Entrevista com Mons. Giuseppe Antonio Scotti
A Fundação Vaticana Joseph Ratzinger - Bento XVI acaba de
completar um ano de existência. Sobre o importante labor
dessa instituição, fala aos nossos leitores seu presidente,
Mons. Giuseppe Antonio Scotti.
completar um ano de existência. Sobre o importante labor
dessa instituição, fala aos nossos leitores seu presidente,
Mons. Giuseppe Antonio Scotti.
Pe. Gonzalo Raymundo Esteban, EP
Qual é o objetivo da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger - Bento XVI?
Seu objetivo, de caráter geral, o investimento sobre o futuro que a Fundação deseja fazer, é o de pôr no centro da própria atuação a teologia. Isso porque - como bem disse Bento XVI a Peter Seewald no livro- entrevista Luz do mundo -, "creio que hoje [...] nossa grande tarefa é, em primeiro lugar, trazer de novo à luz a prioridade de Deus", pois só assim se pode chegar novamente a ter a experiência de que "ser homem é algo de grande".
Após séculos de domínio do pensamento humanista, não está voltando o interesse pela teologia? O senhor teria indícios nesse sentido?
Mais do que um século de pensamento humanista, no sentido mais nobre do termo, poder-se-ia dizer que vivemos uma época de pensamento débil, na qual o homem se colocou no centro da reflexão, considerando- se o único ponto de referência. Precisamente por isso, talvez tenha sido Deus excluído do horizonte da vida, por ser visto como um concorrente do homem. É verdade que agora, de maneira cada vez mais explícita, toma-se consciência de que tal modo de raciocinar é vazio, falso, não leva a nada. Na entrevista mencionada acima, Bento XVI cita o pensamento de um não crente, Jürgen Habermas, com o qual sustenta que "é importante haver teólogos capazes de traduzir o tesouro de sua fé de modo tal que ele, no mundo secularizado, consiga tornar-se palavra para este mundo".
Fotos: Gonzalo Raymundo |
"Parece-me que os livros de Bento XVI são ‘best-sellers' precisamente porque tocam os corações e as mentes das pessoas que os procuram e os oferecem de presente" |
O Espírito Santo dá à Igreja o Papa mais adequado para cada época. Por que, em 2005, foi escolhido para o trono de São Pedro um dos mais destacados pensadores a nível mundial, portanto, não só eclesial?
É uma boa pergunta. Neste caso, o único realmente autorizado a responder é o Espírito Santo... De minha parte, entretanto, faço lembrar que Deus age na História humana envolvendo nela os homens. Precisamente por isso, se Ele deu a um homem inteligência e ciência, e esse homem, com humildade e simplicidade, desenvolve sua inteligência e seu conhecimento em colaboração com Deus, então, sim, Deus pode fazer grandes coisas por meio dele. Disto, concretamente, deram-se conta todos os estudiosos mais atentos, começando pelos do mundo francês.
Qual a contribuição específica de um "Papa teólogo" para o enriquecimento da Igreja?
Tem razão, é um Papa teólogo. Mas primeiro temos de reconhecer que ele é um estudioso, um mestre e um testemunho daquilo que estudou. Aqui está a riqueza de sua presença para a Igreja. Para citar a primeira carta de João, podemos dizer que juntos com ele vamos ao encontro daquele que ele viu com os próprios olhos, que suas mãos tocaram, aquele Verbo da vida que ele encontrou (cf. I Jo 1,1). Essa é a verdadeira riqueza para toda a Igreja, porque diz à Igreja - leigos e sacerdotes - que não temos outra coisa a ofertar a não ser Jesus Cristo. Lembre-se de Pedro, nos Atos dos Apóstolos, dizendo ao coxo sentado junto à porta Formosa do Templo: "Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho te dou. Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda" (At 3,6). Eis o que Bento XVI nos está oferecendo, inclusive através desta Fundação.
"Nossa grande tarefa, como bem disse Bento XVI, é, em primeiro lugar, trazer de novo à luz a prioridade de Deus" |
A que atribui o fato de todas as obras de Bento XVI terem-se convertido em "best-sellers"?
Os best-sellers não nascem por acaso. Pode até haver um bom esforço publicitário, mas se o livro não responde às perguntas do homem de hoje, permanece nas prateleiras. Parece- me que os livros de Bento XVI são best-sellers precisamente porque tocam os corações e as mentes das pessoas que os procuram e os oferecem de presente. Estas se tornam promotoras dos livros de Bento XVI, porque dão a seus amigos aquilo que proporcionou alegria a seus corações e luz a suas mentes.
Poderia, por fim, falar um pouco sobre a "Opera Omnia" do Cardeal Ratzinger? Em que estágio se encontra sua publicação?
É um empreendimento monumental que está sendo conduzido pelo Bispo Müller. Como primeiro responsável pela Opera Omnia do Cardeal Ratzinger, encontra-se ele empenhado em publicar todo ano, em língua alemã, dois volumes dos 16 previstos. Quanto à edição italiana, a qual serve de base para as traduções, saiu o primeiro, sobre a Liturgia, e este ano deve ser lançado o segundo. Avança-se um pouco mais lentamente porque foi decidido fazer uma nova tradução dos textos que já estavam traduzidos. De um lado, isso aumenta o tempo de trabalho, mas, de outro, possibilitará ter uma linguagem unitária. ²
(Para mais informação sobre a Fundação Vaticana Joseph Ratzinger ver: www.fondazioneratzinger.va)
Mons. Giuseppe Antonio Scotti, Prelado de Honra de Sua Santidade, nasceu em 1952 e recebeu a ordenação presbiteral em 1977. Prestou serviços na Secretaria de Estado, Seção para os Assuntos Religiosos. Além de presidente da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger - Bento XVI, é secretário adjunto do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e presidente do Conselho de Administração da Libreria Editrice Vaticana.
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Fonte: http://www.arautos.org/artigo/24662/Recolocar-Deus-no-centro-das-reflexoes.html
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