Alberto Caeiro*
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
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* Heterônimo de Fernando Pessoa. Em O Guardador de Rebanhos e outros poemas, Alberto Caeiro, editora Landy, 2006.
Por Conceição Freitas
Fonte: Correio Braziliense online, 07/04/2010
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