hora do Planeta, evento que mobilizou organizações internacionais na divulgação do evento, o Dia da Terra terá comemorações mais tímidas. Por meio da assessoria de imprensa, o Greenpeace e a WWF informaram que não haverá manifestações públicas. Já na televisão, o canal infantil a cabo Nickelodeon vai interromper a programação por um minuto, às 20h, em homenagem à data. A partir das 18h30, as crianças assistirão a episódios especiais de personagens como Bob Esponja tendo o meio ambiente como tema.

Em São Paulo, o Shopping Center 3, na Avenida Paulista, vai sediar uma manifestação denominada SOS Terra 2010, com a abertura de uma exposição homônima do artista plástico Thiago Cóstackz. Para fazer as obras, Cóstackz utilizou materiais ecológicos e tintas à base d’água. “A principal mensagem dessa iniciativa é conscientizar a população para as espécies em extinção e as catástrofes climáticas, além de alertar para a situação do planeta por meio da arte, mostrando a flexibilidade de matérias-primas inteligentes utilizadas na exposição, porque tudo foi ecologicamente pensado”, explica o artista.

Não é possível que em todo o planeta estejam acontecendo tantas coisas
como erupções de vulcões, excesso de chuvas, terremotos...
Isso é resultado da má gestão ambiental”
Jacimara Guerra Machado, assessora técnica do EcoCâmara

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Reportagem de:Paloma Oliveto
Fonte: Correio Braziliense online, 22/04/2010

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